O Centro de Realidade Virtual da Embraer, em São José dos Campos, um
dos mais avançados do mundo, é uma das razões que explicam o sucesso da
empresa, hoje considerada a terceira maior indústria aeronáutica do
mercado internacional.
Para alcançar essa posição, a Embraer
investe continuamente na mais avançada tecnologia de projetos e de
manufatura, exatamente como fazem suas maiores rivais, a Boeing e a
Airbus. E combina essa tecnologia com a competência e a criatividade de
seus engenheiros, projetistas e administradores.
No ambiente
futurista do Centro de Realidade Virtual nascem e evoluem todos os
projetos de novos aviões, a partir do uso de softwares que permitem à
equipe de engenheiros criar algumas das aeronaves mais modernas e
funcionais da atualidade.
Além de ganhar forma, os projetos são
testados em todos os seus detalhes por simuladores virtuais que mostram
as linhas de força de cada estrutura, na asa, no leme, na cabine e em
toda a superfície da aeronave. Todos os desenhos ganham mobilidade e
tridimensionalidade (3D).
Com o uso intensivo dessas ferramentas
digitais, a Embraer pode antecipar até a visão que o piloto terá do
painel de instrumentos, analisar o conforto da cabine ou cockpit, bem
como a funcionalidade de seus comandos. Pode saber, também,
antecipadamente, qual será a visão e o conforto dos passageiros.
Esses
programas ajudam os projetistas não só a criar novos modelos como a
atualizar e aprimorar permanentemente os melhores e mais avançados
aviões executivos do mundo.
Dois dos mais modernos softwares de
projeto, entre tantos outros, destacam-se na criação dos aviões da
Embraer. São o Catia (rimando com titia) e o PLM, sigla de Product
Lifecycle Management. Este último permite ao fabricante administrar todo
o ciclo de vida dos produtos, em um dos mais modernos centros de
realidade virtual do mundo com visualização 3D.
Competitividade.
Vale recordar que, desde sua fundação, há mais de 40 anos, a Embraer
nunca se preocupou em pleitear qualquer protecionismo ou exigir de seus
fornecedores, a qualquer custo, elevado conteúdo nacional de seus
componentes, peças e partes.
Para produzir um avião de classe
mundial é preciso selecionar o melhor fornecedor de cada peça ou parte,
seja da melhor turbina, do melhor trem de aterrissagem, seja ele
nacional ou estrangeiro. Se for brasileiro, melhor. Mas isso não é o
critério determinante.
Essa filosofia foi implantada desde os
primeiros dias da empresa, ainda como indústria estatal, sob a
presidência de Ozires Silva. A empresa nunca patrocinou qualquer forma
de privilégio ao fornecedor nacional, a não ser quando seu preço e
qualidade competem, realmente, com os concorrentes internacionais. É uma
estratégia que tem assegurado o maior grau de competitividade a seus
produtos e assegurado o crescimento constante de seu faturamento no
mercado de exportação, em patamar de muitos bilhões de dólares.
Outro
aspecto no qual o Brasil poderia inspirar-se é o do valor dos grandes
projetos de excelência a longo prazo, visto que a primeira semente da
indústria aeronáutica brasileira foi plantada, em 1950, com a criação do
Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), resultado de uma ideia
obsessiva do marechal do ar Casimiro Montenegro, que desejava implantar
no Brasil uma instituição universitária com padrões semelhantes às do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (o famoso MIT).
O ITA
formou os profissionais e deu a inteligência que evoluiu e se expandiu
com o Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) e, finalmente, em 1969, com a
criação da Embraer, por Ozires Silva.
Os aviões. Além de sua tão
bem-sucedida participação no mercado de aviões de passageiros de maior
capacidade, acima de 100 passageiros, e dos aviões militares, como os
Super Tucanos, a empresa está conquistando fatias cada dia mais
expressivas do mercado de jatos executivos no mundo, como os Legacy 600.
Frederico
Curado, presidente da empresa, lembra que a fabricação de aviões é uma
indústria de ciclos longos: "Primeiro vêm os ciclos de desenvolvimento
de produto, de cerca de 15 anos, seguidos de mais 15 ou 20 anos de
produção e entrega dos aviões. E, por fim, outros 15 ou 20 de apoio às
vendas. Assim, temos de manter toda uma estrutura para apoiar a máquina
por longo prazo".
Essa experiência acumulada de longo prazo
confere maior maturidade à empresa. Sua base comercial tem sido a
aviação comercial, que começou a ser diversificada há cerca de 10 anos,
com grande sucesso. A Embraer já alcança a posição mundial de quinto
maior fabricante de jatos executivos no mundo.
Curado recorda que a
Embraer está presente em diversos países, incluindo a China, onde
produzirá e entregará em 2013 o primeiro jato executivo fabricado
naquele país, o Legacy 650. Nos Estados Unidos, a Embraer está presente
há mais de 30 anos, na Flórida, onde também está produzindo jatos
executivos.
O cenário internacional para o mercado aeronáutico
está recessivo em alguns locais, como é o caso específico da Europa. Nos
Estados Unidos, espera-se pequeno crescimento. A China, apesar da
redução do ritmo de crescimento, ainda ostenta taxas de 7% a 8%.
Prestígio
mundial. Poucas empresas brasileiras gozam de prestígio tão grande no
mundo quanto a Embraer. Quem dialoga com suas concorrentes, como Boeing,
Airbus, a francesa Dassault ou mesmo a IAI (Israel Aircraft Industry),
ouve referências muito positivas à empresa brasileira. O presidente da
Dassault, Bernard Charlès, em recente entrevista a este jornalista,
destacou a excelência da tecnologia utilizada pela Embraer e seus
líderes mais importantes nessa área, como o ex-vice-presidente, Satoshi
Yokota, responsável pelo grande avanço das tecnologias digitais na
empresa.
Fonte: Estadão/MSN
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