Joseba Gotzon Vizán González, 53 anos, suposto membro do grupo
separatista basco ETA, preso na manhã desta sexta-feira no Rio de
Janeiro, vivia no Brasil há 17 anos e, com documentos falsos, obteve a
residência fixa junto às autoridades brasileiras para trabalhar como
professor de espanhol em uma escola particular, além de executar
trabalhos de tradução.
A prisão, ocorrida por volta das 9h30, foi um trabalho conjunto da
Polícia Federal e autoridades de segurança da Espanha. González não
ofereceu resistência e estava acompanhado da mulher próximo à sua
residência num bairro da zona sul do Rio de Janeiro. O casal tem um
filho, também espanhol, que vivia com eles.
"Ele foi surpreendido. Uma pessoa que estava há tanto tempo vivendo em
outro país, jamais imaginava que seria preso, ainda mais perto do seu
crime prescrever", explicou o superintendente regional da Polícia
Federal do Rio, Valmir Lemos de Oliveira. O suposto terrorista é
procurado na Espanha por ter sido o executor de um atentado com
carro-bomba, que deixou dois policiais mortos, em 1988. Ele teria ainda
tentado, no mesmo ano, assassinar outros dois agentes, sem sucesso. Na
lista de procurados da Interpol, sua classificação era vermelha, ou
seja, "criminoso extremamente perigoso".
"Ele era uma pessoa que não dava bobeira, como diz a gíria, por isso
não podíamos errar na vigilância. Ele vivia de forma regular, sem chamar
a atenção, já que estava fugindo das autoridades espanholas há 20
anos", esclareceu ainda o superintendente da PF.
González será encaminhado ainda nesta tarde para o sistema prisional de
Bangu, no subúrbio carioca. Na Justiça brasileira, ele responderá pelo
crime de falsidade de documento (pena de 1 a 5 anos de detenção). "As
autoridades espanholas devem adotar as medidas legais para a extradição o
quanto antes", completou Oliveira.
Perseguição política
Para obter o processo legal de permanência no Brasil, González, por meio de documentos falsos, se utilizou do nome espanhol Aitor Julián Arechaga Echevarría em sua carteira de estrangeiro. A informação de sua possível presença no Brasil chegou à PF há três semanas.
Para obter o processo legal de permanência no Brasil, González, por meio de documentos falsos, se utilizou do nome espanhol Aitor Julián Arechaga Echevarría em sua carteira de estrangeiro. A informação de sua possível presença no Brasil chegou à PF há três semanas.
Por meio de trocas de informações junto às autoridades espanholas, os
agentes, com o nome espanhol falso em mãos, traçaram seis possíveis
endereços do procurado. Afinando a busca, chegaram até a residência de
González, mas, ainda assim, era necessário checar se as digitais usadas
na confecção da carteira de estrangeiro batiam com o registro na
Espanha. Com a negativa, os policiais tiveram a certeza de que se
tratava do fugitivo.
"Fizemos vigilância nas últimas 72 horas para que nada permitisse a
fuga desse espanhol. Se nós perdêssemos nessa semana, o crime na Espanha
estaria prescrito. A prática foi nos anos 80. Ele poderia passar
impune", explicou também o superintendente. "Em linhas gerais, ele diz
que pertencia a um partido. Ele alega que não tomou conhecimento do
processo. Pediu refúgio e asilo, e entende que a sua prisão é de
natureza política", completou.
Formado no início dos anos 60, o ETA (Pátria Basca e Liberdade, no
idioma basco) é um movimento separatista autonomista basco que prega a
independência da Espanha (estima-se que sejam 2 milhões de pessoas de
origem basca) e tem como base e área de atuação o norte da Espanha e o
sul da França. Em outubro de 2011, o grupo anunciou o fim da luta armada
com um saldo estimado em mais de 800 assassinatos.
Fonte: Terra
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