Jipe mandou discurso do administrador da Nasa, levado consigo na viagem.
Esta é a primeira vez que a voz humana viaja até outro planeta e volta.
O robô Curiosity transmitiu sua primeira mensagem de áudio direto de
Marte, onde o veículo está desde o dia 6 e deve ficar pelos próximos
dois anos, em busca de sinais favoráveis à vida.
O arquivo, porém, não revela a "voz" do jipe, mas um discurso do
administrador da agência espacial americana (Nasa), Charles Bolden,
mantido no robô durante toda a viagem.
Esta é a primeira vez que um áudio humano viajou até outro planeta e
conseguiu voltar. A mensagem de Bolden está em inglês, e abaixo você
confere a tradução:
"Olá, aqui é Charlie Bolden, administrador da Nasa, falando com você
através da capacidade de transmissão do robô Curiosity, que agora está
na superfície de Marte. Desde o início dos tempos, a curiosidade humana
nos levou a buscar constantemente por vida nova... novas possibilidades
um pouco além do horizonte. Quero parabenizar os homens e mulheres da
nossa família Nasa, bem como nossos parceiros comerciais e
governamentais em todo o mundo por nos levarem a dar um passo além, até
Marte. Esta é uma conquista extraordinária. O desembarque de um veículo
em Marte não é fácil – outros já tentaram –, e apenas os EUA obtiveram
sucesso completo. O investimento que estamos fazendo...o conhecimento
que esperamos adquirir com nossa observação e análise da Cratera Gale
vai nos dizer muito sobre a possibilidade de vida em Marte, bem como as
possibilidades do passado e do futuro do nosso próprio planeta. O
Curiosity vai trazer benefícios para a Terra e inspirar uma nova geração
de cientistas e exploradores, enquanto prepara o caminho para uma
missão humana em um futuro não muito distante. Obrigado."
Segundo o executivo do programa Dave Lavery, "com essa voz, outro
pequeno passo é dado para estender a presença humana além da Terra, e a
experiência de explorar mundos remotos é trazida um pouco mais perto de
todos nós".
Ele comparou a chegada do veículo a Marte à ida do homem à Lua, que
perdeu no sábado (25) o primeiro astronauta a chegar lá, Neil Armstrong.
"Enquanto o Curiosity continua sua missão, esperamos que essas palavras
sejam uma inspiração para alguém vivo hoje, que pode se tornar o
primeiro a estar sobre a superfície de Marte. Assim como o grande Neil
Armstrong, eles vão falar em voz alta sobre esse próximo gigante salto
da exploração humana", destacou Lavery.
Ajuda de três sondas
A comunicação do Curiosity com a Terra só foi possível com o auxílio de
duas sondas da Nasa em Marte, a Odyssey e a Mars Reconnaissance Orbiter
(MRO), e também da sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia
(ESA).
O robô enviou os sinais para as três sondas, que então os rebateram em
direção ao nosso planeta. Isso permite que mais dados sejam transmitidos
a uma velocidade maior.
Quando chegaram à Terra, os sinais foram captados por antenas da Rede de
Espaço Profundo, da Nasa, que funciona em três complexos: Goldstone, na
Califórnia; Madri, na Espanha; e Camberra, na Austrália.
De lá, as informações foram direto para o controle da missão, no
Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia.
Bolden gravou discurso antes de o Curiosity partir, já prevendo o sucesso da missão
Foto: Bill Ingalls/Nasa
Novas imagens de Marte
A Nasa também divulgou esta semana telefotos – fotografias feitas com
lentes objetivas a uma grande distância, por meio de corrente elétrica –
registradas pelo Curiosity da região próxima ao Monte Sharp, que tem
5,5 km de altura e é um dos alvos de interesse do robô.
A foto abaixo, em altíssima resolução, foi captada na quinta-feira (23)
pela câmera de 10 cm e por lentes de 34 mm que ficam no mastro do jipe.
Imagem registrada por câmera do Curiosity revela a base do Monte Sharp
Foto: Nasa/JPL-Caltech/MSSS
A região fica ao sul do local de pouso do veículo. No primeiro plano,
aparecem pedras de vários tamanhos e, logo à frente, há uma depressão no
solo. Mais adiante, no meio da foto, está uma cratera de tamanho médio.
Ao fundo, são vistas dunas mais escuras e camadas de rochas que ficam
na base do Monte Sharp. O maior cume estava a 16,2 km de distância do
Curiosity.
Os cientistas alteraram as cores, deixando-as com mais contraste e
nitidez, para mostrar Marte sob as condições de iluminação da Terra, o
que ajuda a analisar o terreno.
Esta outra imagem abaixo também revela a base do Monte Sharp. O morro
pontiagudo que aparece no centro tem cerca de 300 metros de diâmetro e
100 metros de altura.
Terreno árido do planeta vermelho é captado em cores e detalhes pelo jipe
Foto: Nasa/JPL-Caltech/MSSS
A composição do solo marciano é aparentemente diferente em cada região,
indicada por tonalidades distintas e pelas formas das rochas – algumas
mais arredondadas, outras angulosas –, o que revela um histórico
geológico bastante próprio.
Durante o pouso do Curiosity, alguns centímetros do solo pedregoso e das
rochas encobertas foram expostos pelos motores da nave, e agora os
pesquisadores planejam usar um dos dez instrumentos científicos do
veículo para atirar nêutrons nas amostras e verificar a presença de
moléculas de água ligadas aos minerais.
Em breve, o jipe de R$ 5 bilhões deve começar a medir a composição da
atmosfera, do solo e do pó de rochas de Marte. Recentemente, os
cientistas da Nasa encontraram nesse instrumento muito ar vindo da
Terra, o que causou uma diferença de pressão nas bombas, mas o problema
já foi resolvido.
Na imagem abaixo, feita pela câmera Hazard-Avoidance, situada na parte
frontal esquerda do robô, aparece o rastro deixado por ele na
quarta-feira (22), após completar seu primeiro passeio por Marte, que o
conduziu por 4,5 metros, deu um giro de 120 graus e fez um retorno de
2,5 metros. O veículo está agora a 6 metros do seu local inicial de
pouso.
Rastro das rodas do Curiosity é visto de cima após o 1º passeio do jipe por Marte
Foto: Nasa/JPL-Caltech
Esta outra foto mostra, em uma projeção vertical, o rastro deixado pelo
Curiosity. A imagem é resultado de 23 frames em resolução máxima, que
formaram o "mosaico" abaixo.
'Mosaico' com 23 frames de alta resolução flagrou 'test-drive' do veículo na quarta
Foto: Nasa/JPL-Caltech
Fonte: G1 - Via: Noticias Sobre Aviação
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