Gauss
foi concebido para roubar dados de vários bancos libaneses, mas também
tem como alvos usuários do Paypal e clientes Citibank
A Kaspersky Lab anunciou a descoberta de
Gauss, uma nova ciberameaça cujo alvo são usuários do Oriente Médio.
Gauss é uma ferramenta de ciberespionagem criada e mantida por um Estado
para tarefas de espionagem e roubo de dados confidenciais, com especial
foco em senhas, credenciais de contas bancárias online, cookies e
configurações específicas dos equipamentos infectados. A funcionalidade
do Trojan bancário Gauss tem características únicas que não se encontram
em nenhuma outra ciberarma descoberta anteriormente.
O Gauss foi descoberto em uma
investigação iniciada pela agência das Nações Unidas para a Informação e
Comunicação Tecnológica (ITU), depois de detectar o Flame. As
investigações da ITU querem revelar os riscos das ciberarmas como um
componente-chave na guerra contra o terrorismo global. A ITU, aliando-se
à experiência da Kaspersky Lab, está tomando decisões importantes para
fortalecer a segurança geral através da colaboração ativa com todas as
partes envolvidas no processo, tais como governos, setor privado,
organizações internacionais e sociedade civil, além dos seus principais
parceiros dentro da iniciativa ITU-IMPACT.
Analistas da Kaspersky Lab descobriram o
Gauss através da identificação de pontos em comum com outras pragas
como o Flame, já que inclui plataformas de arquitetura, estruturas
modulares, códigos de base e sistemas de comunicação com os servidores
de comando e controle (C&C) similares.
Principais descobertas:
A análise indica que o Gauss apareceu em
setembro de 2011, sendo detectado em junho de 2012, como resultado de
uma profunda investigação do Flame, devido às fortes semelhanças entre
ambos.
• A infraestrutura C&C do Gauss foi
encerrada em Julho de 2012, pouco depois da sua descoberta. Atualmente, o
malware encontra-se em estado dormente, à espera de um servidor C&C
para poder reativar-se.
• Desde o final de maio de 2012, foram
registadas mais de 2.500 infecções no sistema de segurança em nuvem da
Kaspersky Lab. O número total estimado de vítimas deve ultrapassar
dezenas de milhares – número inferior ao Stuxnet, mas é
significativamente maior que o número de ataques do Flame e do Duqu.
• O Gauss rouba informações detalhadas
de equipamentos infectados, incluindo o histórico do navegador, cookies,
senhas e configurações do sistema. Também é capaz de roubar credenciais
de acesso aos diferentes sistemas de banco online e métodos de
pagamento.
• A análise ao Gauss indica que ele foi
concebido para roubar dados de vários bancos libaneses, incluído o Banco
de Beirut, o EBLF, BlomBank, ByblosBank, FransaBank e Credit Libanais.
Além disso, tem como alvos clientes do Citibank e do PayPal.
A investigação revelou que os primeiros
ataques do Gauss remontam setembro de 2011 e, em julho de 2012, os seus
servidores deixaram de funcionar. Vários módulos do Gauss serviam para
recolher informação dos browsers, incluindo o histórico de sites
visitados e senhas. Os dados sobre o equipamento infectado eram enviados
aos responsáveis pelos ataques, incluindo detalhes das interfaces de
rede, dos discos e a informação da BIOS.
Outra característica fundamental do
Gauss é a sua capacidade de infectar Pen Drives, utilizando a
vulnerabilidade LNK – a mesma utilizada pelo Stuxnet e Flame. Ainda que o
processo de infecção de memórias USB seja mais inteligente, já que o
Gauss é capaz de “desinfectar” a unidade em determinadas circunstâncias e
utilizar estes dispositivos removíveis para armazenar a informação em
arquivos ocultos.
Outra particularidade deste Trojan é a
sua capacidade de instalar uma fonte chamada de “Palida Narrow”, – cuja
função ainda é desconhecida. Ainda que o Gauss seja semelhante ao Flame,
a localização das infecções é diferente. A maioria dos computadores
infectados pelo Flame estava no Irã e os do Gauss, no Líbano. O número
de infecções também é diferente. Segundo as bases da Kaspersky Security
Network (KSN), o Gauss atingiu cerca de 2500 equipamentos. Em
comparação, o Flame foi significativamente menor, infectando cerca de
700 computadores.
Segundo Alexander Gostev, diretor de
segurança da Kaspersky Lab, o Gauss é semelhante ao Flame, como o seu
desenho e a base do código, o que permitiu descobrir o malware. “Tal
como o Flame e o Duqu, Gauss é um complexo conjunto de ferramentas de
ciber-espionagem, que opera com sigilo e em segredo. No entanto, o seu
propósito é diferente, já que o Gauss dirige-se a múltiplos utilizadores
em países selecionados, com a finalidade de roubar grandes quantidades
de dados, com um enfoque específico em informação bancária e
financeira”, afirma.
Fonte: Tech Lider.
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