As autoridades de fronteira dos Estados Unidos têm testado um "exército"
de guardiães eletrônicos no combate aos imigrantes ilegais e
traficantes de drogas, que aproveitam o cair da noite para tentar entrar
nos EUA. O campo de testes da chamada "cerca virtual" tem sido o estado
do Arizona.
São radares, câmeras e sensores infravermelhos disfarçados de rochas,
capazes de avisar movimentos suspeitos a uma sala de controle.
Patrulhas, então, são acionadas e vão a campo com as coordenadas, as
imagens e informações sobre se o alvo está, ou não, armado.
Fontes do governo dos EUA disseram que com a "cerca virtual" tentam
detectar entre 70% e 80% das incursões na fronteira, empregando um
número menor de efetivo e patrulhas. "Nós queremos incrementar a
efetividade dos agentes e usamos a tecnologia para nos dar indicadores
do que acontece exatamente e nos fornecer informação suficiente para que
as patrulhas possam selecionar a melhor forma de combater o problema",
diz Mark Borkowski, da área de inovação tecnológica do Departamento de
aduanas e proteção de fronteiras dos EUA (da sigla em inglês, CBP).
O projeto chamado SBInet foi aprovado pelo governo do presidente
George W. Bush em 2006, com a intenções de incorporar a tecnologia de
vigilância ao longo dos 3.185 km de fronteira entre os dois países. "A
ideia é combinar o uso de uma infraestrutura tática e física, como muros
e cercas, com tecnologia de sensores para identificar o que está
acontecendo e do que se trata", diz Borkowski.
O plano deveria ter entrado em operação em 2011, mas acabou sendo uma
grande dor de cabeça para os governos Bush e Obama. Principalmente por
ser caro, lento e estar cheio de problemas técnicos, que resultaram na
sua suspensão em 2010.
Grandes gastos
De acordo com o Departamento de Segurança Nacional, foram gastos US$ 1 bilhão para usar essa tecnologia em uma área de 85 km de extensão. Mesmo com este custo, o sistema se mostrou incapaz de, diante de ventos fortes, diferenciar uma árvore de uma pessoa e levava muito tempo no envio das informações.
De acordo com o Departamento de Segurança Nacional, foram gastos US$ 1 bilhão para usar essa tecnologia em uma área de 85 km de extensão. Mesmo com este custo, o sistema se mostrou incapaz de, diante de ventos fortes, diferenciar uma árvore de uma pessoa e levava muito tempo no envio das informações.
Não foi a primeira vez que a tecnologia resultou em fiasco. Duas
tentativas anteriores, em 1998 e em 2005, também fracassaram por falta
de efetividade, já que somente 1% dos alertas emitidos pelos
equipamentos resultaram em prisões. A ideia é que os sensores e radares
substituam os agentes na tarefa de vigiar os monitores de vigilância na
fronteira.
Mesmo assim, os Estados Unidos querem investir mais US$ 750 milhões
em um projeto conhecido como Torres Adaptadas Integradas (na sigla em
inglês, IFT). Neste novo projeto, o departamento de segurança nacional
convocou em abril um concurso convidando empresas privadas a apresentar
suas propostas para a construção de seis novas torres com radares e
câmeras que deverão ser instaladas em diferentes pontos da fronteira até
2020. Estas torres, de acordo com o especificado, terão a capacidade de
detectar uma pessoa em um raio de oito quilômetros.
Borkowski diz ainda que o governo está adquirindo tecnologia capaz de
detectar túneis usados por traficantes para cruzar a fronteira.
Rochas que espiam
De acordo com o departamento de auditoria do governo dos EUA, entre 2003 e 2007 foram adquiridos 7.500 sensores, que foram instalados ao longo da fronteira com o México. Eles são usados para estabelecer perímetros de detecção de movimentos e são dos mesmo tipo dos usados no Afeganistão.
De acordo com o departamento de auditoria do governo dos EUA, entre 2003 e 2007 foram adquiridos 7.500 sensores, que foram instalados ao longo da fronteira com o México. Eles são usados para estabelecer perímetros de detecção de movimentos e são dos mesmo tipo dos usados no Afeganistão.
Conhecidos como sensores terrestres autônomos (da sigla em inglês
UGS), estes dispositivos são usados desde a década de 70, mas nos dias
de hoje podem ter o tamanho de um grão de arroz e, ficar operativo
durante décadas, já que se recarrega com energia solar.
Além de adquirir UGS de última geração, o projeto da SBInet ergueu
torres de vigilância de 12 a 36 metros, equipadas com radares
infravermelhos e sensores ópticos. "Os radares podem detectar atividade e
ativar as câmeras. Muitas das tecnologias como o UGS não sabem o que se
move por ali. Pode ser um animal, ou uma pessoa. Graças a estes
dispositivos podemos liberar as patrulhas da tarefa de ver os monitores
das câmeras e se ocupar de outras ameaças", explicou Borkowski.
Fantasmas do deserto
Ao trabalho dos sensores, juntaram-se recentemente os aviões não tripulados, capazes de localizar pessoas e veículos desde uma altura de 6 mil metros. Estes equipamentos dispõem de um radar, sete câmeras de video, sensores infravermelhos e um poderoso zoom. Cada unidade custa US$ 20 milhões e, de acordo com o departamento de segurança nacional, nove deles já patrulham os céus de Arizona, Flórida, Texas e Dakota do Norte.
Ao trabalho dos sensores, juntaram-se recentemente os aviões não tripulados, capazes de localizar pessoas e veículos desde uma altura de 6 mil metros. Estes equipamentos dispõem de um radar, sete câmeras de video, sensores infravermelhos e um poderoso zoom. Cada unidade custa US$ 20 milhões e, de acordo com o departamento de segurança nacional, nove deles já patrulham os céus de Arizona, Flórida, Texas e Dakota do Norte.
Fonte: Estadão/BBC Brasil
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