Durante a visita que fará a Moscou nas primeira quinzena de dezembro, a presidente Dilma Rousseff voltará a ser alvo das gestões do presidente Vladimir Putin para assumir compromissos de compra de equipamentos militares russos. Esta é a moeda de troca que Putin e seu antecessor Dmitri Medvedev ofereceram nos encontros anteriores para levantar o embargo às exportações de carnes do Brasil.Conforme apurou o BRASIL ECONÔMICO,as pressões devem se repetir na próxima audiência no Kremlin, em meio ao rigoroso inverno russo.
Como contra-partida a abertura do mercado russo de carnes ao Brasil, fontes do Palácio do Planalto admitem que Putin deve voltar a pedir preferência Brasileira para a aquisição de armamento russo. Do mesmo modo, também pode pressionar o Brasil a reconsiderar a exclusão dos aviões de combate Sukhoi da concorrência de aquisição dos 36 caças que servirão à Força Aérea Brasileira (FAB). Mas essa é considerada hipótese mais remota. Se aos brasileiros interessa retomar o volume de exportações de carnes, principalmente suína, interrompido desde meados de 2011, quando restrições foram impostas à produção nacional, aos russos interessa abrir mercados para o comércio de armas na América Latina como forma de compensar perda espaços estratégicos no Norte da África e no Oriente Médio. Por conta das sanções da ONU à Líbia, a Rússia deixou de vender US$ 2 bilhões em armas ao país, segundo oficiais.Também houve perdas pesadas no comércio com o Irã.
O Ministério da Defesa admite o interesse da Rússia em aproveitar programas de modernização das Forças armadas.O Brasil seria um dos principais alvos na esteira dos acordos já firmados com a Venezuela que nos últimos anos se tornou um grande comprador de armamento russo com a aquisição de armas, helicópteros e aviões. A Rússia exportará de armamentos num montante de US$ 13,5 bilhões este ano, segundo estimativa das autoridades de Moscou.
A entrada dos equipamentos russos no Brasil já foi iniciada com a aquisição de 12 helicópteros MI-35 e que tem agradado os militares. Há interesse também em vender os carros de combate Tiger, que já foi apresentado em teste no Rio de Janeiro. E fala-se ainda dos tradicionais lança-foguetes. Nos bastidores do Ministério da Defesa, ouve-se que essas negociações quebraram preconceitos em relação aos equipamentos russos, por problemas de logística e manutenção. Pesa também a resistência da Rússia em ser mais flexível na transferência de tecnologia. Esse foi o principal motivo que pesou na decisão que eliminou os caças Sukhoi.
O Ministro da Defesa, Celso Amorim, disse ontem que ainda não há definições sobre a aquisição dos 36 caças da FAB. Segundo ele, a questão será decidida pela presidente Dilma Rousseff. A concorrência tem três finalistas: Gripen, da sueca SAAB, o Rafael, da francesa Dassault, e os F-18, da americana Boeing. Militares acreditam que “novela” dos caças só chegará ao fim em 2013.

Fonte: Brasil Econômico - NOTIMP/FAB