O caça F-35 vira um pesadelo financeiro e tecnológico para os EUA,
que avaliam se vale a pena gastar US$ 400 bilhões no desenvolvimento e
fabricação de um concorrente para os drones
Enquanto o Brasil cogita importar o caça F-18 Super Hornet, que voa desde 1995, os Estados Unidos estudam o que fazer com o sucessor dele, o F-35 Lightning 2,
a arma mais cara da história. Com custo estimado de desenvolvimento e
construção na casa dos US$ 400 bilhões, o avião – que foi concebido para
ser o principal armamento da Força Aérea, da Marinha e dos Fuzileiros
Navais americanos – deveria ter entrado em operação no campo de batalha
em 2010.
Mas as complicações de montar um único caça para três forças
com necessidades diferentes fizeram com que o Pentágono, de maneira
pouco usual, adiasse o início das missões do F-35 indefinidamente. Hoje,
a estimativa mais otimista, e não oficial, é de que o jato comece a
guerrear apenas em 2016.
Aquele que pode ser o último caça tripulado desenvolvido pelos EUA –
já que os drones, aviões-robôs, são cada vez mais comuns – é uma
maravilha tecnológica que sofre com os mandos e desmandos. “O desafio de
criar um só avião para três forças americanas não tem precedentes”,
disse à ISTOÉ Richard Aboulafia, vice-presidente da consultoria
americana Teal Group, especializada em projetos de defesa. Ao mesmo
tempo que precisa substituir aeronaves da Força Aérea, o F-35 também
deve resistir aos castigos nas curtas pistas dos porta-aviões da Marinha
e decolar e pousar verticalmente, como um helicóptero, nas operações em
terra e no mar dos fuzileiros.
O F-35, que voou pela primeira vez em 2006, também se tornou o único
caça a sair da linha de montagem da Lockheed Martin, no Texas, enquanto o
desenvolvimento de sistemas críticos, especialmente os eletrônicos,
ainda era feito. O resultado: uma conta de US$ 370 milhões em consertos
de aviões já comprados pelos militares. Além disso, uma característica
crucial da aeronave – sua quase invisibilidade a radares (stealth) – se
torna cada vez mais questionável. “Sensores e computadores melhorados
estão acabando com o stealth”, disse à revista “Time” o almirante
Jonathan Greenert, chefe de operações navais dos EUA.
O custo de cada aeronave, estimado em US$ 160 milhões, também assusta
potenciais compradores que poderiam ajudar a reduzir a conta final. “O
clube de nações dispostas a gastar esse monte de dinheiro é extremamente
limitado”, diz Aboulafia. Os cortes de gastos por causa da recessão,
aliados a um cenário em que grandes conflitos entre nações são pouco
comuns, fazem do F-35 uma arma cada vez menos viável, embora igualmente
mortal.
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