Você provavelmente já deve tê-los visto em ação em algum filme, então
saiba mais sobre este tipo de assento que pode salvar a vida de um
piloto.
Se você já viu algum filme de ação com aviões, é bem provável que já
tenha visto um assento ejetável em ação. Olhando, tudo parece
extremamente simples: a aeronave está danifica e o piloto precisa salvar
a sua vida, então ele pressiona um botão ou puxa uma alavanca, a redoma
que cobria a cabine se rompe e ele voa pelos ares, caindo de paraquedas
são e salvo.
Imagem: Força Aérea dos Estados Unidos
Apesar de ser simples descrever o que acontece quando uma alavanca de ejeção é pressionada, o funcionamento deste tipo de mecanismo é um pouco mais complicado do que o cinema faz parecer. Afinal, ele é composto por vários dispositivos que, juntos, permitem ao piloto abandonar a aeronave de forma relativamente segura durante um momento crítico.
Um pouco além do básico
Um banco ejetável é, a princípio, basicamente igual a qualquer outro
assento para pilotos. Ele é composto pelo assento, pelo encosto e também
por um apoio para cabeça. De fato, as diferenças entre um banco
convencional e um ejetável estão os itens que ficam ao redor dele.
O assento é afixado em trilhos, pelos quais ele sobe quando o sistema de
ejeção é ativado. Este sistema pode ser baseado em um mecanismo
explosivo ou de balística — é isso que faz com que a cadeira seja
disparada junto com o piloto.
Imagem: Flight Global
Se o tipo utilizado é explosivo, iniciadores carregados com material
explosivo são acionados e expelem a cadeira da aeronave. Quando a ejeção
é feita via método balístico, uma catapulta (que pode contar com a
ajuda de foguetes para um lançamento ainda mais alto) é responsável por
ejetar o banco juntamente do piloto.
Um vídeo postado no YouTube
mostra uma comparação entre um sistema puramente balístico, com o uso
de cartuchos, usado em aeronaves antigas e o primeiro a aparecer nas
filmagens, e sistemas “mistos”, que usam catapultas e foguetes de
propulsão juntos — que apareceram por último e são mais comuns
atualmente.
É possível notar que o segundo método é mais eficaz, pois eleva o piloto
para mais longe da aeronave, aumentando a chance de sobrevivência.
Pelos ares
A ejeção é rápida e, dependendo do banco e do método utilizado, pode
levar menos de 1 segundo. Após ser iniciada, uma escotilha é aberta no
canopi (a redoma da cabine) ou então “chifres” metálicos presentes no
topo do encosto da cadeira rompem a proteção, permitindo que o banco
seja ejetado. Existem ainda outros tipos de ejeção (veja isso logo
abaixo).
Um dos tipos mais comuns de ejeção é o ACES II (sigla em inglês para
Assento Ejetável de Conceito Avançado, modelo II). Ele conta com um
foguete propulsor embaixo do assento, capaz de elevar o piloto a até 60
metros de altura quando acionado. Com isso, diminui-se o risco de
colisão com a cauda da aeronave após a ejeção.
Já fora da aeronave, um gatilho dispara um paraquedas menor, responsável
por reduzir a taxa de descida do assento e também por estabilizar a sua
trajetória no ar. Após alguns instantes, o paraquedas grande é acionado
automaticamente por meio de um sensor de altitude, quando também o
assento é separado do piloto, caindo sozinho em direção ao solo.
Sistemas de ejeção
No sistema ACES II, assim que a ejeção é acionada, o canopi
também se desprende da cabine, sendo liberado juntamente com o piloto.
Um modelo já não usado mais atualmente é o Downward Track, que,
em vez de disparar o piloto para cima, apenas soltava-o para baixo.
Outro sistema até certo ponto ainda comum em aeronaves de baixa altitude
é o Canopy Destruct (CD), que usa cabos explosivos dentro do canopi para destruí-lo na hora da ejeção.
Sistema ACES II, um dos mais comuns na atualidade
Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons
O Through-Canopy Penetration (TCP) funciona de forma semelhante,
mas conta com “chifres” no topo do banco que servem para romper a redoma
durante a ejeção. Tanto o sistema CD quanto o TCP exigem que o canopi
seja feito de um material não flexível, afinal, ele deve ser rompido
completamente.
O método Drag Extraction é um dos mais simples e leves sistemas
de egressão conhecidos. Ele foi usado de forma experimental em uma série
de aeronaves e constituía em usar o fluxo de ar que passa pelo caça
como força propulsora que ejetaria a cadeira. Alguns funcionam apenas
liberando o canopi e abrindo o paraquedas no ar, fazendo com que o
piloto seja arrancado de dentro da cabine.
Há também o sistema Zero-zero, que serve para ejeções feitas com a
aeronave parada sobre uma superfície (zero altitude e zero velocidade).
Ela utiliza foguetes propulsores e paraquedas para expelir o piloto
para o alto e de forma segura, podendo ser utilizada, por exemplo, após
aterrissagens forçadas sobre a água.
História
Segundo o site Ejection History, a “pré-História” dos sistemas de ejeção
começou em 1910, quando o britânico George A. Barns simplesmente pulou
para fora de uma aeronave com problemas a uma altura de 10 metros de
altura e ficou gravemente ferido.
Mas um método mais parecido com o atual surgiu apenas no final da
Segunda Guerra Mundial, criado pelo britânico Sir James Martin. Ele foi
ainda cofundador da empresa Martin-Baker, líder mundial da produção de
assentos ejetáveis para aeronaves.
A partir daí, a indústria aeronáutica evoluiu diversos conceitos,
elaborando métodos cada vez mais seguros e eficazes, com destaque para
os exércitos dos Estados Unidos e também da extinta União Soviética. No
Brasil, a primeira ejeção registrada é de 16 de maio de 1961, há mais de
50 anos.
Fontes: Poder Aéreo, HowStuffWorks, A Seminar Report on Ejection Seats, Ejection History via Douglas Ciriaco (Tecmundo) - Fonte: Aviation News
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