As Forças Armadas francesas prosseguiam nesta segunda-feira com a
perseguição no norte do Mali aos grupos armados islamitas que mantêm sob
seu poder sete reféns franceses, enquanto aguardam a chegada de
reforços africanos.
Os islamitas, obrigados a abandonar as cidades de Gao, Timbuktu e
Kidal, se refugiaram na região de Ifoghas, a 1.500 km de Bamako, perto
da fronteira com a Argélia. Esta zona montanhosa foi bombardeada durante
o fim de semana com o objetivo, segundo o chanceler francês Laurent
Fabius, de "destruir a retaguarda e os depósitos de munições" dos grupos
islamitas.
"Nas cidades que controlamos desejamos que os africanos da MISMA (Força
Africana autorizada pela ONU) assumam o comando rapidamente", disse o
ministro francês das Relações Exteriores. As forças africanas, que
iniciaram um lento deslocamento, terão 6.000 soldados da África
ocidental e do Chade. Os primeiros oficiais estão em Kidal, ao lado do
exército francês.
Em Timbuktu, a retirada das tropas francesas pode acontecer
rapidamente, segundo Fabius, que reiterou que a vocação da França "não é
ficar de modo duradouro no Mali", como destacou o presidente François
Hollande durante sua visita de sábado.
"A França ficará com vocês pelo tempo necessário, ou seja, o tempo que
os africanos necessitarão para nos substituir com a MISMA. Mas até este
momento estaremos ao lado de vocês", disse Hollande. Na região de
Ifoghas, em suas montanhas e grutas, berço dos tuaregues, estão
escondidos muitos líderes e combatentes islamitas, assim como os
depósitos de armas e combustíveis, segundo analistas.
Na mesma área estariam os reféns franceses sequestrados no Níger e e no
Mali em 2011 e 2012 pelos grupos Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e
Movimento para a Unicidade e a Jihad no Oeste da África (MUJILIADAO).
Entre os dirigentes islamitas que estariam refugiados nesta zona
figuram o argelino Abu Zeid, um dos líderes radicais da AQMI, e Iyad Ag
Ghaly, chefe da Ansar Dine (Defensores do Islã), ex-rebelde tuaregue
natural de Kidal, que conhece bem a região.
Mohamed Moussa Ag Mouhamed, apresentado como número três do Ansar Dine e
líder deste movimento em Timbuktu, foi detido, segundo fontes dos
serviços de segurança. As mesmas fontes citam a detenção de um dirigente
do MUYAO em Gao. As prisões teriam sido efetuadas pelo Movimento para a
Libertação de Azawad (MNLA).
Kidal, durante muito tempo reduto do Ansar Dine, passou no final de
janeiro, antes da ocupação de seu aeroporto pelos franceses, ao controle
de um grupo dissidente, o Movimento Islâmico de Azawad (MIA) e do MNLA.
Os dois grupos, que afirmam ser moderados, anunciaram que concordam com
a chegada dos soldados franceses a Kidal, mas que rejeitam a presença
de tropas malinenses.
Fonte: Terra
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