As notícias da área bélica só ganham as manchetes nos
grandes eventos. No dia a dia, são citadas em sites especializados e
revistas internacionais. No Brasil, os comentários de bastidores estão
pegando fogo. Há críticas de todo lado, por se considerar que, na
escolha da empresa responsável pelo Sistema Integrado de Monitoramento
de Fronteiras (Sisfron), o governo optou pela Savis, desconhecida
empresa do grupo Embraer. Os especialistas dizem que foi outra empresa
do grupo Embraer, a Atech S/A, quem fez o projeto básico do
empreendimento. Como diria Arnaldo Cézar Coelho, a lei - de licitações, a
8.666 - é clara: quem fez o projeto básico, não pode participar da
licitação principal, pois teria enormes vantagens em relação aos
concorrentes.
A própria Embraer emitiu comunicado, informando a vitória do
consórcio Tepro - formado por suas coligadas Savis, Orbi Sat e Harpia.
Participaram da licitação inúmeros consórcios, entre os quais gigantes
como Odebrecht, Queiróz Galvão, Andrade Gutierrez - esta junto com a
francesa Thales, a antiga Thomson - OAS, Sinergy - de German Efromovich -
em associação com a Embratel, do homem mais rico do mundo, Carlos Slim.
Cada processo teria 20 mil páginas, tendo tudo sido julgado em apenas
16 dias úteis. O editor do site Defesanet, Nelson During, afirmou: "As
empresas, temerosas de questionar o Exército Brasileiro ou a Embraer
Defesa e Segurança, tendem a aceitar a decisão".
No setor, teme-se que a Embraer saia na frente em outros projetos
bilionários, como ocorrerá brevemente com satélites de comunicação. O
Sisfron envolve R$ 12 bilhões, mas a parte agora entregue à Embraer se
limita a R$ 1 bilhão. A Embraer tem 51% da Visiona, empresa criada para
tratar de satélites geoestacionários. Questiona-se, no mercado que, como
49% da Visiona pertencem ao governo - via Telebrás - essa empresa tenha
status especial em Brasília, ou seja, que venha a ser tida como quase
estatal.
Uma fonte explica à coluna ser admissível, no mercado mundial, a
GFEs, ou seja, empresas que o governo exige que sejam utilizadas - na
sigla em inglês para government furnished equipment. A Embraer comprou a
Orbisat após esta ter ganho contrato de produção de radares. Como o
Exército desenvolveu excelentes radares - Saber M60 e Saber M200, além
do Sentir - a força armada tem o direito de impor a Orbisat. O que
setores políticos temem é que, em vez de diversas empresas estratégicas
de defesa (EED), como criado por lei, surja uma empresa semi-estatal de
Defesa, a Embraer misturada com a Telebrás - recebendo consentimento
tácito de parte do Governo Federal.
Fonte: Monitor Mercantil
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