Cientistas da Nasa qualificaram nesta segunda-feira de
"milagre de engenharia" o impecável pouso em Marte da sonda Curiosity,
que já começou a enviar imagens de uma antiga cratera, como parte da sua
missão de descobrir se o Planeta Vermelho já teve condições de abrigar
vida.
O jipe-robô, que tem seis rodas e pesa uma tonelada, realizou uma
complexa e arriscada operação para entrar na atmosfera marciana e pousar
no local escolhido, na madrugada de segunda-feira (hora de Brasília),
para alívio e alegria de cientistas e engenheiros da Nasa.
"Nós nos treinamos durante oito anos para pensar no pior o tempo
todo", disse o engenheiro chefe Miguel San Martín. "Você nunca consegue
desligar isso". Essa é a primeira missão de astrobiologia da Nasa desde o
envio da sonda Viking, na década de 1970, e é também o primeiro
laboratório analítico completo a operar em outro mundo.
Engenheiros da Nasa disseram que esse feito foi um dos mais
desafiadores e complexos na história dos voos espaciais robóticos e que
abrirá as portas para uma nova era da exploração interplanetária.
O presidente americano, Barack Obama, disse que o pouso da Curiosity
representa um histórico "ponto de orgulho nacional". O pouso é também um
marco importante para a agência espacial americana, afetada nos últimos
anos por cortes orçamentários e pela recente aposentadoria da sua frota
de ônibus espaciais.
Por causa da demora nas comunicações por rádio entre a Terra e Marte,
todo o processo de descida e pouso precisou ser autoguiado, sem a
interferência dos técnicos.
Após uma viagem de oito meses e 566 milhões de km, a sonda tocou a
tênue atmosfera marciana a quase 21 mil km/h - 17 vezes a velocidade do
som -, antes de iniciar a descida controlada.
Para reduzir sua velocidade, a sonda contou com um paraquedas
especial, com uma mochila a jato e com um inédito "guindaste aéreo" que
auxiliou no pouso, ocorrido na cratera Gale, no hemisfério sul marciano,
perto do equador desse planeta.
A Nasa divulgou que o pouso aconteceu às 2h32 de segunda-feira (hora
de Brasília). Momentos após o pouso, a Curiosity enviou suas três
primeiras imagens do solo marciano. Numa delas, uma roda do veículo e a
sombra do jipe apareciam à frente do terreno pedregoso.
O jipe, do tamanho de um carro esportivo pequeno, está agora no fundo
da gigantesca cratera Gale, aberta na superfície de Marte pelo impacto
de um corpo celeste, e ao lado da imponente montanha rochosa chamada
monte Sharp.
Três sondas orbitais monitoraram a descida, que foi apelidada pelos
técnicos da Nasa como "sete minutos de terror". O sucesso do pouso foi
recebido com um misto de comemoração e alívio.
"Quando você vê uma foto da superfície do planeta com a nave espacial
nela, esse é o milagre da engenharia", disse o cientista-chefe John
Grotzinger a jornalistas nesta segunda-feira.
Com o sol do fim de tarde se pondo atrás da beirada da cratera, a
Curiosity ainda enviou outras seis fotos, além do resultado dos testes
iniciais dos seus 10 instrumentos científicos. Durante a noite marciana,
a sonda é desligada.
Fonte: Terra
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