Os gastos militares globais caíram em 2012 pela primeira vez em mais
de uma década, graças a cortes profundos nos Estados Unidos e na Europa,
que compensaram os aumentos em países como China e Rússia, informou nesta segunda-feira (15) um importante centro de estudos.
Os Estados Unidos e seus aliados europeus enfrentam problemas
orçamentários em consequência da crise econômica, o que reduziu o
envolvimento em conflitos no Iraque e no Afeganistão.
A China, segunda maior economia do mundo, no entanto, está aumentando
os gastos e registrou 7,8% de crescimento em 2012 em relação ao ano
anterior, com alta de 175% desde 2003.
As despesas mundiais militares como um todo caíram 0,5%, para US$ 1,75
trilhão no ano passado --a primeira queda em termos reais desde 1998, de
acordo com o Instituto Internacional de Estocolmo de Pesquisa para a
Paz (Sipri, na sigla em inglês), que realiza pesquisas sobre segurança
internacional, armamento e desarmamento.
"Estamos vendo o que pode ser o início de uma mudança no equilíbrio do
gasto militar mundial dos países ricos ocidentais para regiões
emergentes", disse Sam Perlo-Freeman, diretor do Programa de Gastos
Militares e Produção de Armas do Sipri.
As despesas militares dos Estados Unidos, de longe os maiores
gastadores do mundo --com um orçamento cerca de cinco vezes maior que a
da China--,
caíram 6% e ficaram abaixo de 40% do total mundial pela primeira vez
desde o colapso da União Soviética, mais de 20 anos atrás, disse o
Sipri.
Os Estados Unidos retiraram suas tropas do Iraque
há mais de um ano e caminham para encerrar a guerra no Afeganistão sob
um plano para uma retirada total de tropas até o final de 2014.
O Pentágono está tentando cortar centenas de bilhões de dólares em custos, e o novo secretário de Defesa, Chuck Hagel, alertou os militares dos EUA, este mês, para se prepararem para uma nova rodada de aperto de cintos.
Na Europa, as medidas de austeridade impostas pela crise financeira que começou em 2008 forçaram membros da Otan a cortar os gastos em 10% em termos reais.
"Todas as indicações são de que a despesa militar mundial deverá
continuar caindo nos próximos dois a três anos, pelo menos até a Otan
completar sua retirada do Afeganistão no final de 2014", disse
Perlo-Freeman.
"No entanto, os gastos em regiões emergentes provavelmente vai continuar a aumentar."
Os gastos militares globais caíram significativamente após o fim da
Guerra Fria, atingindo seu nível mais baixo em meados da década de 1990,
mas ganharam ritmo acentuadamente após os ataques de 11 de setembro de
2001 nos Estados Unidos.
O total global permanece acima do pico da Guerra Fria.
Entre os gastos militares da China estão novos submarinos, navios, mísseis, caças e um grupo de porta-aviões de combate.
A China tem dito repetidamente que o mundo não tem nada a temer de seus gastos militares, mas os governos do Japão à Índia estão preocupados com a capacidade militar chinesa e com o que parece ser uma maior beligerância militar da China.
Os gastos militares também estão em alta no Oriente Médio e no norte da
África, com aumento de cerca de 8% no ano passado, numa região marcada
pelos levantes populares contra regimes autoritários, com destaque para a
guerra civil na Síria.
Fonte: G1
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