A cidade de Moadamiya al Sham, nos arredores de Damasco, foi cenário
nesta terça-feira de fortes bombardeios durante alguns funerais, assim
como da execução de 40 pessoas.
Nesta cidade, os grupos
opositores denunciaram uma forte ofensiva das tropas governamentais para
recuperar seu controle das mãos dos insurgentes, assim como a
descoberta de 40 cadáveres. O massacre aconteceu no mesmo dia em que o
regime de Assad criticou a ameaça dos Estados Unidos de intervir
militarmente no país árabe.
O ativista da rede "Shaam" nessa
área, Suhaib al Qasem, explicou à Agência Efe via internet que as
vítimas foram executadas e que seus corpos foram encontrados no porão de
um edifício.
Os Comitês de Coordenação Local (CCL) e a
Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS) confirmaram a matança e
afirmaram que o edifício no qual os corpos foram descobertos está
situado próximo da mesquita de Omar.
Além desta execução
sumária, os ativistas informaram que um helicóptero realizou bombardeios
nos funerais das vítimas dos ataques de ontem, causando mais de 20
mortes.
As localidades dos arredores de Damasco, como Misraba e
Duma, foram as principais afetadas pelos ataques das tropas
governamentais, que também bombardearam os bairros de Al Qadam, Al Asali
e Al Mezzeh.
No resto do país, a violência castigou as
províncias de Deraa, Deir ez Zor, Homs e Aleppo, onde houve duros
combates entre as forças governamentais e os rebeldes.
Na
cidade de Aleppo, um ativista identificado como Abu Naeem afirmou em
entrevista à Efe que os confrontos transformaram os bairros de
Salahedin, Seif al Daula, Al Shaar e Tariq al Bab em áreas
intransitáveis e muito perigosas para os civis.
Abu Naeem lamentou que muitas pessoas perderam suas casas e estão dormindo na rua, além da falta de alimentos e remédios.
Também em Aleppo, os grupos opositores informaram que os bombardeios
em um novo ataque contra uma padaria no bairro de Aquiul causaram a
morte de mais de 20 pessoas.
Em Abukamal e Deir ez Zor, houve
combate entre o Exército Livre da Síria (ELS) e as forças do regime, nas
proximidades da sede do partido governista Baath.
O número de
mortos somente hoje, incluindo os corpos encontrados em Moadamiya al
Sham, oscila entre os 130 e 180, dependendo das fontes.
Estes
fatos coincidem com a reunião em Moscou do vice-primeiro-ministro sírio,
Qadri Jamil, com o chanceler russo, Serguei Lavrov. Ele pediu às
autoridades sírias que se esforcem para uma reconciliação entre as
autoridades e a oposição armada, e considerou que esta é a única via
para pôr um fim ao conflito.
Neste sentido, Jamil afirmou que o
regime sírio poderia cogitar a renúncia de alguns de seus membros, se
tal assunto for levantado em eventuais negociações com a oposição.
Além disso, Jamil tachou de propaganda eleitoral as afirmações do
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre o uso de armas
químicas na Síria o que poderia precipitar uma ação militar americana.
"Desde o veto russo-chinês (no Conselho de Segurança da ONU) o
Ocidente procura uma possibilidade para a intervenção militar na Síria,
mas nós devemos dizer que essa invasão é impossível", concluiu.
A Síria garantiu no último mês de julho que está disposta a utilizar
seu arsenal químico em caso de agressão externa, mas não contra a
oposição armada. A ameaça foi condenada pela comunidade internacional.
Já o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão da oposição
no exílio, anunciou hoje em Paris que estuda a formação de um "governo
de transição".
Fonte: Terra
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