Os novos aviões, fabricados pela Embraer, têm mais que o dobro de
potência dos T-27 Tucano que hoje equipam o Esquadrão de Demonstração
Aérea (EDA). As apresentações vão mudar, inclusive com a volta da
manobra conhecida como “Lancevack”, quando o avião faz uma série de
"cambalhotas" rápidas pra frente.
A entrega das duas primeiras unidades do Super Tucano ocorreu nesta
segunda-feira (1/10), na Academia da Força Aérea (AFA), sede do EDA, em
Pirassununga, interior de São Paulo. "É com um misto de júbilo e
saudosismo que testemunhamos o T-27 Tucano passar a liderança do voo
para o A-29 Super Tucano. Pousa o ágil bailarino e decola o destro
guerreiro. Essa mudança é um marco na história", afirmou o
Major-Brigadeiro do Ar José Magno Resende de Araújo, Chefe do Gabinente
do Comandante da Aeronáutica, durante a cerimônia de entrega. Os
demais aviões devem chegar em 2013.
Entre as principais diferenças entre as aeronaves está a velocidade.
Enquanto o Tucano atinge 448 km/h, o Super Tucano vai até 590 km/h.
"Existe uma considerável margem de manobra entre as velocidades
recomendadas pelo fabricante e aquela na qual a aeronave poderá iniciar
uma sequência acrobática, com uma significativa reserva de energia",
analisa o Comandante da Esquadrilha, Tenente-Coronel-Aviador César
Esteves. Traduzindo: as manobras vão ser mais velozes e poderão
acontecer com um intervalo ainda menor, com mais intensidade.
A Fumaça vai deixar de voar um treinador, utilizado para instrução
de futuros aviadores no Brasil, para adotar um caça, o mesmo que faz a
vigilância das fronteiras do país.
O Super Tucano voa pela Força Aérea Brasileira desde 2005 com a
missão de formar os futuros pilotos de combate, bem como para missões
de ataque e de interceptação de aeronaves de baixo desempenho. Com
aviões desse tipo a FAB já destruiu pistas clandestinas na região
amazônica e forçou aeronaves de narcotraficantes a pousarem após tiros
de aviso. Além do Brasil, o modelo já foi exportado para oito países e
participa de uma concorrência para equipar a USAF, a Força Aérea dos
Estados Unidos.
Para o Coronel Esteves, além de substituir os Tucanos que já
completaram 29 anos de uso, essa chegada é um marco para a própria
indústria aeronáutica brasileira. "O EDA equipado com o A-29 irá
incrementar a missão de fortalecer a imagem da indústria aeronáutica
nacional, voando uma aeronave ainda em produção pela Embraer e com um
vasto mercado a ser explorado", explica. Anualmente, a Fumaça participa
de apresentações em outros países da Europa e América do Norte, Central
e Sul. Só em 2012 foram visitadas Argentina, Bolívia e Chile.
No esquadrão, os A-29 vão receber um esquema de pintura especial e
podem passar ainda por modificações para reduzir o peso, como a
retirada dos canhões, cofres de munição e suportes para armamentos. Mas
será mantido o conjunto de equipamentos eletrônicos que tornam o voo
no Super Tucano mais seguro e confortável, como as telas multifunção e
os sistemas de navegação e comunicação atualizados.
A turbina PT6A-68C, com 1.600 shp de potência, tem ainda um controle
digital que dá maior segurança para o tipo de voo da do EDA, quando os
pilotos aumentam e reduzem a força do motor muitas vezes e com grande
velocidade. Essas inovações frente aos antigos T-27 vão facilitar
também os traslados sobre oceanos e regiões como a Amazônia e a
Cordilheira dos Andes, cenários que não são estranhos para a
Esquadrilha da Fumaça.
Implantação
Em 2013, acontecerá a formação de pilotos e mecânicos e também serão
recebidas as demais aeronaves. O objetivo é que, a partir de 2014, o
EDA possa realizar toda a formação do seu efetivo na pilotagem e
manutenção do A-29.
Os preparativos para o recebimento dos Super Tucanos, no entanto, já
começaram no início do ano passado. Seis pilotos e 12 mecânicos do EDA
foram até Natal (RN), onde receberam instrução no caça no Esquadrão
Joker (2º/5º GAV), unidade da FAB responsável pela formação de pilotos
de combate.
Com um instrutor na cabine, os aviadores da Esquadrilha aprenderam a
voar no Super Tucano para em seguida testar as manobras das
apresentações. "O avião adaptou-se bem a nossa missão. Porém, com muito
treinamento, a Fumaça vai colocar estas acrobacias em sequência e a
baixa altura", explica o Major-Aviador Alexandre Ribeiro (veja
entrevista abaixo).
Quatro aviões são do modelo A-29B, para dois pilotos, e já servirão
para a readaptação dos aviadores que passaram pelo treinamento em
Natal. Os outros oito A-29 serão da versão A, para um piloto. Outra
novidade é que no futuro a Esquadrilha da Fumaça deverá receber um
avião de transporte para voos de apoio, como o transporte de mecânicos e
suprimentos.
Com 60 anos, o Esquadrão de Demonstração Aérea já voou aviões T-6,
T-24 e T-25, além dos T-27 Tucanos recebidos em 1983. Em 2002, após uma
parada de dois anos para revisão das aeronaves, a Esquadrilha
substituiu o antigo esquema de cores em vermelho e branco por um novo
que utiliza as cores da bandeira do Brasil. A chegada dos A-29 também
coincide com o fim da vida útil dos Tucanos, após aproximadamente de
2.300 demonstrações com esse tipo de aeronave.
Gráfico Comparativo
T-27 Tucano X A-29 Super Tucano
Fabricante: Embraer / Embraer
Emprego: Treinamento / Caça, ataque e treinamento
Motor: Turboélice Pratt & Whitney PT6A-25C de 750 Shp / 1 turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-68C de 1.600 shp de potência
Envergadura: 11,14 m / 11,14 m
Comprimento: 9,86 m / 11,30 m
Altura: 3,40 m / 3,97 m
Peso vazio: 1.810 Kg / 3.200 kg
Peso máximo: 3.175 Kg / 5.400 kg
Velocidade máxima: 457 Km/h / 590 km/h
Altitude máxima: 9.936 m / 10.665 m
Emprego: Treinamento / Caça, ataque e treinamento
Motor: Turboélice Pratt & Whitney PT6A-25C de 750 Shp / 1 turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-68C de 1.600 shp de potência
Envergadura: 11,14 m / 11,14 m
Comprimento: 9,86 m / 11,30 m
Altura: 3,40 m / 3,97 m
Peso vazio: 1.810 Kg / 3.200 kg
Peso máximo: 3.175 Kg / 5.400 kg
Velocidade máxima: 457 Km/h / 590 km/h
Altitude máxima: 9.936 m / 10.665 m
ENTREVISTA - Manobras foram testadas com sucesso em Natal, no ano passado
No passado, pilotos da Esquadrilha da Fumaça testaram com êxito
todas as manobras acrobáticas na aeronave A-29 Super Tucano. O
Major-Aviador Alexandre Ribeiro, oficial da operações da unidade,
participou dessa preparação. Leia entrevista:
Agência Força Aérea - Dá para comparar o Tucano com o Super Tucano?
Major-Aviador Alexandre Ribeiro - O T-27 é mais leve que o A-29 e
por isso é mais "dócil" para pilotar. Porém, o A-29 apresenta uma
grande superioridade de potência, além da aviônica de ponta. Estas duas
características ajudarão sobremaneira a pilotagem do Super Tucano na
"Esquadrilha da Fumaça".
Agência Força Aérea - A apresentação vai ser a mesma?
Major-Aviador Alexandre - Durante a avaliação do A-29 em Natal foram
realizadas com sucesso todas as manobras do atual "display" de
demonstração do EDA. Sobre as novas manobras já posso afirmar que o
Super Tucano é capaz de proporcionar a volta do nosso famoso Lancevak.
Agência Força Aérea - E a segurança?
Major-Aviador Alexandre - Sempre procuramos mais segurança e este
avião possuí um moderno sistema de avisos que facilita a ação do piloto
durante o gerenciamento de alguma pane. Outro item que muito nos
agradou foi o "horizonte artificial" apresentado no display na altura
de visão do piloto (“head up display”). Para as acrobacias há a
necessidade de se visualizar o horizonte para "desenharmos o céu", mas
nem sempre o céu esta azul ou o horizonte é de fácil definição como num
dia nublado num horizonte montanhoso. No A-29 o "horizonte" esta lá,
mesmo nestes dias e lugares!
Agência Força Aérea - O que significa esse momento de transição?
Major-Aviador Alexandre - Vida longa ao EDA.
Fonte: Agência Força Aérea - Via EDA
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