O governo chinês denunciou nesta segunda-feira, 29, que islamitas
chineses da região separatista de Xinjiang (Turcomenistão do Leste)
estão se juntando aos insurgentes sírios que tentam derrubar o governo
do presidente Bashar Assad. Segundo o diário estatal chinês Global Times,
radicais islâmicos dos uigures, uma etnia sino-turca de Xinjiang, estão
viajando até a Turquia desde maio, onde atravessam a fronteira para a
Síria e se juntam aos rebeldes.
O jornal citou autoridades chinesas que lutam contra o terrorismo. As
autoridades teriam dito que os extremistas estão financiando suas
atividades com crimes, como o tráfico de armas e drogas, sequestros e
roubos.
"Após receberem ordens da rede terrorista Al-Qaeda, os terroristas da
China vão à Síria para se encontrar com os jihadistas que já atuam no
local, antes de partirem para a frente de batalha", disse a reportagem
do Global Times, que citou fontes não identificadas. O governo
chinês é aliado do presidente sírio Bashar Assad e reprime seus próprios
separatistas, sejam tibetanos, uigures ou mongóis.
A presença de combatentes estrangeiros entre os rebeldes sírios tem
sido denunciada pelo governo de Damasco, mas geralmente esses
combatentes são líbios, magrebinos, sudaneses, turcos, azeris. É a
primeira vez que chineses são incluídos entre os insurgentes sírios.
O Global Times afirma que dois grupos de separatistas
uigures estão enviando combatentes à Síria: o Movimento Islâmico do
Turcomenistão do Leste e a Associação de Solidariedade do Turcomenistão
do Leste, ambos localizados na Turquia. A China afirma que os dois
grupos são organizações terroristas.
Durante o final do período imperial na China, os uigures conseguiram
montar uma república independente na região de Xinjiang, em grande parte
desértica, mas após 1949 ela foi incorporada à China. Hoje a maioria da
população é de chineses Han, imigrados do leste do país para a
província, onde fica o deserto de Gobi.
Os nacionalistas uigures, contudo, não aceitam a soberania chinesa.
Em 2009, violentos protestos em Urunchi, a capital da província,
deixaram pelo menos 200 mortos.
O especialista chinês em terror Li Wei disse que os combatentes
uigures lutaram em conflitos na Chechênia e no Afeganistão, e mantém uma
presença ativa em países de maioria muçulmana, do Sudeste Asiático ao
Oriente Médio. "Se eles estão na Síria, é algo que precisa ser
verificado no local, mas o histórico sugere que existe essa
possibilidade", disse Li, diretor de pesquisas sobre o terrorismo no
Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, um think
tank estatal em Pequim.
Fonte: Estadão
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