Na segunda metade da década de 1950, a CIA - Central Intelligency Agency
era responsável pela espionagem em todos os territórios estrangeiros
potencialmente "hostis", mas que não estavam formalmente em guerra com
os Estados Unidos. Entre os recursos tecnológicos utilizados pela
agênciam para espionagem, estão algumas das mais fascinantes aeronaves
jamais fabricadas na história.
O Lockheed A-12 Oxcart em voo a grande altitude |
De 1955 até 1960, o principal avião espião operado pela CIA era o
Lockheed U-2. Projetado pelo engenheiro Clarence "Kelly" Johnson, o U-2
era uma aeronave extremamente capaz para a tarefa de espionagem aérea,
pois voava a 75 mil pés, o que o tornava praticamente invulnerável aos
caças e ao armamento antiaéreo da época, permitindo que fizesse,
impunemente, voos de espionagem até mesmo sobre o altamente defendido
território da União Soviética.
Os Lockheed A-12 na Area 51 |
Uma aeronave substituta, muito mais veloz, já estava sendo desenvolvida
quando um U-2, pilotado por Francis Gary Powers, foi abatido por um
míssil, sobre o território soviético, em 1º de maio de 1960. O projeto
do substituto do U-2, inicialmente denominado U-3 e Archangel I, mas
posteriormente batizado de "Oxcart", sofreu um impacto direto, pois o
Presidente Dwight Eisenhower suspendeu os voos de espionagem sobre a
União Soviética indefinidamente, pois achou que estavam "cutucando a
onça com vara curta". O futuro do Oxcart estava em xeque.
O Lockheed A-12 Oxcart também foi projetado por Kelly Johnson. O U-2 era
uma excelente aeronave, mas não era supersônica, e o Governo Americano
sabia que os mísseis antiáreos logo poderiam alcançar um desempenho que
permitisse abater os U-2, mesmo que estes estivessem voando muito alto.
Assim, o incidente de maio de 1960 teve impactos tanto negativos quanto
positivos para o avião. Negativos porque o Presidente suspendeu os voos
sobre o principal alvo potencial, a União Soviética, e positivos, porque
realçaram a necessidade de uma aeronave de melhor desempenho.
A família Lockheed A-12/YF-12A/SR-71 |
O origem do A-12 remonta a 1957, quando a CIA criou um projeto para
reduzir assinatura de radar dos U-2. Tal projeto, uma das primeiras
idéias de se criar um avião "invisível" ao radar, fracassou, e tornou
necessário buscar outra aeronave. A Convair saiu na frente no quesito
"invisibilidade", mas a Lockheed respondeu com uma atualização do design
da sua aeronave, que incorporou duas barbatanas longitudinais na
fuselagem dianteira, e utilização de materiais não metálicos de baixa
reflexão de sinais de radar.
Concepção A-11, antes da adição das barbatanas que caracterizariam toda a família A-12, YF-12A e SR-71 |
A designação A-12 era interna da Lockheed, e significava Archangel 1 (o
U-2 era o "Angel"). Em diferentes estágios de desenvolvimento, foi
designada sucessivamente A-2, A-3, etc., até o modelo definitivo A-12,
que incorporou as modificaçoes das barbatanas e materiais para enfrentar
o concorrente da Convair. Não teve designação militar na USAF, pois
oficialmente se destinava à CIA. Na USAF, a designação A-12 era para um
avião de ataque, proposto pela McDonnell-Douglas, mas que nunca foi
construído.
A-12 taxiando na Area 51 |
Ao ganhar o contrato para 12 aeronaves A-12 em 26 de janeiro de 1960,
designado pelo nome-código "Oxcart", a Lockheed construiu, sob o mais
rigoroso segredo, o primeiro A-12 em Burbank, Califórnia. O programa
Oxcart tinha a mais alta classificação de segredo, o que tornou
impraticável utilizar para testes de voo as pistas de testes de Edwards
AFB, que já tinha mais de 10 mil trabalhadores fixos e era perto demais
de Los Angeles para manter sigilo. Para os testes de voo, o avião foi
conduzido por via terrestre para uma remota base de testes em Groom
Lake, no Estado de Nevada, próximo às instalações de testes de armas
nucleares no deserto. Embora fizesse parte da Base Aérea de Nellis, as
instalações de Groom Lake, um lago seco salgado, eram um destacamento da
base de testes da USAF de Edwards. A CIA, no entanto, designou o local
como "Área 51", e só admitiu publicamente a existência dessa instalação
em 1995.
A famosa Area 51, em Groom Lake, o lago seco ao fundo |
Groom Lake já tinha sido utilizada para o programa de voo dos U-2, e era
afastado de qualquer lugar habitado e de qualquer curioso. A atmosfera
de segredo que cercava o lugar e as estranhas aeronaves que voavam por
lá alimentaram várias lendas urbanas, que afirmavam que o governo
ocultava naves alienígenas e fazia engenharia reversa nesses
equipamentos. O governo jamais desmentia ou confirmava claramente tais
boatos, pois isso aumentava a confusão sobre os objetivos da base,
despistando os russos e outros "curiosos". De fato, os americanos
criaram até aeronaves falsas em madeira compensada, para enganar os
satélites espiões russos, enquanto os aviões reais eram ocultados nos
hangares. As falsas e esquisitas "aeronaves" tinham até "motores"
quentes, que eram, na verdade, tambores vazios aquecidos por maçaricos
ou queima de restos de madeira.
O primeiro A-12 Oxcart fez o seu primeiro voo não-oficial, e sem aviso
prévio, no dia 25 de abril de 1962, conduzido por Louis Schalk, piloto
de testes civil da Lockheed. O primeiro voo oficial foi em 30 de abril, e
o primeiro voo supersônico em 04 de maio de 1962.
Os primeiros cinco A-12 foram equipados com motores Pratt & Whitney
J75, que foram capazes de levar a aeronave até Mach 2. Desde 1957, no
entanto, a Pratt & Whitney estava desenvolvendo um motor, o J-58,
para aeronaves de grande desempenho. Esse motor funcionava de modo
convencional até cerca de Mach 3, quando as alhetas-guias de entrada
(IGV) dos compressores se fechavam, fazendo com que o fluxo de ar fosse
direto aos pós-combustores, onde se processava a queima do combustível. O
motor funcionava, então, como um estato-reator ("ramjet"), evitando os
problemas previsíveis nos compressores e turbinas em regime de altas
velocidades supersônicas.
A-12 em Groom Lake |
O primeiro voo com o motor J-58 ocorreu em 5 de outubro de 1962, e o
avião tinha um motor J75 em uma asa, e um J-58 na outra. No início de
1963, os A-12 já estavam voando com os motores J-58 e atingiram a
espetacular velocidade de Mach 3,2 sobre o deserto de Nevada. Os voos
também ultrapassaram facilmente a altitude de 80 mil pés, superando os
U-2.
A-12 usado em testes de radar, na Area 51 |
Um desastre interrompeu essa sequência de sucessos. No dia 24 de maio de
1963, o piloto Kenneth S. Collins perdeu o controle da sua aeronave, o
#60-6923 (chamado por Kelly Johnson de "Article 123"), perto de
Wendover, Utah, e ejetou. O A-12 explodiu violentamente no chão,
enquanto Collins ficou extremamente surpreso ao ser resgatado por três
civis em uma caminhonete, que lhe deram uma carona. Obedecendo a um
plano prévio, Collins desviou os civis da aeronave, dizendo que
carregava uma arma nuclear ativada a bordo, que podia colocá-los em
grande risco. Posteriormente, a CIA pagou 25 mil dólares em dinheiro da
época, equivalente a quase 200 mil dólares atuais, para os três civis
ficarem de "bico calado" sobre o assunto. Na imprensa, a USAF noticiou a
perda de uma aeronave Republic F-105 Thunderchief, como história de
acobertamento do acidente. Todos os destroços foram cuidadosamente
recolhidos e mandados pra Goom Lake. Por mais de 50 anos, ninguém jamais
se aproximou do local do desastre, e nada mais se falou sobre o
assunto.
Destroços do A-12 606923 em Wendover |
A CIA, para manter sigilo sobre o projeto, era muito generosa. Para
manter o pessoal de "bico calado", garantia alimentação e bebida de alta
qualidade para o pessoal da Area 51, incluindo lagostas do Maine e
whisky de alta qualidade. Os cozinheiros eram chefs de Las Vegas. Os
guardas da segurança ganhavam nada menos que US$ 1 mil por mês, cerca de
US$ 7,5 mil a valores atuais, para garantir a segurança e o sigilo no
local.
A-12 em manutenção em Groom Lake |
O último A-12 foi entregue em Groom Lake em junho de 1964. Dezoito
aeronaves foram produzidas, mas, desses, 3 aeronaves foram convertidas
em caças trissônicos YF-12A para a USAF, e não entraram no orçamento do
programa Oxcart. Um dos A-12 foi equipado com um assento de instrutor,
para o treinamento de pilotos para a aeronave, e mantinha os motores
P&W J75 originais, e outros dois, designados M-21, foram equipados
com drones (aeronaves não tripuladas) de reconhecimento D-21.
Um drone D-21 |
O A-12 de duplo comando, aeronave #60-6927, equipada com motores J75 e
incapaz de voar a mais de Mach 2, foi apelidada de Titanium Goose (Ganso
de Titânio), e foi a única aeronave de treinamento do programa. Todos
os outros A-12 eram monopostos, e os M-21 tinham um tripulante para
lançar o drone. Os sistemas de espionagem eram automáticos, ao contrário
dos equipamentos instalados nos SR-71 da USAF, que levavam um segundo
tripulante para operá-los.
M-21 com seu drone |
A missão original dos A-12 Oxcart era espionar a União Soviética. Devido
ao incidente do U-2 em 1960, os americanos suspenderam essas missões e o
A-12 jamais chegou a cumprir uma delas sequer. Mas outros alvos estavam
à espreita do sofisticado equipamento da aeronave.
O progressivo envolvimento dos Estados Unidos no Sudeste da Ásia logo
tornou os A-12 ferramentas vitais. A perigosa Cuba continuou alvo dos
U-2, embora alguns boatos tenham citado missões Oxcart sobre o país,
jamais confirmados, embora a CIA esteja desclassificando e liberando as
informações sobre o programa.
A-12 em exposição |
O primeiro A-12 chegou ao teatro de operações do Sudeste Asiático no dia
22 de maio de 1967. Nos dias 24 e 27 de maio, mais dois chegaram.
Declarados como unidade operacional em 30 de maio, e baseados em Kadena,
Okinawa, executaram as primeiras missões da Operação Black Shield no
dia seguinte.
A Operação Blackshield foi estabelecida com 260
pessoas e três aeronaves para
comprovar (ou refutar) informações da inteligência de que, supostamente,
o Vietnã do
Norte teria implantado mísseis chineses superfície-superfície mísseis
(SSMs), que poderiam ameaçar navios da Marinha Americana e bases fixas
no sul. A primeira missão Blackshield no Vietnã do Norte foi realizada
pelo A-12 # 60-6937 em 31 de maio de 1967.
A missão durou 3 horas 39 minutos e a inteligência eletrônica (ELINT),
em
gravações realizadas durante esta primeira missão, mostrou que o A-12
não
foi nem rastreado e nem sequer visto pelos radares norte-vietnamitas ou
chineses nas missões de reconhecimento. Isso pode ser interpretado como
sendo a primeira missão de um avião militar "invisível" da história.
A-12 em voo sobre o Deserto de Nevada |
A primeira missão Oxcart foi conduzida pelo piloto Mel Vojvodich, voando
a Mach 3,1 a 80 mil pés de altitude. Ao todo, 29 missões Oxcart foram
realizadas sobre o Vietnã do Norte.
Todos os pilotos dos A-12 pilotos foram recrutados das unidades de
jatos supersônicos da USAF, e após extensa triagem psicológica e de
segurança, eles foram
obrigados a renunciar às suas patentes militares e tornar-se
"funcionários" da
Lockheed, a fim de voar para a CIA.
De acordo com Ben Rich, os pilotos foram pagos pela Lockheed, que por
sua vez seria reembolsada pela CIA através de cheques pessoais enviados
pelo correio, diretamente para o endereço privado do engenheiro Kelly
Johnson.
A aeronave em segundo plano era o avião de treinamento de duplo comando e motores J-75, apelidada de Titanium Goose |
Um fato interessante sobre as missões Black Shield foi que os aviões,
até então desprovidos de pintura e com aparência de metal cinza, foram
pintados de preto, com uma tinta especial de baixa visibilidade que
caracterizaria todos os descendentes do Oxcart, como os YF-12A e os
SR-71, e inspiraria o nome desse último, Blackbird.
Como ao A-12 nunca foi dado um nome oficial, e as tripulações sentiram
que o nome Oxcart ("carro-de-boi" em Português) "não era verdadeiramente
representativo da
aeronave ou das suas capacidades", elas passaram a designar a aeronave
com o nome "Cygnus" (Cisne, em Latim), e o desenho da constelação Cygnus
também se tornou tema de
um patch (emblema) usado pelas tripulações.
Patch usado nop uniforme dos pilotos dos A-12 em Okinawa |
Uma missão Oxcart típica começava com o recebimento de uma notificação
de alerta da CIA. A principal, e uma aeronave de backup eram
selecionados, e os dois aviões recebeiam uma inspeção completa e um
procedimento de manutenção pré-voo.
A rota detalhada e um briefing do alvo eram dados aos pilotos na noite
antes do
vôo, e um briefing final, incluindo tempo, inteligência relevante e
alterações de última hora para o plano de vôo, seria realizado na manhã
do
voo.
Duas horas antes da decolagem, o piloto principal passava por um breve
exame
médico, e o piloto reserva passava pelo mesmo exame uma hora depois.
Groom Lake e o A-12, o único real mistério da Area 51 |
A aeronave reserva seria alocada à missão se a aeronave principal tivsse
algum problema técnico, ou se o piloto principal tivesse problemas
médicos.
O percurso típico a partir de Kadena geralmente incluía um reabastecimento ar-ar
(REVO) logo após a decolagem, antes da aeronave subir para uma altitude
de cruzeiro de 75.000 pés a Mach 3.0, para o sudoeste de Taiwan.
Quando o avião se aproximava da ponta norte da ilha filipina de Luzon, iniciava
uma curva suave à direita para o oeste, e depois outra curva à direita
para o noroeste, quando se aproximava do Golfo de Tonkin.
O A-12 ia então até Haiphong (o principal porto do Vietnã do Norte,
70 km a sudeste de Hanói) e cruzava acima das áreas críticas do Vietnã
do Norte, antes de atravessar o espaço aéreo do Laos
para a Tailândia.
Uma REVO era realizada pelos Boeing KC-135 a oeste da Tailândia, antes
do A-12 acelerar e
subir novamente para 75-80 mil pés, e cruzava o Laos para o Vietnã do
Norte, desta vez indo para o norte da Zona Desmilitarizada (DMZ), ao
longo da costa do
Vietnã do Norte.
Painel de instrumentos do A-12 |
O tempo de voo total gasto em terreno hostil (incluindo Laos) seria de 20-25
minutos, durante os quais quase 45.000 quilômetros quadrados de
território inimigo seria fotografado. A rota de volta para Kadena era análoga à de aproximação.
A primeira indicação da capacidade do Norte em rastrear os A-12 pelo
radar veio em 28 de outubro de 1967, quando um SAM foi disparado contra
um Oxcart, mas não conseguiu travar no alvo, e muito menos atingi-lo. A
interpretação dos relatórios da ELINT reunidos sobre isso, e vôos
posteriores, mostraram
que o radar de aquisição inicial poderia acompanhar o A-12 (embora com
muita
dificuldade), mas o radar chinês Fan Song não era capaz de manter um
alvo bloqueado com o avião em alta velocidade.
Na verdade, as missões dos A-12 foram seriamente ameaçadas no Vietnã. Os
aviões eram rastreados por navios chineses de guerra eletrônica sobre
águas internacionais, e as informações eram passadas para as defesas
norte vietnamitas. Por mais difícil que um A-12 pudesse ser alvejado,
não era impossível. O incidente de 30 de outubro de 1967 mostraria isso
claramente.
Em 30 de outubro de 1967, pelo menos seis mísseis SA-2 SAMs foram
disparados
contra um A-12, mas todos falharam em acertar o alvo. Todavia, um
explodiu perto o suficiente do avião para deixar um pequeno fragmento de
estilhaço na parte inferior da asa, que foi descoberto após o pouso em
Kadena.
Nenhum A-12 foi abatido em combate. A única
perda no exterior de um A-12 ocorreu em junho de 1968, quatro semanas
após a última missão operacional, e apenas três
dias antes da data prevista de retorno da aeronave para os EUA.
A aeronave #60-6932 caiu no Oceano Pacífico a leste das
Filipinas, enquanto fazia um voo de testes, após manutenção dos
motores. Após decolar de Kadena, desapareceu, e nenhum vestígio de
destroços, e nem do piloto jamais foram
encontrados.
A suspeita da presença de mísseis SSM no Vietnã do Norte, no entanto,
revelou-se infundada, e as missões Black Shield foram encerradas.
Suspeita-se que alguns A-12 tenham feito missões secretas sobre a China,
mas o Departamento da Defesa americano e a CIA jamais confirmaram tal
violação de fronteiras.
As ultimas missões dos Oxcart ocorreram no incidente Pueblo, na Coréia
do Norte, em janeiro de 1968. Os norte coreanos capturaram o navio de
guerra eletrônica USS Pueblo, em águas internacionais, mas negavam a
participação no incidente. Os A-12 tiraram fotos de alta qualidade do
navio, ancorado em um porto norte coreano, provando que eles estavam
mentindo, e depois tudo se resolveu diplomaticamente.
O USS Pueblo, localizado em um porto norte-coreano por um A-12 |
O destino dos A-12, no entanto, já estava selado antes mesmo deles
executarem sua primeira missão. Em dezembro de 1966, o governo americano
decidiu desativar os A-12 da CIA, e as missões de reconhecimento seriam
feitas pelos SR-71 Blackbird da USAF. A CIA passaria de operador a
cliente da USAF nas informações de espionagem aérea. A última missão
operacional de um A-12 foi realizada em 8 de maio de 1968, sobre a
Coréia do Norte, e os aviões em Kadena foram mandados de volta para os
Estados Unidos, se juntando aos seus irmãos, e colocados no
armazenamento de longa duração em Palmdale, na Califórnia, onde
passariam duas décadas até serem liberados para exibição em vários
museus e bases americanas, incluindo a sede da CIA. Os documentos
relativos ao programa Oxcart começaram a ser desclassificado e liberados
pela CIA somente em 2007, quase 40 após a última missão.
A-12 armazenados em Palmdale. Jamais voariam novamente |
As duas aeronaves M-21, que levavam drones de reconhecimento D-21, não
foram bem sucedidas, e o esquema foi abandonado depois da colisão entre
um M-21 e o seu drone, em 1966. O M-21 acabou destruído na colisão e o
tripulante encarregado de lançar o drone se afogou quando seu traje
pressurizado danificado se encheu de água no pouso. Os drones D-21 foram
depois instalados em cabides sub-alares em aeronaves B-52 e utilizados
com sucesso sobre a China, entre 1969 e 1971.
Lockheed M-21 com o seu drone D-21 |
Semelhante em muitos aspectos externos ao seu descendente SR-71, as duas
aeronaves tinham, no entanto, poucas peças em comum além dos motores. O
desempenho do avião era espetacular, e não existe aeronave operacional
equivalente, hoje, em nenhum lugar do mundo, a menos que seja tão
secreta quanto o Oxcart foi um dia. A velocidade máxima ia até Mach
3,35, o que podia significar uma velocidade aerodinâmica de 1920 Knots,
ou 3560 Km/h, a 95 mil pés de altitude. Tinha 30,97 metros de
comprimento por 16,95 metros de envergadura, e pesava, vazio, 24,8
toneladas. O principal material usado em sua construção era o titânio.
Carregava 1100 Kg de câmaras fotográficas e sensores de reconhecimento,
de operação automática, alguns deles ainda secretos.
Lista de produção do Lockheed A-12 Oxcart:
#606924: Primeiro A-12 a voar, em 1960. Exposto no museu anexo ao Air Force Flight Test Center, em Palmdale, Califórnia;
#606925: A-12, exposto no Intrepid Sea-Air-Space Museum, em Nova York;
O A-12 #606925, exposto no Intrepid em Nova York |
#606926: A-12, perdido em acidente em Wendower, em 24 de maio de1963. O piloto se ejetou com sucesso;
#606927: A-12 de treinamento, apelidado Titanium Goose, exposto no California Science Center, em Los Angeles, Califórnia;
#606928: A-12, perdido em acidente no dia 5 de janeiro de 1967. o
piloto Walter Ray, da CIA, conseguiu ejetar com sucesso, mas morreu no
impacto no solo, pois o dispositivo de separação do assento falhou;
#606929: A-12, perdido em acidente em 28 de dezembro de 1967. O piloto se ejetou com sucesso;
#606930: A-12, exposto no EUA Space and Rocket Center, em Huntsville, Alabama;
#606931: A-12, exposto na sede da CIA, em Langley, Virginia;
#606932: A-12, perdido em acidente depois de decolar de Okinawa,
em 4 de junho de 1968. A aeronave e o piloto, Jack Weeks, desapareceram,
e jamais foram encontrados;
#606933: A-12, exposto no San Diego Aerospace Museum, em Balboa Park, San Diego, Califórnia;
Nota: os números de série #606934 a #60936 foram utilizados pelos YF-12A da USAF;
#606937: A-12, exposto no Southern Museum of Flight, em Birmingham, Alabama;
#606938: A-12, exposto no Battleship Memorial Park (USS Alabama), no Alabama;
#606939: A-12, perdido em acidente em 9 de julho de 1964. o piloto se ejetou com sucesso;
#606940: M-21, lançador de drone D-21. Está exposto no Museum of Flight em Seattle, Washington;
#606941: M-21, lançador de drone D-21.Perdido em acidente em 30
de julho de1966, quando colidiu com o drone que lançava. Os tripulantes
se ejetaram com sucesso, mas o lançador de drone Ray Torick faleceu
afogado ao pousar na água.
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