Cansado de apenas descobrir planetas, o astrônomo americano Geoffrey Marcy decidiu ir atrás dos ETs.

Depois de descobrir centenas de planetas fora do Sistema Solar -incluindo o primeiro sistema multiplanetário-, o pesquisador aparentemente ficou entediado. 


"Estou nessa feliz posição em que minha carreira foi mais bem-sucedida do que eu jamais poderia ter imaginado", disse Marcy em entrevista à revista "New Scientist". 


"É hora de jogar os dados, tentar algo bem improvável. Cientistas mais jovens não podem colocar seus ovos nessa cesta, porque as chances de sucesso são baixas. Mas eu posso me dar ao luxo." 


Sem dúvida é um reforço de peso para as pesquisas conhecidas pela sigla Seti (busca por inteligência extraterrestre, em inglês). 


No fim do ano passado, Marcy foi escolhido para a cátedra Alberts, na Universidade da Califórnia em Berkeley -a primeira do tipo destinada especificamente a fomentar pesquisas de busca por civilizações alienígenas. 


Editoria de Arte/Folhapress 


Em sua nova função, o astrônomo americano está desenvolvendo duas grandes linhas de pesquisa -ambas fugindo ao lugar-comum do que se convencionou ver em pesquisas de Seti. 


Desde 1960, quando o americano Frank Drake apontou o primeiro radiotelescópio para o céu em busca de transmissões alienígenas, a imensa maioria dos esforços tem sido buscar sinais de rádio. 


Marcy, contudo, acha que os ETs provavelmente usariam lasers para se comunicar. E é isso que ele pretende buscar, junto com Andrew Howard, de Berkeley. 


"Se Gene Roddenberry [criador da série "Jornada nas Estrelas"] está certo e os klingons e romulanos estão mesmo lá fora, eles precisam se comunicar uns com os outros. E eles não vão fazer isso esticando cabos de fibra óptica entre as estrelas. Vão fazer isso por laser." 


Uma das vantagens do laser, em vez do rádio, é que é mais econômico, do ponto de vista energético, além de mais "privativo". Um sinal de rádio vaza muito mais fácil do que um laser, apontado apenas sobre um alvo pequeno, como um planeta a cinco anos-luz de distância. 


Entretanto, muitos astrônomos são céticos a essa abordagem. Justamente por ser mais privativo, é um sinal bem mais difícil de achar. 


SUPERCIVILIZAÇÕES
 
Outra linha de pesquisa a que Marcy pretende se dedicar é a busca de sinais de supercivilizações, na forma das chamadas esferas Dyson. 


Concebidas pelo famoso físico Freeman Dyson, elas seriam estruturas construídas ao redor de estrelas para absorver o máximo de energia. 


Presume-se que só civilizações muito mais sofisticadas que a nossa possam construí-las, mas, segundo Marcy, talvez seja possível notar variações no brilho das estrelas que denotem sua existência.