A Icarus Interstellar é uma fundação sem fins lucrativos que sugere um novo modelo de nave espacial, pensando no futuro da raça humana como colonizadora de outros corpos celestes. Conhecida como VARIES (sigla em inglês para Sistema de Foguete Interestelar de Vácuo para Antimatéria), a nave se baseia num sistema de propulsão que desafia o senso comum: ela extrai energia do vácuo espacial.

Cobrir as enormes distâncias do espaço em um veículo é um desafio de engenharia que ganha novas ideias constantemente. Questões como combustível vasto, autonomia e velocidade ditam as necessidades de uma nave que ambicione levar a humanidade para longe da Terra. Pensando nisso, os engenheiros que sugerem a VARIES como solução chegaram a conclusão de que a melhor forma de empurrar a nave é usando o que mais abunda no espaço sideral: vácuo.

A ideia é aproveitar um fenômeno quântico conhecido como flutuação: ele atesta, em resumo, que não há vácuo absoluto e que mesmo no “nada” espacial, partículas surgem do nada, sempre aos pares. Uma partícula e uma antipartícula espocam juntas para a existência, anulando-se mutuamente e criando energia.
O objetivo é usar essa energia gerada da aniquilação das partículas. A grande questão é que canalizá-la seria algo monstruosamente distante da nossa tecnologia. Por isso, os inventores do VARIES pensaram em usar um laser colossal para forçar o vácuo a gerar esses pares de partículas. Uma vez disparado, o raio laser cria uma boa quantidade desses pares. Ao aniquilarem-se, eles geram a energia que acelera indefinidamente a nave: enquanto houver energia para acender o laser, haverá propulsão inesgotável para a nave.

Usar a aniquilação de matéria e antimatéria é uma sugestão brilhante porque a aniquilação de uma pela outra gera enormes quantidades de energia – a transformação total da massa em energia faz desse par o combustível ideal: não há resíduos. A única dependência do sistema é a luz solar, necessária para alimentar as baterias do laser.

A VARIES teria quilômetros e quilômetros quadrados de painéis solares para funcionar e, uma vez esgotada a energia do laser, para se mover, ela teria de encontrar uma estrela próxima – algo que pode ser um pouco difícil levando-se em conta as distâncias espaciais.

A tecnologia para aproveitar energia desse processo de aniquilação já foi usada em pequena escala em laboratório. A grande questão é que não há meios de se construir, hoje e no futuro próximo, um emissor laser tão grande e poderoso.