Um olhar do que está por vir muitas vezes vem envolto em mistério. Em meados de dezembro do ano passado, um pacote de quase 10 metros foi transportado pela Rota 77 dos Estados Unidos, suave e arredondado, embrulhado de frente para trás.

O objeto era quase perfeitamente parecido com o estereótipo de um OVNI (e enganou muitos espectadores), mas não era um. Na verdade, era um experimental X-47B da Marinha, o primeiro avião-robô autônomo capaz de pousar em um porta-aviões.


A Marinha deu um passo fundamental no dia 23 de janeiro deste ano em relação ao seu lançamento, com testes de reabastecimento autônomo em pleno voo. “Este é um divisor de águas para a aviação naval e é fundamental para o nosso sucesso com aviões não-tripulados de longo alcance no futuro”, disse o capitão Jaime Engdahl, gerente de programas do Sistema Aéreo de Combate Não-tripulado (UCAS, na sigla em inglês) da Marinha, em um comunicado de imprensa.

Esta última conquista no desenvolvimento de aviões-robôs é análoga a um carro em um mundo de carruagens puxadas por cavalos. A tecnologia autônoma é feita para robôs militares, uma tecnologia que em breve pode não só dominar as guerras modernas, mas também encontrar seu caminho em cada agregado familiar, para pior ou para melhor.

“Há sempre necessidade de se haver um evento alarmante, e isso justamente aconteceu,” disse Robert Oschler, programador de inteligência artificial (IA) e de sistemas de controle de eletroencefalograma para robótica doméstica.

Oschler disse que os últimos desenvolvimentos na tecnologia militar são ‘imensos’, observando que grandes mudanças na tecnologia de consumo muitas vezes começam com os militares.

O mercado consumidor da robótica foi quase destruído vários anos atrás. Pouco antes da crise financeira global, um pequeno dinossauro robô bonito conhecido como ‘Pleo’ fez uma rodada de apresentações, incluindo programas de televisão, como 20/20 e Ellen DeGeneres.

À medida que o desenvolvimento foi se desenrolando, o feedback do consumidor já estava apontando em uma direção específica: as pessoas não querem um robô programado pelo consumidor por um controle remoto. “Eles querem que seus robôs sejam autônomos”, Oschler disse. “É como se alguém dissesse antes de ir assistir TV hoje à noite que você tem que passar por essas oito etapas. As pessoas só querem se sentar em seu sofá, comer um pouco de pipoca e assistir TV.”

No entanto, antes do desenvolvimento ter avançardo ainda mais, o mercado morreu. “Ele estava começando a crescer e estava prestes a ser a próxima grande coisa, antes da crisefinanceira global tê-lo matado”, disse ele.

Um punhado de empresas resistiu à queda na robótica por causa do lucro com o mercado militar. Um pequeno punhado de outros, como a iRobot, fabricante do Roomba, sentou-se e esperou que o mercado abrisse novamente.

Mas a evolução na tecnologia robótica militar, juntamente com o mercado militar agora secando, poderia causar outra mudança. “Essas empresas vão precisar de alguma coisa para vender”, disse Oschler.

“O que eles vão fazer com os departamentos de desenvolvimento e pesquisa, o que eles vão projetar e vender agora que os mercados estão secando? Eles vão se voltar para o mercado consumidor”, disse ele.

Ética da Robótica

O surgimento de robôs está criando uma nova lista de questões sobre a ética, seja nas Forças Armadas, nos hospitais, em brinquedos, ou em espaços públicos.

Para uso militar, um prato inteiro de debates já esta sendo entregue ao Congresso americano, cheio de preocupações sobre quais serão as consequências da remoção de humanos, e da empatia humana, dos campos de batalhas. Quem vai ser responsabilizado pelas mortes injustificadas? E se os robôs entrarem em curto-circuito ou forem hackeados? Qual é a probabilidade de erro?

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, encarregado de proteger as vítimas de conflitos armados sob a Convenção de Genebra, já está no caso.

“A implantação de tais sistemas poderia refletir (…) uma grande mudança qualitativa na condução das hostilidades”, disse o presidente do comitê internacional, Jakob Kellenberger, numa conferência, segundo o Los Angeles Times. “A capacidade de discriminar, como exigido pelo [direito internacional humanitário], vai depender inteiramente da qualidade e da variedade de sensores e da programação empregadas dentro do sistema.”

E além de potenciais erros de computador (erros de programação), o erro humano será sempre um fator. Há o caso relevante do Mariner 1, da NASA, a primeira nave espacial do programa Mariner. A nave, lançada em 22 de julho de 1962, foi concebida para realizar um sobrevoo ao planeta Vênus, mas foi dado um comando de destruição pela NASA logo após o seu lançamento.

A causa da falha foi um erro de código de programação:  a falta de um hífen “permitiu a transmissão de sinais de orientação incorretos à espaçonave”, afirmou a Nasa em seu site.

Além disso, “… a omissão do hífen no programa de edição de dados fez com que o computador incorretamente aceitasse a frequência de varredura do receptor de solo. Isso fez com que o computador mudasse automaticamente a uma série de correções de curso desnecessários com comandos de direção errôneos que finalmente jogou a nave espacial para fora do curso”, afirma a Nasa.

No entanto, a marcha vindoura de robôs militares pode ser inevitável, simplesmente devido à necessidade de combater ou superar um armamento superior. Aviões não-tripulados já estão sendo desenvolvidos em todo o mundo, até mesmo encontrando espaço nos mercados doméstico e consumidor.

Fonte: Epoch Times