Uma coisa que me impressionou nos debates é como o presidente Barack
Obama foi cauteloso ao falar de seus dois projetos mais inovadores. O
programa Corrida Rumo ao Topo, criado para incentivar a inovação na área
da educação, já desencadeou uma onda de reformas nas escolas e sua
versão para veículos melhorou os padrões de desempenho e consumo de
combustível dos carros e caminhões fabricados nos EUA.
Obama mencionou esses programas no último debate, mas quero falar
mais de ambos, pois acho que representam o futuro de uma política
progressista em uma era de austeridade. Embora seja assustador para
Obama dizer com essas palavras, seus desafios nas escolas e na indústria
automotiva têm como base um único fato: os empregos de média
especialização e salários altos acabaram. Os únicos empregos de altos
salários serão os de trabalhadores altamente especializados, que exigem
uma formação melhor e mais completa. Os dois programas de Obama buscam
produzir empregos de elevada especialização e trabalhadores mais
especializados.
Com relação às escolas, o programa parte do princípio de que, se
agora vivemos num mundo em que todos os bons empregos de altos salários
exigem maior especialização, é preciso que o maior número possível de
escolas eduque seus alunos para que alcancem altos padrões ao se
prepararem para o nível superior e para iniciar uma carreira.
"Precisamos nos educar para aprimorar a economia", afirma o secretário
de Educação Arne Duncan. "O caminho para a classe média hoje passa
diretamente pela sala de aula."
O projeto de Obama para melhorar o desempenho dos carros até 2025,
liderado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) e pelo Departamento
dos Transportes, está produzindo inovações em Detroit, pois cada
montadora se empenhou em descobrir como melhorar o consumo de
combustível em 5% ao ano. "O principal órgão da indústria automotiva, o
Automotive News, costumava ser uma triste coleção de histórias de
concessionárias que fechavam as portas e estoques excedentes", observa
Hal Harvey, diretor da Energy Innovation. "Agora, os artigos sobre
tecnologia multiplicaram-se, todos voltados para o aumento da eficiência
do combustível."
Os custos dos carros econômicos subirão um pouco, mas a economia
criada será muitas vezes maior. A EPA estima que as famílias
economizarão US$ 1,8 trilhão em combustível e reduzirão o consumo de
petróleo em 2,1 milhões de barris por dia até 2025, o que equivale à
metade do petróleo que atualmente os EUA importam diariamente dos
membros da Opep. Isso representa a redução de 6 bilhões de toneladas
métricas de gases estufa ao longo da vida útil dos veículos vendidos até
2025 - mais que o total de dióxido de carbono emitido pelos EUA em
2010.
Fonte: Estadão
0 Comentários