O
ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial completa este mês 70 anos.
Entre os dias 15 e 17 de agosto de 1942, um submarino alemão, batizado
U-507, atacou cinco navios brasileiros na costa nordestina. Assim como
os ataques japoneses à base norte-americana de Pearl Harbor, em 1941,
foram determinantes para o ingresso dos Estados Unidos na Segunda
Guerra, o episódio nas águas brasileiras da Bahia e Sergipe também
provocou o envio das tropas brasileiras ao conflito mundial. Detalhes
sobre estes acontecimentos são desvendados com o livro, recém-lançado,
"U-507 - O Submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra Mundial", do
jornalista Marcelo Monteiro, com prefácio de Luis Fernando Verissimo.
A dimensão do drama humano dos ataques do submarino alemão está no fato de que ao longo de um ano de batalhas na Itália, para onde a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi enviada, 465 soldados foram mortos. "Apenas naqueles três dias de agosto de 1942 foram 607 civis brasileiros mortos", destaca o autor do livro, Marcelo Monteiro. Ele compara o episódio brasileiro ao ataque japonês a Pearl Harbor, que vitimou 2,4 mil norte-americanos. "Guardadas as devidas proporções, é claro, o U-507 é o nosso Pearl Harbor. Só que, nos Estados Unidos, todos conhecem o episódio, em detalhes. Aqui, no Brasil poucos sequer ouviram falar no U-507", afirma.
Após os ataques com torpedos do submarino alemão U-507 aos navios na costa brasileira, o governo do presidente Getúlio Vargas, que até então mantinha o País em uma posição neutra em relação ao conflito global, foi obrigado a ceder à revolta popular que o episódio gerou, declarando guerra às nações do chamado bloco do "Eixo", liderados pela Alemanha, Itália e Japão. Assim, o Brasil ingressou nos campos de batalha apoiando o bloco dos "Aliados", liderados por Estados Unidos, antiga União Soviética e Reino Unido.
O livro-reportagem conta a história de alguns dos personagens que vivenciaram os torpedeamentos do U-507. Segundo o autor, a apuração começou pela busca, em especial, por uma das sobreviventes do navio Itagiba, um dos atacados pelo Eixo, em 17 de agosto de 1942. À época, com quatro anos, Walderez Cavalcante foi resgatada após permanecer horas boiando dentro de uma caixa de madeira. "Por mais de dois anos a procurei, a partir de catálogos telefônicos. Com mais de 74 anos, pensava eu, já havia morrido. Fiz, então, uma tentativa desesperada nas redes sociais e, para minha surpresa, lá estava dona Walderez, ostentando em seu perfil o orgulho de ter sobrevivido ao naufrágio", diz Monteiro.
O livro resgata reportagens publicadas pela imprensa nacional durante a segunda quinzena de agosto de 1942, arquivadas em bibliotecas, museus e fundações em Salvador (BA), Valença (BA), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Em conjunto, vários documentos oficiais militares são apresentados, ajudando a explicar as razões que levaram o Brasil a entrar na guerra. "Em geral, se fala da consequência, da participação da FEB no front italiano, mas nunca se comenta a causa, ou seja, o que levou o Brasil a declarar guerra. O livro busca preencher essa lacuna", explica Monteiro.
Além das notas oficiais expedidas pelos governos brasileiro e alemão, divulgadas pela imprensa da época, outra peça fundamental para apuração, diz o autor, foi o diário de bordo do U-507, assinado pelo comandante do submarino, com detalhes sobre o deslocamento e os registros dos ataques em águas brasileiras. Após três anos e meio de pesquisa, o autor questionou no livro algumas informações que se perpetuaram ao longo da história sobre o episódio, como a quantidade de disparos do submarino alemão a cada navio brasileiro, de ataques com metralhadoras e até saques às pequenas embarcações que resgatavam os sobreviventes.
Outro fato curioso seria a presença nos navios de "romeiros", que seguiam para um Congresso Eucarístico, que aconteceria em setembro daquele ano, em São Paulo. "Tratando-se de um País extremamente religioso, é possível que tal boato não tenha sido erro de apuração jornalística, mas sim uma versão elaborada, propositadamente, com o sentido de aumentar ainda mais a revolta popular e consequente mobilização para entrada na guerra", afirma, argumentando que dos cinco navios atacados, quatro faziam o sentido inverso, partindo da região Sudeste, e a outra embarcação estava carregada de sucata.
U-507 - O SUBMARINO QUE AFUNDOU O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Lançamento nacional, quinta-feira (16), às 19 horas, na Bienal do Livro de SP. O evento coincide com os 70 anos dos torpedeamentos, ocorridos entre 15 e 17 de agosto de 1942.
Páginas: 344. Editora: Schoba. Preço: R$ 49. Vendas: Em todas as lojas da Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br) e no site da Editora Schoba (www.editoraschoba.com.br)
Fonte: UOL
A dimensão do drama humano dos ataques do submarino alemão está no fato de que ao longo de um ano de batalhas na Itália, para onde a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi enviada, 465 soldados foram mortos. "Apenas naqueles três dias de agosto de 1942 foram 607 civis brasileiros mortos", destaca o autor do livro, Marcelo Monteiro. Ele compara o episódio brasileiro ao ataque japonês a Pearl Harbor, que vitimou 2,4 mil norte-americanos. "Guardadas as devidas proporções, é claro, o U-507 é o nosso Pearl Harbor. Só que, nos Estados Unidos, todos conhecem o episódio, em detalhes. Aqui, no Brasil poucos sequer ouviram falar no U-507", afirma.
Após os ataques com torpedos do submarino alemão U-507 aos navios na costa brasileira, o governo do presidente Getúlio Vargas, que até então mantinha o País em uma posição neutra em relação ao conflito global, foi obrigado a ceder à revolta popular que o episódio gerou, declarando guerra às nações do chamado bloco do "Eixo", liderados pela Alemanha, Itália e Japão. Assim, o Brasil ingressou nos campos de batalha apoiando o bloco dos "Aliados", liderados por Estados Unidos, antiga União Soviética e Reino Unido.
O livro-reportagem conta a história de alguns dos personagens que vivenciaram os torpedeamentos do U-507. Segundo o autor, a apuração começou pela busca, em especial, por uma das sobreviventes do navio Itagiba, um dos atacados pelo Eixo, em 17 de agosto de 1942. À época, com quatro anos, Walderez Cavalcante foi resgatada após permanecer horas boiando dentro de uma caixa de madeira. "Por mais de dois anos a procurei, a partir de catálogos telefônicos. Com mais de 74 anos, pensava eu, já havia morrido. Fiz, então, uma tentativa desesperada nas redes sociais e, para minha surpresa, lá estava dona Walderez, ostentando em seu perfil o orgulho de ter sobrevivido ao naufrágio", diz Monteiro.
O livro resgata reportagens publicadas pela imprensa nacional durante a segunda quinzena de agosto de 1942, arquivadas em bibliotecas, museus e fundações em Salvador (BA), Valença (BA), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Em conjunto, vários documentos oficiais militares são apresentados, ajudando a explicar as razões que levaram o Brasil a entrar na guerra. "Em geral, se fala da consequência, da participação da FEB no front italiano, mas nunca se comenta a causa, ou seja, o que levou o Brasil a declarar guerra. O livro busca preencher essa lacuna", explica Monteiro.
Além das notas oficiais expedidas pelos governos brasileiro e alemão, divulgadas pela imprensa da época, outra peça fundamental para apuração, diz o autor, foi o diário de bordo do U-507, assinado pelo comandante do submarino, com detalhes sobre o deslocamento e os registros dos ataques em águas brasileiras. Após três anos e meio de pesquisa, o autor questionou no livro algumas informações que se perpetuaram ao longo da história sobre o episódio, como a quantidade de disparos do submarino alemão a cada navio brasileiro, de ataques com metralhadoras e até saques às pequenas embarcações que resgatavam os sobreviventes.
Outro fato curioso seria a presença nos navios de "romeiros", que seguiam para um Congresso Eucarístico, que aconteceria em setembro daquele ano, em São Paulo. "Tratando-se de um País extremamente religioso, é possível que tal boato não tenha sido erro de apuração jornalística, mas sim uma versão elaborada, propositadamente, com o sentido de aumentar ainda mais a revolta popular e consequente mobilização para entrada na guerra", afirma, argumentando que dos cinco navios atacados, quatro faziam o sentido inverso, partindo da região Sudeste, e a outra embarcação estava carregada de sucata.
U-507 - O SUBMARINO QUE AFUNDOU O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Lançamento nacional, quinta-feira (16), às 19 horas, na Bienal do Livro de SP. O evento coincide com os 70 anos dos torpedeamentos, ocorridos entre 15 e 17 de agosto de 1942.
Páginas: 344. Editora: Schoba. Preço: R$ 49. Vendas: Em todas as lojas da Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br) e no site da Editora Schoba (www.editoraschoba.com.br)
Fonte: UOL
0 Comentários