O governo brasileiro e o governo russo assinaram nesta quarta-feira (20) em Brasília uma declaração de intenções para aprofundar negociações de compra, por parte do Brasil, de cinco baterias de mísseis antiaéreas russas. A declaração foi assinada no Palácio do Itamaraty após encontro entre o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, e o vice-presidente da República, Michel Temer.
O principal produto em negociação são os sistemas de artilharia antiáerea Pantsir-S1, com capacidade de médio alcance, podendo atingir alvos entre 3 km e 15 km.  A  assinatura da declaração representa uma etapa no processo de compra do equipamento, mas não significa que a transação já foi efetivada.
Ao deixar o Itamaraty, Michel Temer falou sobre o que falta para concluir a compra. "A presidenta hoje definiu que quer comprar, tratou do assunto com o presidente Medvedev e já mandou a Fazenda examinar as possibilidades na negociação. Então a negociação virá a partir de agora", afirmou. Sobre quanto tempo deverá levar o processo, Temer disse que deve demorar "alguns meses".
O documento prevê ainda a “transferência efetiva de tecnologia, sem restrições”, além do desenvolvimento conjunto de novos produtos de defesa e a participação de empresas brasileiras nas produções em conjunto entre os dos países.
Também na área de defesa, os dois governos assinaram um ato que prevê a intenção do Brasil de comprar da Rússia 12 helicópteros modelo MI-35M.

Baterias antiáreas
Para ter uma ideia da importância da artilharia de médio alcance, todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm esta capacidade de abate nesta altura. Nenhum na América Latina conta com o instrumento.

Os mísseis russos podem preencher outra necessidade do Brasil, por possuírem tecnologia de guiamento e seguirem os alvos após serem disparados.
O Brasil pretende comprar duas baterias antiaéreas do modelo Igla, de baixo alcance, e três do modelo Pantsir-S1, de médio alcance. O valor da negociação não foi informado pelo governo.
Em entrevista ao G1 em 2012, o general que comanda a artilharia antiaérea no país, Marcio Heise, informou que a proposta para modernização do sistema brasileiro tinha o custo de R$ 2,354 bilhões. Contudo, o Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012, estimava em R$ 859,4 milhões a previsão de investimentos na área até 2023.
Dilma encontrou Medevev na manhã desta quarta para negociar detalhes da compra, segundo o Ministério da Defesa.
Detalhes da negociação
Segundo o ministério, mais detalhes sobre as especificações dos equipamentos só serão divulgados após a efetivação da aquisição, que está sendo tratada em reuniões com a presença do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, José Carlos de Nardi, com militares e diplomatas russos no Itamaraty.
Segundo o Ministério da Defesa, a aquisição servirá para reforçar a proteção do território nacional, mas ainda não há informações sobre onde as baterias deverão ser instaladas. A compra dos armamentos russos já havia sido tratada em viagem que a presidente Dilma e o ministo da Defesa, Celso Amorim, fizeram à Rússia no ano passado.
Em janeiro, uma delegação brasileira, formada por autoridades militares e empresários, visitou fábricas russas para conhecer os equipamentos e elaborar um relatório, que foi apresentado à presidente Dilma, sobre as características das máquinas. Cada bateria Pantsir-S1 russa engloba seis carros com radares, sistemas de detecção e canhões.
O Brasil possui cinco grupos de artilharia antiaérea posicionados no Rio de Janeiro, em Praia Grande (SP), em Caxias do Sul (RS), em Sete Lagoas (MG) e em Brasília, para defender o Planalto. Eles contam com mísseis Igla-S, com alcance de até 3 km de altitude.
Segundo a Defesa, na negociação há previsão de transferência de tecnologia por parte da Rússia e possibilidade da instalação de uma fábrica no Brasil com participação de empresas brasileiras e russas.

Fonte: G1