A Venezuela se tornou líder mundial quanto às reservas de petróleo, tendo suplantado a Arábia Saudita, constata a Resenha Anual de Estatísticas do Mercado Energético Mundial, publicada pela petrolífera BP. Que ressonância terá este fato no panorama global do setor do petróleo? Até que ponto poderá afetar as posições ocupadas até hoje pelos maiores produtores, incluindo a Rússia?
A questão-chave no mercado de
hidrocarbonetos reside nos lucros obtidos pelas companhias do setor e
não na quantidade de reservas desta matéria-prima. A Venezuela é capaz
de aumentar a extração mas não de forma radical, consideram peritos. O
clima de investimentos não permite que o país demonstre resultados
melhores e, por conseguinte, não pode exercer uma influência séria à
escala global. A Arábia Saudita, que ficou atrás da Venezuela, tem vindo
a incrementar as capacidades produtivas, ao contrário do país dirigido
por Hugo Chavez. Mais do que isso, a Venezuela não dispõe de um programa
de larga escala que preveja o aumento de produção de petróleo, afirma o
perito russo Denis Borissov.
"O interesse
manifestado em relação à Venezuela, apesar de elevado, continua a ser
contido pela instabilidade geopolítica regional. Por isso, não se pode
esperar, em breve, mudanças essenciais na produção desta matéria-prima. A
longo prazo, se deve levar em linha de conta que uma parte considerável
das reservas de petróleo venezuelano tem sido obtida, nos últimos cinco
anos, à custa do petróleo pesado e mais complicado em termos
geológicos, extraído na zona do rio Orenoco. Por isso, nos próximos anos
não haverá alterações radicais nessa área, o que quer dizer que a
Rússia e a Arábia Saudita manterão as posições de liderança."
Enquanto
isso, os peritos supõem que a correlação de forças no mercado de
petróleo possa sofrer mudanças em caso do retorno do Iraque, ou seja, se
este último voltar a entrar no mercado petrolífero. Claro que então
muita coisa dependerá da situação política no país. Mesmo assim, os
atores-chave, entre os quais a Rússia, não devem ter motivos de receio,
diz o analista russo em matéria, Grigori Brig.
"As
avaliações efetuadas pela BP indicam que, em princípio, a Rússia não
possui as maiores reservas de petróleo. Isto se deve à existência de
grandes reservas não prospetadas. Por exemplo, 700 mil milhões de barris
do equivalente petrolífero se localizam na plataforma do Ártico, no
Extremo Oriente e no sul da Rússia. A prospeção naquelas regiões se
encontra em fase embrionária, havendo, sem dúvida, enormes
potencialidades para aumentar a extração e aproveitar ao máximo as
reservas existentes."
Entrementes, as reservas
globais de petróleo registraram, no ano passado, um aumento de 1,9%,
sendo a liderança mantida pelo Oriente Médio (48%), o que equivale a 795
bilhões de barris.
No que concerne à questão
fundamental, que preocupa todos sem olhar para as posições ocupadas hoje
em dia pela Venezuela, Rússia ou Arábia Saudita, - haverá ou não uma
brusca quebra dos preços de petróleo – os peritos apontam ser pouco
provável tal hipótese. Nesta fase, os preços se situam abaixo do patamar
admissível para os membros da OPEP, constituindo 100 dólares por
barril.
Fonte: A voz da Russia
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