'Sucatões'
da Presidência serão trocados O governo começa a preparar a compra de
dois aviões para a Presidência da República. Há cerca de um mês, o
comando da Aeronáutica pediu informações a esse respeito às empresas
Airbus, Boeing e Israel Aerospace Industries. Os novos aviões irão
substituir os Boeing 707, usados nas missões de transporte
intercontinental da Presidência. A FAB possui quatro Boeing 707, mas o
estudo prevê a compra de dois, apurou o Valor. A ideia da substituição
ganhou força no alto escalão do governo nos últimos dois meses, diante
da necessidade da presidente ter uma aeronave com capacidade de fazer
voos internacionais sem escalas. As viagens de Dilma Rousseff no A319
costumam ser acompanhadas do jato Embraer 190, cujo alcance máximo é de
cerca de 8.300 km. O A319 custou US$ 56,7 milhões. Uma aeronave
A330-200, que faz voos de maior distância sem escala, custa por volta
de US$ 208,6 milhões.
O Comando da
Aeronáutica enviou, há cerca de um mês, um pedido formal de informações
às empresas Airbus, Boeing e Israel Aerospace Industries (IAI) com
vista à compra de novos aviões para a presidência da República.
As informações enviadas
pelas empresas, segundo a Aeronáutica, vão subsidiar o processo de
aquisição das aeronaves que irão substituir os atuais Boeing 707, nas
missões de transporte intercontinental da presidência, transporte
logístico e reabastecimento em voo. A Força Aérea Brasileira (FAB)
possui quatro modelos Boeing 707, mas o processo em estudo prevê a
compra de dois, segundo o Valor apurou.
A ideia de substituição
dos Boeing 707, conhecidos como sucatões, ganhou força no alto escalão
do governo nos últimos dois meses, devido a presidente da República
requerer uma aeronave apta a fazer voos internacionais sem escalas,
oferecendo maior conforto e segurança em suas viagens de trabalho.
Uma fonte que acompanha o processo explicou que por questão de
doutrina e segurança, a viagem de um chefe de Estado é sempre feita com
dois aviões. Se acontece algum problema, existe um avião reserva. Além
das inúmeras paradas técnicas para reabastecimento, as viagens da
presidente Dilma no A319 costumam ser acompanhadas do jato Embraer 190,
mas o alcance máximo da aeronave é de 8.300 km.
Um avião de alcance maior, da
ordem de 15 mil km, na classe do A330 MRTT (Multi Role Tanker
Transport), que também pode oferecer uma configuração VIP, ou do Boeing
767 estaria sendo estudado para atender o transporte intercontinental
da presidência. Para viagens internas, o governo já usa dois Embraer
190.
O avião A319 atualmente em
operação para a presidência, apelidado de Aerolula, custou US$ 56,7
milhões. Já a aeronave A330-200, que estaria cogitada, não sairia por
menos de US$ 208,6 milhões (preço de tabela).
A israelense IAI não é
fabricante de aeronaves de grande porte, mas faz uma espécie de
customização de aviões usados, sobretudo o Boeing 767, conforme
especificações do cliente. É uma opção que a FAB também analisa, pois
sairia mais em conta - entre US$ 60 milhões e US$ 80 milhões. Essa
alternativa foi adotada recentemente pelo governo da Colômbia. O Valor
procurou o representante da IAI no Brasil, mas teve retorno.
O Valor apurou que a Boeing
fez uma oferta alternativa ao governo brasileiro, de dois aviões 767
usados, até que a nova versão "tanker" da fabricante, que está em fase
final de desenvolvimento para a Força Aérea Americana seja entregue. A
assessoria de imprensa da Boeing no Brasil disse que a companhia não
teria nada a comentar sobre o assuntos de novo avião presidencial
brasileiro.
Da década de 60, os
quatro Boeing 707 da FAB operam atualmente de forma precária, fazendo
transporte logístico e de reabastecimento em voo. Os sucatões, que
antes operavam no Grupo de Transporte Especial (GTE), em Brasília,
atendendo a presidência, foram transferidos no ano passado para o
Segundo Esquadrão Corsário, do Segundo Grupo de Transporte da FAB,
localizado na base do Galeão, no Rio de Janeiro.
Os sucatões têm quatro
motores e capacidade para transporte intercontinental. "O grande
problema é que eles já estão em fase final da vida operacional e vem
apresentando diversos problemas técnicos, além de não poderem pousar em
alguns países, devido às restrições de ruído e de poluição", disse uma
fonte da Aeronáutica.
Ainda segundo essa fonte,
eles têm custo de manutenção muito alto, porque muitas peças já não são
mais fabricadas e quase sempre apresentam problemas em voo. Para se
ter uma ideia, um avião da classe do "Aerolula" leva, em média, 10 dias
para fazer uma inspeção estrutural profunda, enquanto que uma revisão
similar no sucatão demoraria até 18 meses.
A Airbus não quis se
pronunciar sobre o assunto, porque, segundo sua assessoria, a companhia
é obrigada a respeitar o pedido de sigilo do cliente - no caso, a FAB.
Qualquer informação sobre a evolução do RFI (pedido de informação
feito pela FAB), segundo o diretor de marketing da divisão de jatos
corporativos da Airbus, David Velupillai, teria que vir da própria FAB.
Ele comentou, no entanto, que
o fato de o governo brasileiro já ter um jato corporativo da empresa
para a presidência, o ACJ 319, traz a vantagem da comunalidadade
(semelhança de sistemas), que ajuda a reduzir custos de manutenção e de
treinamento, além de facilitar o processo de transição de uma aeronave
para outra.
Além do Brasil, na América do
Sul os jatos da Airbus também são usados pela presidência da
Venezuela. Outros países que tem jatos da companhia são França, Itália,
Alemanha, República Tcheca e Emirados Árabes Unidos, além de clientes
que preferem não divulgar a informação.
O Centro de Comunicação
Social da Aeronáutica (Cecomsaer) informou que o andamento da análise
feita a partir das informações enviadas pelas empresas determinará as
características intrínsecas do novo avião. "Somente após esta fase será
possível estimar a viabilidade de a aeronave cumprir as missões de
transporte especial, reabastecimento em voo e o seu custo, considerando a
prática do mercado internacional".
O processo de aquisição
das novas aeronaves, segundo o Cecomsaer, está na fase de viabilidade,
etapa na qual são compiladas todas as informações necessárias.
Fonte: Valor Economico - Via IFR
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