05/06/1989 - em meio aos Protestos na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) Um jovem desarmado desafiou o poderio chinês barrando a passagem de vários tanques de guerra.

Na noite de 3 para 4 de junho de 1989, o Exército Popular de Libertação chinês disparou contra manifestantes na praça Tiananmen - ou da Paz Celestial. O drama estava há seis semanas em gestação.

Durante 46 dias, os estudantes, aos quais se juntaram progressivamente operários, funcionários e vendedores, acamparam na praça, bem no centro de Pequim, desafiando o governo.

Entre 400 e 3.000 pessoas teriam sido mortas no confronto de junho, um número não esclarecido porque Pequim não assume responsabilidades e censura toda e qualquer informação relacionada por considerá-la segredo de Estado.

Pelo menos 906 manifestantes foram presos depois do massacre. O massacre de Praça da Paz Celestial é tão censurado na China que as gerações nascidas nas décadas de 1980 e 1990 desconhecem totalmente que o atual regime comunista ordenou ao Exército que disparasse contra centenas de estudantes desarmados.

As estimativas das mortes civis na repressão do governo aos protestos do estudantes na ocasião variam de 400 a 800, segundo o jornal americano "The New York Times", e chegam a quase três mil, de acordo com a Cruz Vermelha chinesa.





Este 23º aniversário coincide com um momento de tensão para o Executivo chinês, a quatro meses de ver renovada sua cúpula de dirigentes e após os escândalos em torno do cassado político Bo Xilai e da fuga do dissidente cego Chen Guangcheng.

Precisamente, o caso de Bo, da ala mais conservadora do partido e cujo pai foi um dos defensores da entrada de tanques na famosa praça, destapou a disputa pelo poder que se vive na China perante a convenção - prevista inicialmente para outubro - da qual sairão os líderes da próxima década.

Estas diferenças internas se transferem também às reações perante o aniversário, como é o caso de Chen Xitong, prefeito de Pequim em 1989 e que se transformou no primeiro dirigente comunista coetâneo do massacre que fala sobre o ocorrido.

"Foi uma tragédia lamentável que poderia ter sido evitada", afirma o ex-prefeito no livro "Conversas com Chen Xitong", um compêndio de entrevistas com o investigador Yao Jianfu apresentado na sexta-feira passada em Hong Kong.