A poucos minutos a pé da estação de metrô Voikovskaia, em Moscou, entre
edifícios residenciais e empresas, está localizada a fábrica de mísseis
antiaéreos Avangard (vanguarda, em português).
Outrora secreta, a área ocupada pelas oficinas foi há muito tempo fotografada por satélites e esquadrinhada pelos serviços secretos estrangeiros. Hoje em dia, apesar de a fábrica manter o mesmo regulamento rigoroso de entrada e saída dos tempos soviéticos, não faz mais sentido esconder sua localização.
Outrora secreta, a área ocupada pelas oficinas foi há muito tempo fotografada por satélites e esquadrinhada pelos serviços secretos estrangeiros. Hoje em dia, apesar de a fábrica manter o mesmo regulamento rigoroso de entrada e saída dos tempos soviéticos, não faz mais sentido esconder sua localização.
A empresa entrou no século 21 totalmente arruinada. Nas oficinas não havia
calefação nem água. No inverno, o pessoal da empresa tinha que fazer fogueiras
nas oficinas de montagem para aquecer o equipamento que não funcionava a baixas
temperaturas.
Segundo o diretor-geral da Avangard, Guennádi Kóguin, o processo de
decadência foi gerado pela destruição do sistema de gestão setorial nos anos
90. Sem encomendas nem financiamento, a empresa estava pedindo socorro.
A recuperação começou em 2002 quando a companhia foi incorporada ao
consórcio Almaz-Antei, focado em desenvolver sistemas de defesa antiaérea. Com
a adição de diversos setores e centros de pesquisa e desenvolvimento pouco
tempo, a empresa quase alcançou a capacidade produtiva dos tempos soviéticos.
Embora a empresa passe por situações difíceis comuns a qualquer companhia,
Kóguin acredita que auxílio estatal de aproximadamente dois bilhões de rublos
(cerca de US$ 60 milhões) entre 2011 e 2020 cumprirá o objetivo de modernizar
as instalações.
Do montante a ser recebido, 1,2 bilhões serão investidos, até 2015, na
compra de equipamento e mais de 600 milhões, para atualizar a infraestrutura da
empresa, conhecida por construir os sistemas de mísseis antiaéreos S-300 e S-400.
“Atualmente, a empresa investe no programa de sua modernização entre 100 e 120
milhões de rublos por ano”, contrapõe Kóguin.
No ano passado, a Avangard fechou contratos de quatro e cinco anos com o
ministério da Defesa da Rússia, período em que a Avangard manterá o monopólio
de fornecimento de munições para o sistema de mísseis antiaéreos S-400 Triunfo.
Linha dura
A oficina de montagem de mísseis antiaéreos tem estrutura moderna. Pisos
espelhados, limpeza impecável e, no inverno, a temperatura média no interior da
oficina é de 23 graus positivos.
A empresa tem um forte esquema de controle de qualidade em cada etapa de
produção. “Se um componente não passar por nosso controle de qualidade, fazemos
uma reclamação à empresa parceira ou subcontratada e lhe cobramos uma multa”,
adianta Kóguin.
Os mísseis prontos são enviados ao centro de controle de qualidade e
testes (CCQT), onde todos os seus componentes elétricos são testados. Depois,
os mísseis são submetidos ao teste de infiltração de água.
Após as avaliações no CCQT, os mísseis recebem ogivas e são enviados a
depósitos militares onde permanecem sem manutenção técnica durante todo o
período de armazenamento, ou seja, 10 anos.
Missão secreta
Diversos países mostram interesse pelos sistemas de defesa antiaérea
russos S-300 e S-400, seja para compra ou conhecimento científico. O acesso de
estranhos às oficinas de montagem é, contudo, terminantemente proibido.
A China é um dos principais consumidores de armas russas e, em
particular, dos meios de defesa antiaérea. Em 2010, a Almaz-Antei entregou a
este país 15 grupos de sistemas de mísseis antiaéreos S-300 Favorit.
Um ano depois, o Serviço de Segurança Federal flagrou um cidadão chinês tentando
obter a documentação técnica do sistema de mísseis antiaéreos S-300 considerada
segredo de Estado.
Os sistemas de mísseis antiaéreos russos têm várias vantagens em relação
aos sistemas análogos norte-americanos MIM-104 EUA Patriot. Os S-300 e S-400
levam cinco minutos, no máximo, para serem colocados em posição de tiro,
enquanto o Patriot precisa de meia hora.
Os sistemas russos são capazes de lançar mísseis verticalmente e guiá-los
para o alvo de zero a 360 graus. O Patriot americano só é capaz de lançar
mísseis de zero a 180º graus e sob ângulo de 38 graus. Ou seja, para organizar uma defesa
aérea à volta de uma instalação ou uma unidade militar, serão necessários duas
vezes mais Patriots do que os S-300 ou S-400 russos.
Kóguin desmentiu as notícias de que o S-400 ainda não tem um míssil
antiaéreo de longo alcance. “Tais mísseis já estão em testes no campo de provas
de Achuluk [na Região de Astrakhan]. Se os primeiros mísseis do S-300 tinham um
alcance de 75 km, hoje, as versões modificadas desses mísseis são capaz de
atingir alvos a uma distância de 250 km.”
Fonte: Gazeta Russa
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