Os Estados Unidos têm capacidade para interceptar um míssil
norte-coreano que venha a ser disparado nos próximos dias, mas pode
optar por não fazer isso, caso a trajetória projetada não se mostre
perigosa, disse um comandante militar de alta patente ao Congresso dos
Estados Unidos nesta terça-feira, 9.
O almirante Samuel Locklear, comandante das forças dos Estados Unidos
no Pacífico, disse que os militares norte-americanos acreditam que a
Coreia do Norte tenha levado para a sua costa leste um número não
especificado de mísseis Musudan, com alcance em torno de cinco mil
quilômetros.
Um funcionário do governo Obama disse à Reuters sob
anonimato que "nossa suposição de trabalho é de que há dois mísseis que
podem estar preparados para lançar". Essa avaliação coincide com relatos
da imprensa sul-coreana.
Locklear disse que o Musudan tem condições de atingir Guam,
território norte-americano no Pacífico, mas não ameaça o Havaí ou o
território continental dos Estados Unidos.
O almirante disse numa audiência no Senado que recomendaria a
interceptação de um míssil que se dirija para o território dos EUA ou de
algum país aliado. Questionado sobre se recomendaria abater qualquer
míssil lançado pela Coreia do Norte, independentemente da trajetória,
ele disse: "Eu não recomendaria isso".
As declarações do comandante
ocorrem num momento de intensos rumores
de que Pyongyang estaria preparando o teste de um míssil, algo que a
Casa Branca diz que não seria uma surpresa, ou alguma outra provocação
que possa atrair uma resposta militar sul-coreana.
Nas últimas semanas, o Pentágono anunciou mudanças na sua postura a
fim de reagir à ameaça norte-coreana, incluindo o posicionamento de dois
destroieres da classe Aegis no oeste do Pacífico e a mobilização de um
sistema de defesa antimísseis em Guam.
Qualquer reação dos Estados Unidos ou da Coreia do Sul a eventuais
provocações norte-coreanas poderia elevar ainda mais a tensão na
península, num momento em que Pyongyang intensifica as ameaças de um
conflito iminente.
Nesta terça-feira, autoridades norte-coreanas aconselharam que estrangeiros presentes na Coreia do Sul deixem o país,
para não serem apanhados em uma "guerra termonuclear". O alerta não
alterou a rotina despreocupada de Seul, onde o tráfego nas ruas
continuou intenso, e os escritórios funcionaram normalmente.
No outro lado da fronteira, a Coreia do Norte tampouco dá sinais de
preparativos especiais para suas forças armadas, de 1,2 milhão de
soldados, e analistas dizem que as ameaças podem servir basicamente para
fortalecer internamente o dirigente Kim Jong-un, de 30 anos.
Mas Lockler disse que, de acordo com a avaliação dos militares dos
Estados Unidos, Kim é mais imprevisível que seu pai ou seu avô, seus
antecessores à frente do regime comunista, que sempre pareciam incluir
em suas cíclicas provocações "uma rampa de saída", segundo o almirante.
"E não está claro para mim que ele tenha pensado em como sair dessa. E
assim, é isso que torna este cenário, eu acho, particularmente
desafiador", afirmou.
Fonte: Estadão
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