Na Proposta de Lei Orçamentária (PLO) para 2013, o
Ministério da Defesa conta com R$ 66.368,7 milhões, enquanto que o
Comando da Marinha deve ficar com R$ 17.856,8 milhões. Na previsão de
orçamento-programa para a Marinha, os créditos com a rubrica Política
Nacional de Defesa devem totalizar R$ 3.898,3 milhões, com R$ 1.238,2
milhões para atividades permanentes e R$ 2.660,1 milhões para oito
programas de obtenção de meios.
À implantação do estaleiro e da base para construção e manutenção
de submarinos estão destinados R$ 1.361,1 milhões em 2013. A construção
de submarinos de propulsão nuclear (SN-BR) contará com R$ 223,7 milhões
e a de submarinos com propulsão convencional (S-BR) com R$ 676,1
milhões. O desenvolvimento da tecnologia nuclear terá R$ 306,4 milhões.
A elaboração do projeto de arquitetura do Sistema de
Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) contará com R$ 8,9 milhões. A
implantação da infra-estrutura da 2ª Esquadra terá R$ 5,3 milhões. A
construção de um navio de escolta contará com R$ 5 milhões, e a de cinco
navios-patrulha (NPa) da classe "Macaé" com R$ 73,4 milhões.
Prossegue no cronograma o Programa Nuclear da Marinha (PNM), para
desenvolvimento autônomo da tecnologia de propulsão nuclear, assim como
o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), para projeto e
construção de quatro unidades de propulsão convencional e uma de
propulsão nuclear. Ainda este ano, deve ser inaugurada, em Itaguaí (RJ),
a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem).
Espera-se para breve a definição da proposta vencedora do
Programa de Obtenção de Meios de Superfície (Prosuper), para construção
de um lote inicial de cinco navios de escolta, cinco navios-patrulha
oceânicos (NPaOc) e um navio de apoio logístico (NApLog). O número de
unidades previsto não deve ser afetado pela aquisição dos três NPaOc da
classe "Amazonas".
A Marinha estuda financiamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para realização de
concorrência única visando ao fornecimento de 20 navios-patrulha (NPa)
da classe "Macaé", a serem construídos em estaleiros nacionais. Os
navios seriam arrendados à Marinha por 12 anos, com opção de compra ao
final desse período. Tal medida elevaria para 27 o número de unidades
encomendadas desta classe de navio.
Foi obtida, junto ao Ministério da Defesa, autorização para abrir
processo de concorrência, visando à construção de quatro novas
corvetas, baseadas na classe "Barroso". A revisão do projeto deve ser
concluída em 2013, pelo Centro de Projetos de Navios (CPN), com previsão
de início da construção no final de 2014 em estaleiro nacional.
Para obtenção de unidades de maior porte, foram criados o
Programa de Obtenção de Navios Anfíbios (Proanf) e o Programa de
Obtenção de Navios-Aeródromo (Pronae). Os futuros navios-aeródromo (NAe)
e navios de propósitos múltiplos (NPM) operarão com diversos tipos de
aviões e helicópteros embarcados.
O Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) está sendo
implantado por etapas, com prazo de conclusão até 2033. Este sistema
deve incluir uma ampla rede de sensores em plataformas fixas e móveis,
inclusive veículos aéreos não tripulados (Vant) e satélites, para
monitoramento da área marítima de interesse do Brasil.
Sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), a
Marinha do Brasil vem participando de diversas operações de paz
(inclusive no Haiti), com o envio de contingentes de fuzileiros navais.
Desde outubro de 2011, uma fragata brasileira da classe "Niterói"
integra a Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no
Líbano (MTF/UNIFIL), que opera no litoral daquele país.
Atualmente comandada por um contra-almirante brasileiro, a
MTF/UNIFIL é a primeira força multinacional marítima a ser empregada
numa operação de manutenção de paz da ONU. A manutenção de um navio de
escolta no Mediterrâneo, em rodízio por períodos de cerca de oito meses,
como capitânia dessa força, constitui a operação naval mais exigente e
complexa já realizada por nossa Marinha em tempo de paz.
Atualmente, a Marinha do Brasil dispõe de 102 navios e cerca de
90 aeronaves em serviço, além do equivalente a uma divisão de fuzileiros
navais. Os meios a serem obtidos até 2047 incluem 276 navios e
embarcações, assim como 288 aeronaves de diferentes tipos. Para o Corpo
de Fuzileiros Navais (CFN), deve ser obtido material em quantidade
suficiente para equipar o equivalente a duas divisões.
O efetivo do pessoal militar da Marinha deve ser progressivamente
ampliado, dos 65.528 oficiais e praças existentes (80.507 autorizados)
em 2012 para um total de 115.370 em 2031. Seu pessoal civil também deve
ser ampliado, dos 6.666 existentes (12.917 autorizados) em 2012 para
21.020 em 2031. A ampliação dos efetivos de pessoal atenderia à demanda
adicional, criada pela ampliação numérica e pela complexidade crescente
dos meios.
O desenvolvimento da indústria brasileira de Defesa e a
independência tecnológica são diretrizes primordiais, para o
reequipamento das Forças Armadas e o desenvolvimento nacional. A fim de
possibilitar a obtenção de autonomia tecnológica pelos diversos
segmentos do setor, inclusive a indústria naval com fins militares, as
parcerias entre grupos empresariais privados nacionais e empresas
estrangeiras especializadas vêm sendo estimuladas.
No atual quadro estratégico mundial, países como Rússia, China e
Índia estão elevando progressivamente os seus orçamentos militares.
Apesar de possuir a sexta economia mundial, o Brasil é a mais vulnerável
entre as potências emergentes. A fim de superar tal situação, é
necessário investir com seriedade na renovação do Poder Naval, assim
como nas demais áreas da Defesa Nacional.
Fonte: Monitor Mercantil - Por: Eduardo Italo Pesce - Especialista em Relações Internacionais, professor no Cepuerj e
colaborador permanente do Centro de Estudos Político-Estratégicos da
Escola de Guerra Naval (Cepe/EGN).
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