A União Europeia (UE) rejeitou nesta terça-feira, em notificação enviada
à Organização Mundial do Comércio (OMC), as alegações do governo dos
Estados Unidos de que teria eliminado todos os subsídios à americana Boeing.
Fontes diplomáticas informaram que Bruxelas pediu novas consultas com
Washington por considerar que a notificação americana do último domingo -
na qual os EUA afirmavam que cumpriram a exigência da OMC de retirar
determinadas ajudas estatais à Boeing - não se ajusta à realidade.
A UE explicou que revisou as anunciadas medidas do governo americano,
chegando à conclusão de que os EUA continuam mantendo uma série de
subsídios, disseram as fontes.
Em sua reivindicação, a UE disse que as ações e eventos enumerados
pelos EUA 'não representam uma retirada dos subsídios nem seus efeitos
adversos, como requer o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias
(SMC)' da OMC.
Os EUA garantiram no domingo que as medidas adotadas nos últimos meses
incluem a supressão de pagamentos e acessos a instalações, equipamentos e
funcionários facilitados pela Nasa em virtude de contratos públicos,
assim como de pagamentos e acesso a instalações e serviços do
Departamento de Defesa em favor da Boeing.
Washington reconheceu que as medidas favorecedoras resultaram em
vantagens competitivas de mercado para os modelos Boeing 737 e 787, e em
prejuízos competitivos para os modelos A320, A330 e A350 do consórcio
europeu Airbus.
As explicações não bastaram à UE, que argumentou que os EUA 'mantém
subsídios específicos que causam os atuais efeitos adversos aos
interesses da UE', e que Washington 'fracassou ao cumprir as
recomendações e decisões do Órgão de Solução de Controvérsias (OSD) da
OMC'.
Esta última notificação é mais um capítulo da batalha comercial vivida
há anos por EUA e UE, que se acusam mutuamente de subvencionar
ilegalmente seus respectivos gigantes aeronáuticos, Boeing e Airbus, e
apresentaram ações paralelas na Organização Mundial do Comércio.
No caso de Boeing, o OSD cifrou em US$ 5,3 bilhões o valor da ajuda
recebida entre 1989 e 2006, principalmente através de subsídios da Nasa e
do Departamento de Defesa e por meio de diversas isenções fiscais.
No caso da Airbus, a OMC ratificou que as ajudas foram de US$ 18
bilhões, e desde abril um painel do OSD avalia o descumprimento por
parte da UE das recomendações feitas em junho de 2011.
Fonte: Exame
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