O governo do presidente da França, François Hollande, apoia a
campanha do Brasil em favor da reforma do Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas (ONU), assim como a candidatura
brasileira, se o órgão for ampliado. A confirmação de apoio ao pleito do
Brasil foi dada nesta segunda-feira (27) pelo ministro das Relações
Exteriores da França, Laurent Fabius, durante reunião com o chanceler
brasileiro, Antonio Patriota, em Paris.
O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15 integrantes, dos
quais apenas cinco têm assentos permanentes: China, França, Rússia,
Reino Unido e Estados Unidos. Os demais lugares são rotativos e cada
país ocupa a vaga por dois anos. O governo brasileiro defende a
ampliação para pelo menos 25 vagas no total.
Na reunião, Patriota e Fabius conversaram também sobre a onda de
violência na Síria, a crise econômica internacional e o impasse
envolvendo o Irã, além de ações estratégicas de proteção de
desenvolvimento na região de fronteira entre a Guiana Francesa e o
Brasil, na altura do Amapá, bem como a cooperação em educação, ciência e
tecnologia e energia.
No cenário internacional, a França e o Brasil coincidem sobre algumas
posições. Ambos os governos defendem a busca pelo diálogo e medidas
pacíficas como solução para impasses. Patriota e Fabius reiteraram um
cessar-fogo imediato na Síria, onde conflitos ocorrem há 17 meses e mais
de 20 mil pessoas morreram. A oposição exige uma transição política no
país e não aceita o atual governo.
Patriota e Fabius conversaram também sobre a missão de paz para a
estabilização do Haiti, formada por integrantes das Forças Armadas de
vários países. Ambos disseram que é necessário manter essas tropas
estrangeiras no país caribenho até que o governo do presidente haitiano,
Michel Martelly, considere que a ajuda não é mais fundamental ao país.
Porém, em relação ao Irã, há divergência entre o Brasil e a França.
Para o governo brasileiro, os iranianos têm direito em desenvolver um
programa nuclear desde que tenha fins pacíficos. Já o governo francês
também concorda com o direito dos iranianos de ter um programa próprio
de energia nuclear. No entanto, é favorável à imposição de sanções, se
necessário. O Brasil não considera a possibilidade de sanções.
A economia também foi tema da conversa entre os chanceleres, pois há
interesses de ambos os países em incrementar as relações bilaterais.
Para o Brasil, é fundamental a troca de tecnologia com os franceses,
enquanto para a França, é interessante uma associação ao dinamismo da
economia brasileira.
De Paris, Patriota viaja na terça-feira (28) para Estocolmo, na
Suécia. Depois, o chanceler deve seguir para o Senegal (África) e El
Salvador (América Central). Em todas as reuniões, o ministro deve
defender a posição do Brasil a favor do desenvolvimento econômico, com
base nas políticas sociais e na busca pelo diálogo para a obtenção de
soluções de paz para os conflitos.
No primeiro semestre de 2012, o intercâmbio comercial entre o Brasil e
a França atingiu US$ 4,9 bilhões, o que representa aumento de 7,8% em
relação ao mesmo período do ano passado. De 2001 e 2011, o estoque de
investimentos franceses no Brasil cresceu cerca de US$ 19 bilhões. Em
2011, a França foi o quinto maior investidor no Brasil, segundo dados do
governo.
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