'Conseguimos comparar com o que houve na Região Serrana', diz coronel.
Avião não tripulado usado pela Defesa Civil para avaliar os
estragos em Xerém
Foto: Flight/Divulgação
As fortes chuvas que provocaram duas mortes e prejudicaram mais de 100
mil pessoas em Xerém, distrito de Duque de Caxias, em 3 de janeiro,
surpreenderam os profissionais da Defesa Civil do Rio de Janeiro, que só
conseguiram entender realmente o que aconteceu na semana passada,
quando um pequeno avião não tripulado (vant) sobrevoou a região e deu as
respostas.
Em vídeo divulgado ao G1 nesta semana,
realizado pelo vant, os engenheiros conseguiram ter a prova de que a
barragem que segurava as águas do Rio Capivari, que invadiu Xerém, havia
sido praticamente destruída.
Conhecidos pelo termo em inglês "drones", o uso de aviões não tripulados
é polêmico no mundo, tanto no meio civil quanto militar, por terem sido
empregados pelos Estados Unidos para matar terroristas no Afeganistão e
Iraque. Não há uma legislação específica no Brasil para seu uso, que
tem de ser autorizado pela Aeronáutica e a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac).
Segundo o diretor-geral da Defesa Civil fluminense, coronel Douglas
Paulich Júnior, o vídeo feito pelo vant permitiu ainda que o governo
pudesse comparar o que houve em Xerém com a tragédia que ocorreu em
janeiro de 2012 na Região Serrana do Rio, quando o acumulado de chuvas
deixou 911 mortos e mais de 400 mil moradores desabrigados.
"As imagens do avião não tripulado nos confirmaram que a tragédia em
Xerém foi de potencial menor que o que atingiu a Região Serrana. Esta
deste ano foi de uma magnitude muito grande, um processo bastante
agressivo também. Mas, ao contrário do que ocorreu no ano passado,
percebemos que em Duque de Caxias não houve deslocamento de pedras ou de
grandes blocos, ao contrário do que ocorreu na anterior. Neste caso, as
pedras apenas foram descobertas e ficaram à vista, mas não houve
movimentação de terra", afirma o oficial.
Imagem feita por avião não tripulado mostrou destruição da
barragem de Xerém (no topo da foto)
e que dique que represava o rio Capivari foi danificado, mas não rompido
(linha que
corta o leito do rio, no centro da foto) - Foto: Flight/Divulgação
A aeronave, chamada de Horus, foi cedida pela empresa Flight Technologies e sobrevoou a Baixada Fluminense entre os dias 15 e 18 de janeiro a cerca de cerca de 914 metros (3 mil pés).
O avião sobrevoou também o bairro Café Torrado, o mais atingido pelas
águas, e fez o percurso ao longo do leito do rio Capivari, permitindo
mapear uma área de 15 quilômetros de raio.
Em 2012, um avião experimental do Instituto Militar de Engenharia (IME),
que possui parceria com o governo fluminense, foi usado para sobrevoar a
Região Serrana e também captar imagens da destruição.
“Conseguimos localizar áreas onde a destruição se estendeu em até 10 ou
15 vezes à largura original do leito do Capivari. E também pontos de
estrangulamento da água, represados por casas, que não devem estar ali e
serão retiradas”, relatou o coronel Paulich Junior.
Vídeo comprovou destruição de barragem
A gravação irá ajudar também a prefeitura e os órgãos estaduais a
decidir quais locais serão prioritários para a remoção de entulhos, como
será feita a evacuação de pessoas que vivem em áreas de risco e em
locais ocupados irregularmente, por serem de preservação ambiental, e o
que deve ser feito para impedir que a invasão das águas se repita.
"O vídeo feito pelo vant confirmou também que a barragem que represava o
rio Capivari foi praticamente destruída. Nós não tínhamos certeza do
que havia acontecido. E o que se imaginava é que o grande volume de água
havia feito a barragem e o dique se romperem totalmente. Mas isso não
aconteceu. O vídeo mostrou que o muro foi danificado e a água passou por
cima, mas não rompeu”, explica o coronel.
No dia da tragédia houve boatos de que o dique havia se rompido
totalmente, mas só as imagens aéreas feitas pelos vant conseguiram
confirmar o tamanho da destruição do muro de contenção.
Segurança
O que sobrou do dique é que preocupa agora por representar um risco de
novas tragédias ao acumular água e detritos em seu interior.
“Vamos usar as imagens para analisar e preparar que será feito, pois a
represa pode continuar acumulando água e se tornar vulnerável, um fator
de risco. Esta barragem serviu para transpor material terroso para o
leito do rio, não funciona mais, está destruída, e teremos que pensar
talvez em demolir o que sobrou, pois ela não tem mais a mesma
funcionalidade de antigamente”, acrescenta ele.
Segundo Nei Brasil, proprietário da Flight, uma base de comando, que
controlava o voo do avião não tripulado e recebia as imagens enviadas
pelo avião, foi instalada a cerca de 5 km do centro de Xerém. “As
imagens serviram para os profissionais avaliarem realmente o estrago.
Suspeitas, como a destruição da barragem, foram confirmadas pela visão
lá de cima”, diz.
Fonte: Tahiane Stochero (G1) - Via Aviation News
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