O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, expressou
nesta segunda-feira sua preocupação que as armas destinadas à oposição
síria acabem em "mãos erradas", ao mesmo tempo em que advertiu o Irã que
as negociações sobre seu programa nuclear não serão prolongadas
indefinidamente.
Em sua visita a Riad, Kerry se alinhou com os países do Golfo Pérsico
frente ao Irã, mas se mostrou cauteloso em armar a oposição síria, como
já fazem Arábia Saudita e Catar.
"Não há garantias que as armas não vão chegar a mãos erradas",
garantiu o chefe da diplomacia americana em alusão à presença de grupos
extremistas na Síria, durante uma entrevista coletiva conjunta com seu
colega saudita, Saud al Faisal.
Kerry afirmou, no entanto, que há "uma disposição clara dentro da
oposição síria para confirmar que as armas chegam aos opositores
moderados".
O responsável americano ressaltou, além disso, a necessidade de se
chegar a uma solução política para o conflito, que começou em março de
2011 e causou mais de 70 mil mortes, segundo os últimos dados da ONU.
Caso não se chegue a uma solução política, os EUA vão continuar
pressionando o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, que perdeu
toda sua legitimidade, acrescentou Kerry.
Armar ou não a oposição síria é um dos principais dilemas dos países ocidentais que, por enquanto, optaram em apoiar materialmente à
oposição, mas sem fornecer armamento.
Kerry anunciou a doação direta para a oposição de US$ 60 milhões
durante a reunião dos "Amigos da Síria" em Roma no dia 28 de fevereiro,
mas, novamente, especificou que não se tratará de armamento.
Enquanto persistem essas dúvidas, a Arábia Saudita denunciou hoje que
alguns países fornecem armamento ao regime sírio, sem dizer quais.
Faisal insistiu na entrevista coletiva que Assad "perdeu o controle do país" e pediu o embargo de armas do regime sírio.
O Irã foi o outro foco das conversas entre Kerry e os responsáveis
sauditas e os ministros das Relações Exteriores dos países do Conselho
de Cooperação do Golfo (CCG).
O secretário de Estado americano afirmou que tanto os EUA quanto a
Arábia Saudita "preferem uma solução diplomática" sobre o programa
nuclear iraniano.
Apesar de defender as conversas, Kerry advertiu que estas não podem ser prolongadas indefinidamente.
Nessa mesma linha, o vice-presidente americano, Joe Biden, garantiu
hoje em Washington que o presidente Barack Obama "não está enganando" em
seu compromisso de evitar um Irã nuclear, mas insistiu em "fazer tudo o
que for necessário" diplomaticamente antes de qualquer ação militar.
O CCG, que agrupa Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos,
Bahrein, Omã e Kuwait, é muito crítico com o regime iraniano, que acusam
de interferir nos assuntos internos das monarquias do Golfo.
Kerry se reuniu separadamente com alguns dos ministros do CCG, assim
como fez com o presidente da Autoridade Nacional palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, que se encontra em Riad.
Durante sua curta estadia, e antes de partir para os Emirados Árabes
Unidos, o responsável americano também tratou com Faisal as relações
bilaterais, baseadas na cooperação econômica e na luta contra o
terrorismo.
O secretário de Estado americano encorajou a Arábia Saudita a
continuar com as reformas, elogiando a recente entrada de 30 mulheres no
Conselho Consultivo ("Shura") pela primeira vez na história do reino.
A Arábia Saudita é um reino ultraconservador com regras rígidas como a
separação dos sexos em espaços públicos e as mulheres estão privadas de
muitos direitos, entretanto, nos últimos meses foram adotadas uma série
de reformas de abertura, porém tímidas.
Fonte: Terra
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