A Rússia e o Brasil estão perto de fechar um contrato
para o fornecimento de sistemas de defesa antiaérea no valor de US$ 1 bilhão.
“Estamos interessados em comprar três
baterias do Pantsir-S1 e duas baterias do Igla”, disse o chefe do Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas do Brasil, general José Carlos de Nardi. O contrato
prevê ainda a transferência da tecnologia e a produção autorizada desses
sistemas no Brasil.
A imprensa internacional está encarando o acordo como
um instrumento para o Brasil fomentar a cooperação técnico-militar
internacional. Apesar de a Índia enfrentar uma grande corrupção na área de
compra de armamentos, a situação dos companheiros de Brics é semelhante no que
se refere à política de localização da produção de armas estrangeiras em suas
fábricas.
Por outro lado, como o país é líder regional nas áreas
militar e tecnológica, quaisquer contratos de venda de produtos militares
tecnologicamente sofisticados ao Brasil trarão inevitavelmente a possibilidade
de investimento (nesse caso, sob a forma de criação de empregos na indústria
armamentista do Brasil) e a transferência de tecnologia.
Cabe lembrar que, em 2008, o Brasil fechou a compra de
12 helicópteros de ataque russos Mi-35M (chamados no Brasil de AH-2 Sabre) por
US$ 150 milhões, dos quais nove já foram entregues.
Novela
antiga
As ambições da indústria armamentista russa se estendem
muito além de fornecer lotes limitados de equipamento militar, já que o contrato de
US$ 1 bilhão poderia abrir ainda mais portar no mercado latino-americano.
Especula-se que o Brasil pode se tornar o segundo principal
parceiro da Rússia, logo atrás da Índia, no desenvolvimento de uma versão para
exportação do caça de quinta geração Pak-FA (na sigla em russo). No entanto, a
polêmica em 2009 envolvendo a versão atualizada do caça russo Su-35, principal
produto de exportação do país no segmento de aviação tática, deixou uma sombra
de dúvida quanto ao futuro dessa parceria.
Na época, a Rússia tentou disputar a licitação
brasileira para a compra de 36 caças com a perspectiva de produzir localmente
outras 94 aeronaves, no âmbito do Projeto F-X2. Para viabilizar o acordo, a
Rússia teria inclusive aceitado realizar grandes projetos conjuntos com a
Embraer, mas o contrato não foi vingado.
Mesmo tendo como favorito o avião francês Dassault
Rafale, as autoridades brasileiras também não conseguiram fechar um acordo com
a França em termos de preço e transferência da tecnologia, e o então presidente,
Luiz Inácio Lula da Silva, deixou a decisão para sua sucessora, Dilma Rousseff.
A nova presidente, por sua vez, relançou a licitação com a justificativa de
corte dos gastos militares.
Quando o avião francês foi declarado vencedor da
licitação, a imprensa informou que, para obter preferências na licitação, a
França havia demonstrado disposição de comprar 12 aviões de carga brasileiros
KC-390, desenvolvidos pela Embraer, cujo voo inaugural está
previsto para 2014.
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