O Exército turco está reforçando militarmente sua fronteira com a Síria
com lançadores de mísseis terra-ar e baterias antiaéreas, depois que as
forças sírias derrubaram um caça turco na semana passada, informou nesta quinta-feira a imprensa local.
A movimentação militar ocorre dois dias depois de o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ter advertido que o Exército turco responderá a qualquer violação futura de suas fronteiras por ações militares da Síria.
Cerca de 30 veículos militares, entre os quais caminhões com
lançadores de mísseis e artilharia antiaérea, partiram na noite de
quarta-feira de quartéis na Província de Hatay, no litoral do país, para
desdobrar o equipamento nas imediações dos municípios fronteiriços de
Altinözü, Reyhanli e Yayladag, onde se encontram os maiores campos de
refugiados sírios, informou o diário Hürriyet.
O canal público TRT exibiu imagens de um blindado de transporte
de tropas M-113 equipado com o lança-mísseis terra-ar Stinger rebocado
por um caminhão.
Segundo a emissora NTV, outros movimentos de tropas e blindados foram
observados na Província de Sanliurfa, também fronteiriça, mas situada
mais ao leste.
A emissora CNNTürk assegura que nos povoados próximos da
fronteira o nervosismo tomou conta dos moradores, que observam há mais
de um ano os movimentos de refugiados e, ocasionalmente, de tropas
sírias.
Explosão em Damasco
O aumento da defesa turca na fronteira com a Síria ocorreu no mesmo
dia em que uma forte explosão perto de um mercado movimentado e do
Palácio da Justiça atingiu o centro da capital síria, Damasco. De acordo
com a TV estatal, a explosão deixou ao menos três feridos e danificou
cerca de 20 carros.
De acordo com a TV, o atentado com explosivos aconteceu no
estacionamento do Palácio de Justiça, em Marjeh, Damasco, sede de várias
cortes. A explosão aconteceu às 13 horas locais perto do famoso Mercado
de Hamidiyeh.
Testemunhas relataram ter ouvido uma explosão, mas uma fonte
policial, que pediu anonimato, afirmou que duas bombas magnéticas
explodiram sob dois carros de magistrados no estacionamento, com os
agentes tentando desativar um terceiro artefato.
A Síria tem sido alvo de uma onda de grandes explosões em meses
recentes, que deixaram dezenas de mortos. A maioria dos ataques atingem
agências de segurança do presidente Bashar al-Assad, que combate um
levante antigoverno de 15 meses. Na quarta-feira, um ataque a uma
estação de TV privada perto de Damasco deixou ao menos sete mortos, enquanto no mês passado uma explosão contra um complexo militar no sul de Damasco deixou 55 mortos.
A situação de instabilidade do país árabe fez com que o enviado
especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, o ex-secretário-geral da
ONU Kofi Annan, propusesse na quarta-feira o apoio a um governo de
transição na Síria que incluiria partidários de Assad e membros da
oposição para encontrar uma solução política ao conflito.
A ideia será discutida em uma reunião sábado em Genebra entre as
potências EUA, Rússia, China, Reino Unido e França. Também participarão
do encontro Turquia, Iraque, Kuwait e Catar, com o Irã e Arábia Saudita
não tendo sido convidados para a reunião.
De acordo com o plano de Annan, o novo governo de coalizão
incluiria membros do atual governo sírio e grupos da oposição, mas não
dirigentes "cuja presença poderia ser nociva para a transição,
prejudicar a credibilidade do governo ou os esforços de reconciliação",
afirmou uma fonte.
"A descrição feita por Annan dá a entender que Assad poderia ser
excluído, mas também que alguns dirigentes da oposição poderiam ficar de
fora", afirmou outro diplomata, que explicou que não existem elementos
na proposta de Annan que excluam explicitamente Assad.
Fonte: IG
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