O Oriente Médio tenciona importar água potável da América do Sul e está criando reservas estratégicas com caráter de urgência.
A Índia e o Paquistão podem
envolver-se em um novo conflito devido à água. Os analistas advertem que
a falta de água na Ásia pode provocar novas guerras nesse continente.
O
bloqueio do Estreito de Ormuz, algo que o Irã está constantemente
ameaçando, é associado, em primeiro lugar, ao colapso petrolífero
mundial.
Entretanto, para uma série de monarquias do
Golfo Pérsico, isso significa que poderão ficar sem água potável. Uma
grande parte da água consumida na Arábia Saudita, Kuwait, Qatar e
Emirados Árabes é importada através do estreito de Ormuz.
Para
não ser alvo de um bloqueio que impeça a importação de água, estão
sendo feitos os planos mais fantásticos. Assim, os Emirados Árabes
preconizam a importação de água das geleiras da Patagónia, uma região da
América do Sul. Autoridades dos Emirados Árabes até já se deslocaram ao
Chile para ver as geleiras.
Durante a primeira
guerra no Golfo Pérsico, as tropas de Saddam Hussein, atacaram as
plantas de dessalinização de água. Agora existe o perigo do mesmo
acontecer em caso de conflito no estreito de Ormuz.
Por isso, na região
está sendo elaborado um projeto de criação de um sistema de tubagens
único, ligando as plantas de dessalinização e que irá substituir as
canalizações existentes em caso destas serem atingidas.
Soube-se
também que o Qatar tenciona investir cerca de três bilhões de dólares
na construção de reservatórios, que permitirão fazer uma reserva de água
potável para uma semana. Planos semelhantes existem também nos Emirados
Árabes.
É claro que tais grandiosos planos não podem
ser uma panaceia para a crise da água. Por isso, uma falta aguda deste
produto vital pode provocar um conflito armado.
A
situação ainda é mais grave no Sul e Sudeste da Ásia: nesta região,
parece que já há quem se prepare para entrar em guerra pela água dos
rios. A Índia e o Paquistão, que já estiveram em guerra três vezes,
estão à beira de novo conflito: Islamabad acusa Nova Deli de “terrorismo
da água”, ou seja, do desvio de água com a construção de uma usina
hidroelétrica no rio transfronteiriço Indo e, consequentemente, da
tentativa de controlar a água que chega ao país vizinho e que é
utilizada nas plantações, o que destrói a sua economia.
A
China também pode criar problemas à Índia. Os seus projetos de usinas
hidroelétricas no rio Brahmaputra e outros rios do Tibete podem deixar
sem água milhões de camponeses indianos. O investigador Dmitri Mosiakov,
da Universidade de Humanidades de Moscou, disse à Voz da Rússia que o
Laos, o Vietnã e a Tailândia enfrentam o mesmo problema desde há algum
tempo, devido à construção de barragens para a central hidroelétrica
chinesa no rio Mekong:
“Os conflitos pela
água potável nesta região, com o seu vertiginoso crescimento
populacional, crescimento econômico e aumento do consumo de água, se
converetem num fator importante de agravamento da situação. Talvez seja
necessário um esforço extraordinário por parte da comunidade
internacional para regulamentar a partilha e o usufruto dos recursos
hídricos. Há muitos casos em que um rio atravessa o território de
diversos países. Isso provoca graves conflitos. Acontece que o país
proprietário da parte alta do curso de água praticamente pode
administrar todo o curso sem consultar os países vizinhos nem considerar
os seus interesses”.
Ao mesmo tempo, é bom recordar
que o continente asiático prosperou de maneira impressionante nos
últimos 20 anos, registando o maior crescimento entre todas as regiões
do mundo. Estes países têm agora todas as condições para encontrar uma
resposta adequada a este desafio, que ameaça a segurança e o bem-estar
dos seus povos.
Fonte: Voz da Russia
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