A força naval das Nações Unidas, comandada pelo Brasil, intensificou o patrulhamento no litoral norte do Líbano para impedir o contrabando de armas destinadas ao conflito na Síria.
"Obviamente a situação naquele país (Síria) eleva a nossa preocupação com relação a uma maior utilização desses espaços marítimos (mar do Líbano) para o transporte e escoamento de contrabando de armas", disse o contra-almirante Wagner Lopes de Moraes Zamith, de 53 anos (38 deles passados na Marinha).
O comandante da Força Tarefa Marítima do Líbano deu entrevista à BBC Brasil por telefone, do navio capitânia da esquadra, a fragata brasileira Liberal -, atualmente em patrulha no norte do mar do Líbano.
Ao menos dois carregamentos de armas, supostamente destinadas aos opositores do regime de Bashar al-Assad, foram apreendidos pela esquadra internacional e pela guarda costeira libanesa neste ano.
O primeiro foi em 27 de abril, quando a tripulação de um navio de guerra alemão integrante da frota da ONU desconfiou da carga de contêineres do cargueiro Lutfalla.
Zamith recomendou à guarda costeira do Líbano que o cargueiro fosse vistoriado - pois a esquadra da ONU só pode abordar navios suspeitos à força se os libaneses se declararem incapazes e solicitarem ajuda.
O navio foi invadido por militares libaneses que se aproximaram em lanchas rápidas. Uma grande quantidade de armas foi apreendida - ao todo 150 toneladas, segundo relatos da imprensa estatal da Síria.
Três dias depois, o cargueiro Grand Sicily foi encontrado pela fragata União se dirigindo para o porto de Trípoli. Por indicação brasileira, o navio foi abordado no porto e mais armas foram apreendidas.
Clique Leia também: Navio do Brasil grava 320 invasões aéreas de Israel no Líbano
Rotas
Segundo Zamith, o norte do mar territorial do Líbano é uma rota de entrada de armas usada por contrabandistas devido à proximidade com a fronteira síria.
Além disso, os portos do norte têm profundidade para receber navios maiores.
Segundo Zamith, em portos de águas mais rasas, como os do sul do país, as operações para descarregar os navios mercantes são mais demoradas e por isso mais arriscadas para os contrabandistas.
O contra-almirante disse, porém, que as patrulhas que visam interceptar armas destinadas à Síria não mudam a rotina da missão - cujo objetivo maior é apreender armas destinadas a extremistas do Líbano.
Segundo ele, pelo mandato da missão não é possível, por exemplo, fiscalizar rotas de contrabando que não passem pelo mar do Líbano - embora haja rotas que passam exclusivamente pelo mar territorial sírio.
Influência
O Brasil comanda desde o início do ano passado a força naval da Unifil, a missão da ONU no Líbano.
A chefia é fruto dos esforços diplomáticos brasileiros, iniciados no governo Lula, para aumentar a participação do país no cenário do Oriente Médio.
"O Brasil é o único país não europeu nem membro da Otan (aliança militar ocidental) a comandar a Força Tarefa Marítima (da ONU). Isso pode abrir portas para uma maior inserção do país não só na Unifil, mas em outras operações de paz das Nações Unidas", disse Zamith.
Desde novembro de 2011, a esquadra internacional conta com navios brasileiros. A primeira embarcação enviada foi a fragata União, substituída no mês passado pela Liberal.
Em quase sete meses, os navios realizaram 16.200 milhas de patrulha marítima e interrogaram cerca de 540 embarcações. Aproximadamente 200 delas acabaram sendo vistoriadas.
"A intensidade das patrulhas exige permanência média de 20 a 21 dias por mês no mar, o que é extremamente elevado", afirmou Zamith.
Ele disse também que durante esse período, cerca de 300 militares libaneses foram treinados pelos nove mergulhadores de elite que integram a tripulação da fragata.
Esse grupo de forças especiais da Marinha do Brasil, conhecido como MEC, passa por treinamentos inspirados nos dos Seals americanos, os responsáveis pela operação que matou o líder da rede al-Qaeda, Osama Bin Laden, no Paquistão no ano passado.
O treinamento no Líbano envolveu as cerca de 40 embarcações da Marinha libanesa e helicópteros da Força Aérea do país. Foram simuladas abordagens de navios suspeitos por meio de lanchas rápidas e invasões com helicópteros.
"Obviamente a situação naquele país (Síria) eleva a nossa preocupação com relação a uma maior utilização desses espaços marítimos (mar do Líbano) para o transporte e escoamento de contrabando de armas", disse o contra-almirante Wagner Lopes de Moraes Zamith, de 53 anos (38 deles passados na Marinha).
O comandante da Força Tarefa Marítima do Líbano deu entrevista à BBC Brasil por telefone, do navio capitânia da esquadra, a fragata brasileira Liberal -, atualmente em patrulha no norte do mar do Líbano.
Ao menos dois carregamentos de armas, supostamente destinadas aos opositores do regime de Bashar al-Assad, foram apreendidos pela esquadra internacional e pela guarda costeira libanesa neste ano.
O primeiro foi em 27 de abril, quando a tripulação de um navio de guerra alemão integrante da frota da ONU desconfiou da carga de contêineres do cargueiro Lutfalla.
Zamith recomendou à guarda costeira do Líbano que o cargueiro fosse vistoriado - pois a esquadra da ONU só pode abordar navios suspeitos à força se os libaneses se declararem incapazes e solicitarem ajuda.
O navio foi invadido por militares libaneses que se aproximaram em lanchas rápidas. Uma grande quantidade de armas foi apreendida - ao todo 150 toneladas, segundo relatos da imprensa estatal da Síria.
Três dias depois, o cargueiro Grand Sicily foi encontrado pela fragata União se dirigindo para o porto de Trípoli. Por indicação brasileira, o navio foi abordado no porto e mais armas foram apreendidas.
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Rotas
Segundo Zamith, o norte do mar territorial do Líbano é uma rota de entrada de armas usada por contrabandistas devido à proximidade com a fronteira síria.
Além disso, os portos do norte têm profundidade para receber navios maiores.
Segundo Zamith, em portos de águas mais rasas, como os do sul do país, as operações para descarregar os navios mercantes são mais demoradas e por isso mais arriscadas para os contrabandistas.
O contra-almirante disse, porém, que as patrulhas que visam interceptar armas destinadas à Síria não mudam a rotina da missão - cujo objetivo maior é apreender armas destinadas a extremistas do Líbano.
Segundo ele, pelo mandato da missão não é possível, por exemplo, fiscalizar rotas de contrabando que não passem pelo mar do Líbano - embora haja rotas que passam exclusivamente pelo mar territorial sírio.
Influência
O Brasil comanda desde o início do ano passado a força naval da Unifil, a missão da ONU no Líbano.
A chefia é fruto dos esforços diplomáticos brasileiros, iniciados no governo Lula, para aumentar a participação do país no cenário do Oriente Médio.
"O Brasil é o único país não europeu nem membro da Otan (aliança militar ocidental) a comandar a Força Tarefa Marítima (da ONU). Isso pode abrir portas para uma maior inserção do país não só na Unifil, mas em outras operações de paz das Nações Unidas", disse Zamith.
Desde novembro de 2011, a esquadra internacional conta com navios brasileiros. A primeira embarcação enviada foi a fragata União, substituída no mês passado pela Liberal.
Em quase sete meses, os navios realizaram 16.200 milhas de patrulha marítima e interrogaram cerca de 540 embarcações. Aproximadamente 200 delas acabaram sendo vistoriadas.
"A intensidade das patrulhas exige permanência média de 20 a 21 dias por mês no mar, o que é extremamente elevado", afirmou Zamith.
Ele disse também que durante esse período, cerca de 300 militares libaneses foram treinados pelos nove mergulhadores de elite que integram a tripulação da fragata.
Esse grupo de forças especiais da Marinha do Brasil, conhecido como MEC, passa por treinamentos inspirados nos dos Seals americanos, os responsáveis pela operação que matou o líder da rede al-Qaeda, Osama Bin Laden, no Paquistão no ano passado.
O treinamento no Líbano envolveu as cerca de 40 embarcações da Marinha libanesa e helicópteros da Força Aérea do país. Foram simuladas abordagens de navios suspeitos por meio de lanchas rápidas e invasões com helicópteros.
Fonte: BBC
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