China estaria em negociações com Moscou para comprar um lote de 36
bombardeiros navais russos T-22M3 por US$ 1,5 bilhão, segundo
informações do portal de notícias norte-americano Business Insider.
Embora a empresa Rosoboronexport, a única exportadora autorizada de
armas do país, tenha desmentido a notícia, especialistas dizem que ambas
as partes não escondem seu interesse em fechar esse contrato desde
2004.
O veículo norte-americano afirma que o contrato está praticamente
fechado, citando como prova o fato de a aviação naval chinesa já ter dado o
nome “H-10” ao avião. A China já teria, inclusive, planos de modernização da
aeronave para aumentar seu raio de alcance e transformá-la em uma ameaça séria
para os rivais geopolíticos do país.
Isso é completamente possível se Moscou vender juntamente com a aeronave
sua principal arma, o míssil de cruzeiro supersônico antinavio de longo alcance
Kh-22 ou AS-4 Kitchen, na classificação da Otan (Organização do Tratado do
Atlântico Norte).
Do lado russo, porém, a notícia não foi bem recebida. “Moscou não
manteve nem mantém nenhumas negociações sobre esse assunto com a China”, rebateu
o representante da Rosoboronexport, Viatcheslav Davidenko diante das
declarações do veículo norte-americano.
Segundo o professor catedrático da Academia de Ciências Militares, Vadim
Koziulin, os boatos sobre a venda de Tu-22M3 poderiam ter surgido como
consequência da melhora nas relações russo-chinesas na área técnico-militar.
Atualmente, Moscou e Pequim estão em negociações para vender à China aviões de
caça russos Su-35 de geração 4 + +. É possível que nas mesmas negociações
esteja sendo discutida a hipótese de venda de aviões bombardeiros.
No âmbito do programa federal de armamentos até 2020, Moscou planeja
atualizar sua frota de aviões bombardeiros táticos Su-24
e Tu-22M3. Alguns deles serão retirados do serviço ativo e sucateados, enquanto
outros serão atualizados e adaptados à execução de missões não nucleares. O
Tu-22M3, por exemplo, vai um novo equipamento de pontaria e navegação e capacidade
de usar bombas e mísseis de alta precisão, motivo pelo qual poderá ser
oferecido aos clientes estrangeiros.
Ainda assim, o especialista nega a hipótese de o país ter a intenção de
vender externamente o míssil Kh-22. Desenvolvido nos anos 70, o míssil não
possui um equipamento de guiamento preciso, o que é compensado com uma
ogiva nuclear. Para destruir um alvo,
basta conduzir o míssil à região indicada e fazer explodir a ogiva nuclear.
Isso quer dizer que, sem ogivas nucleares, esses mísseis são inúteis.
Além disso, segundo o tratado
internacional sobre a não-proliferação de tecnologias de mísseis de que
a Rússia faz parte, Moscou não tem o direito de transferir para terceiros
países mísseis com um alcance superior a 300 quilômetros. “O Kh-22 tem uma
alcance superior a 600 km, razão pela qual não pode ser vendido externamente”, arremata
o especialista.
Os especialistas russos recordam, contudo, os exercícios antiterrorismo
russo-chineses Missão de Paz 2005 que envolveram aviões bombardeiros Tu-22M3,
entre outros equipamentos. O fato pareceu estranho e gerou a pergunta: por que os exercícios antiterrorismo envolveram aviões
portadores de armas nucleares. “Porque queremos mostrar suas potencialidades
aos chineses. E se, de repente, eles quiserem comprá-los?”, brincou o
comandante da Força Aérea Russa (FAR), Vladímir Mikhailov, na ocasião.
Construído nos finais dos anos 70 do século 20, o avião Tu-22M3 foi
possui dois motores e pode atuar a uma distância de 6800 km e levar a bordo 24
toneladas de carga útil. Sua principal arma é o míssil de cruzeiro supersônico
Kh-22 criado pelo centro de pesquisa e desenvolvimento Ráduga, na cidade de
Dubna, na região de Moscou.
Atualmente, a FAR e a Marinha russa contam com 150 aeronaves desse tipo.
O Tu-22M3 foi utilizado pelas tropas
soviéticas no Afeganistão e no conflito russo-georgiano de 2008 em que a Rússia
perdeu um dos aviões Tu-22MR usado para o reconhecimento aéreo, eletrônico,
fotográfico e radiométrico e a orientação de aviões bombardeiros.
Fonte: Gazeta Russa
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