O presidente da Síria, Bashar al-Assad, lamentou o ataque que derrubou um avião militar da Turquia há menos de duas semanas em entrevista publicada nesta terça-feira pelo diário turco Cumhüriyet.
De acordo com Assad, o avião turco voava em um corredor aéreo
"que no passado tinha sido usado três vezes pela aviação israelense",
pelo que se decidiu derrubar o caça, algo que hoje lamenta "100%".
O presidente sírio negou a acusação turca de que a ação foi
deliberada, alegando que o avião voava muito baixo e o Exército pensava
ser um caça israelense.
"Um país em guerra sempre atua dessa forma. A aeronave voava em
baixa altitude e foi derrubada pela defesa antiaérea, que o considerou
um avião israelense como os que atacaram a Turquia em 2007. O soldado
que operava a defesa antiaérea não tinha radar e, portanto, não podia
saber a que país pertencia", afirmou.
O presidente sírio apresentou condolências aos familiares dos dois pilotos do F4, que não foram encontrados.
O jato F-4 Phantom foi abatido em 22 de junho, e a Otan
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), à qual pertence a Turquia,
criticou duramente o incidente. As autoridades turcas afirmam que o caça
foi derrubado sem aviso prévio e em espaço aéreo internacional, algo que a Síria nega.
O incidente aumentou as tensões entre os dois países vizinhos e
fez o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, advertir Damasco
de que retaliaria a qualquer violação de fronteira.
A Imprensa Turca ja divulgou os nomes dos Pilotos do RF-4 Phantom abatido semana passada. (fonte: OTAN) São eles:
Captain Yüzbaşı Gökhan Ertan
Lieutenant Hasan Hüseyin Aksoy
Na sexta-feira, a Turquia anunciou que começou a posicionar lançadores de foguete e armas antiaéreas ao longo da fronteira em resposta à ação. Dois dias depois, enviou um total de seis jatos F16 para perto de sua fronteira com a Síria em resposta à aproximação de três helicópteros militares sírios.
Questionado sobre essas medidas turcas, o presidente sírio
afirmou que não responderá de forma similar "porque o povo turco não é
nosso inimigo".
A Turquia vem sendo uma forte crítica à repressão do governo de
Assad ao levante popular de quase 16 meses, que forçou a fuga para a
Turquia de mais de 30 mil refugiados sírios.
Proposta internacional de paz
Na mesma entrevista, o presidente sírio mostrou satisfação com o
resultado do encontro de domingo em Genebra do Grupo de Ação para a
Síria, que reuniu os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança
(EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) mais Turquia, Iraque, Kuwait e
Catar.
No final do encontro, os países participantes propõem a formação de um governo de transição
com presença do regime atual e da oposição, com "consentimento
mútuo". "Nesse documento há só uma coisa que me interessa. A frase é: o
povo sírio decidirá sobre o futuro da Síria", afirmou.
Respondendo à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que
exigiu novamente em Genebra a saída de Assad, o presidente sírio diz que
"não leva a sério" as palavras das autoridades americanas. "Desde o
começo, os EUA nos foram hostis. Eles estão do lado dos terroristas",
disse Assad, referindo-se ao movimento que se opõem a seu governo.
Fonte: IG
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