A Turquia enviou um total de seis jatos F-16 para perto de sua fronteira
com a Síria, disse o comandante das Forças Armadas do país. A medida foi
tomada em resposta a três casos de helicópteros militares sírios se
aproximando da fronteira turca, apesar de não ter havido nenhuma
violação dos limites do país, de acordo com um comunicado.
A movimentação ocorreu depois de, no mês passado, as forças sírias terem abatido um jato turco
perto da área fronteiriça. O incidente aumentou as tensões entre os
dois países e fez o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan,
advertir Damasco de que retaliaria a qualquer violação de fronteira.
Na sexta-feira, a Turquia anunciou que começou a posicionar lançadores de foguete e armas antiaéreas
ao longo da fronteira em resposta à ação que derrubou o jato RF-4
Phantom. A Turquia vem sendo uma forte crítica à repressão do governo de
Bashar al-Assad ao levante popular de quase 16 meses, que forçou a fuga
para a Turquia de mais de 30 mil refugiados sírios.
Reação à reunião de Genebra
A tensão entre Turquia e Síria ocorreu no mesmo dia em que a mídia
estatal, vinculada ao governo Assad, e os grupos de oposição do país
árabe rejeitaram uma proposta apresentada no sábado pelas potências e por algumas nações árabes para pôr fim à violência síria.
O enviado da ONU para a Síria, Kofi Annan, disse que o Grupo de Ação
para a Síria, que reúne os cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) mais Turquia,
Iraque, Kuwait e Catar, concordou que seja formado um governo de
transição para a Síria. Segundo ele, a nova administração deve ter
"poderes executivos totais" e ter integrantes da oposição e do atual
governo, mas não está claro se Assad a integraria.
A imprensa estatal criticou a proposta afirmando que ela não leva em
conta a opinião dos cidadãos sírios e ignora a existência de grupos
armados no país. Segundo um editorial do jornal estatal Al-Zaura, a
reunião de sábado em Genebra foi um "fracasso". Além disso, a publicação
acusou Washington de apoiar grupos terroristas, que Damasco
responsabiliza pela violência.
"Nenhuma solução será possível se não tiver como base o que deseja o
povo sírio, fonte de legalidade. Os sírios são capazes de iniciar um
diálogo nacional no qual não cabem nem os países vizinhos nem os países
mais afastados, em particular os que estimulam os sírios a matar-se",
afirmou o jornal do partido governista, Al-Baas.
O jornal Al-Watan, ligado ao regime, celebrou o fato de o comunicado
final da reunião de Genebra não mencionar um cenário de fim de crise
parecido com o Iêmen (saída negociada do presidente) ou Líbia (intervenção estrangeira para derrubar o regime).
Os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a mobilização
da oposição síria, denunciaram em um comunicado "os subterfúgios
obscuros" utilizados no acordo, que permitem ao regime "jogar com o
tempo para reprimir o movimento de revolução popular e calar o movimento
com violência e massacres".
O acordo sobre a transição na Síria "é apenas uma versão, apenas
diferente na forma, das demandas dos dirigentes russos, aliados do
regime de Assad, e que o protegem política e militarmente ante as
pressões internacionais", afirmam.
Por sua vez, Bassma Kodmani, porta-voz do Conselho Nacional Sírio
(CNS), principal grupo de oposição, afirmou que a declaração de Genebra
"parece sugerir alguns elementos positivos". "O primeiro é que a
declaração final final indica que os participantes chegaram a um acordo
para dizer que a família Assad não pode dirigir mais o país e, portanto,
não pode conduzir o período de transição."
"O segundo ponto positivo é que existe um acordo para dizer que a
transição deve responder às aspirações legítimas do povo sírio. Essa
expressão significa para nós a saída de Assad, pois os sírios já se
manifestaram nesse sentido", completou Kodmani. Ao mesmo tempo, criticou
que "elementos importantes continuam sendo muito implícitos e ambíguos,
e o plano muito vago para poder prever uma ação real e imediata".
Fonte: IG
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