O anúncio do Irã de que planeja construir seu primeiro submarino
abastecido por energia nuclear alimentou especulações de que isso
poderia servir de pretexto para o Estado islâmico produzir urânio
altamente enriquecido e se aproximar do material potencial para bomba
atômica.
Especialistas ocidentais duvidam que o Irã - que está sob um embargo
de armas da ONU- tem a capacidade para a qualquer momento em breve fazer
o tipo de embarcação subaquática sofisticada que somente as potências
mais poderosas do mundo têm atualmente.
Mas eles dizem que o Irã poderia usar o plano para justificar mais
atividade atômica, porque os submarinos nucleares podem ser alimentados
por urânio refinado a um nível que também seria adequado para o núcleo
explosivo de uma ogiva nuclear.
"Tais submarinos usam frequentemente UAE (urânio altamente
enriquecido)", disse o ex-inspetor-chefe nuclear da ONU Olli Heinonen,
acrescentando que era pouco provável que o Irã fosse buscar o
combustível no exterior por causa da disputa internacional sobre seu
programa nuclear.
O país poderia, então, "citar a falta de fornecedores de combustíveis
estrangeiros como justificativa para continuar em seu caminho de
enriquecimento de urânio", afirmou Heinonen, atualmente no Centro Belfer
para Ciência e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard.
Qualquer movimento por parte do Irã para enriquecer o urânio a um
grau maior de pureza iria alarmar os Estados Unidos e seus aliados, que
suspeitam que o país esteja tentando desenvolver a capacidade para fazer
bombas nucleares e querem que ele interrompa seu programa nuclear.
Teerã nega qualquer ambição de armas atômicas.
Isso também poderia complicar ainda mais os esforços diplomáticos
para resolver a disputa que já dura uma década sobre o programa nuclear
de Teerã e pode aumentar os temores de um confronto militar.
Várias rodadas de conversações entre o Irã e seis potências mundiais
este ano até agora não conseguiram fazer progressos significativos,
especialmente sobre sua exigência de que a República Islâmica diminua
seu controverso trabalho de enriquecimento.
"O Irã está usando este anúncio submarino para criar poder de
barganha", disse Shashank Joshi, pesquisador sênior e especialista em
Oriente Médio no Royal United Services Institute. "Ele pode negociar
fora esses 'planos' para concessões, ou utilizar os planos como um
pretexto útil para a sua atividade de enriquecimento."
O vice-comandante da Marinha iraniana, Abbas Zamini, foi citado no
mês passado como tendo dito que "os passos preliminares em fazer um
submarino atômico já começaram". Ele não disse como um navio desse tipo
poderia ser abastecido, mas os especialistas afirmaram que pode exigir
alto grau de urânio.
Fonte: Terra
NOTA: O anuncio ocorre exatamente depois do Irã anunciar que trouxe de volta ao serviço ativo um submarino de
origem russa depois de uma grande modernização onde cerca de 18 mil componentes, incluindo hélices e radares foram
substituídos no submarino Tareq (classe Project 877EKM Paltus).Classe KILO - Russa.
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