A missão do Projeto Delta na guerra do Vietnam era de realizar missões de reconhecimento em profundidade, e para tal, dependia dos helicópteros UH-1D/H do Exército Americano, principalmente da 281a. Compania de Helicópteros de Assalto, para infiltração e exfiltração de suas equipes de reconhecimento. Quando uma equipe de reconhecimento ficava comprometida e não conseguia quebrar o contato com o inimigo, normalmente a equipe solicitava uma exfiltração de emergência, e muitas vezes tal manobra realizou-se usando o equipamento de McGuire.
O equipamento de McGuire era o método usado para extrair uma equipe através da utilização de cordas quando o helicóptero de exfiltração não podia efetuar pouso em local próximo, embarque a baixa altura ou utilização de uma escada de cordas de aproximadamente 10 metros de comprimento. Se o helicóptero conseguisse efetuar o pairado a pelo menos 100 pés (cerca de 30 metros) acima da equipe, o equipamentos de McGuire era lançado e retirava-se a equipe com ele.
O equipamento de McGuire era simplesmente uma tira de nylon de 3  polegadas de largura por aproximadamente 3 metros de comprimento formando um laço bastante grande para um homem conseguir sentar-se e com um laço menor para efetuar o transporte de feridos ou inconscientes. O ponta dessa tira de nylon é presa em uma corda de cerca de 120 pés de comprimento e que por final é presa no helicóptero.
A corda do equipamento era dobrada em “S” e presa por fitas de borracha a duas tiras de lona em um container chamado de Griswold. O container de Griswold tinha três funções: impedir a corda de sujar, proteger a corda quando em deslocamento e proteger a corda da borda exterior do assoalho do helicóptero.

A ponta interna da corda era transpassada em um toco de madeira e por fim ancorada em pelo menos três anéis de fixação no piso do helicóptero. O toco de madeira tinha três anéis de fixação que também eram fixados no piso do helicóptero. Um saco de areia de aproximadamente 10/15 kg era fixado na outra ponta da corda que era lançada junto com a tira de nylon. Normalmente eram instalados e preparados três equipamentos de McGuire em cada helicóptero.



Três soldados de Projeto Delta utilizam o equipamento de McGuire durante o treinamento em Mai Loc, Vietnam, em 1969

A ponta interna da corda era transpassada em um toco de madeira e por fim ancorada em pelo menos três anéis de fixação no piso do helicóptero. O toco de madeira tinha três anéis de fixação que também eram fixados no piso do helicóptero. Um saco de areia de aproximadamente 10/15 kg era fixado na outra ponta da corda que era lançada junto com a tira de nylon. Normalmente eram instalados e preparados três equipamentos de McGuire em cada helicóptero.
O coração e a alma do equipamento de McGuire eram as suas cordas, e a boa manutenção das cordas foi crucial para a confiança no equipamentos de McGuire. As cordas de náilon de meia polegada eram certificadas para 3600 libras (aproximadamente 1.600 kg). Depois de cada uso, as cordas eram inspecionadas cuidadosamente, e se constatasse um fio danificado, descartava-se a corda. Cada fio trançado era do comprimento inteiro da corda e se um fio era danificado, a corda inteira enfraquecia-se.
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Pode se ver atrás do soldado, o helicóptero equipado com a escada de alumínio, um container de Griswold, e o saco de areia.
Na vida útil das cordas de 30 metros, havia um fator de esticamento de cerca de 20% antes de serem descartadas. Após cada uso, a corda esticava-se até perder completamente sua elasticidade em aproximadamente 36 metros, e antes que isto acontecesse a corda também era substituída. Mas isto criava um problema devido aos comprimentos variados das cordas. Se uma nova corda de 30 metros substituía uma corda danificada, ela seria mais curta do que as outras duas cordas de equipamento de McGuire e o soldado exfiltrado nesta corda possivelmente ficaria 3 metros mais alto do que outros dois soldados. Para corrigir isto, a nova corda era propositalmente amarrada no parachoque de dois veículos e esticada até que o seu comprimento combinasse com as outras duas cordas do equipamento.
Depois que os equipamentos de McGuire eram instalados no piso do helicóptero, uma escada de mão feita com degraus de alumínio e cabos de aço era instalada por cima da amarração. A escada com cerca de dez metros de comprimento era ancorada no esqui da aeronave e ficava enrolada no interior da cabine. Um cabo espia era amarrada em um degrau na altura da metada do comprimento da escada e o “rolo” todo ficava preso por um cinto de segurança comum. Para lançar as escadas de mão, o cinto de segurança era solto e empurrava-se o “rolo” todo para fora da aeronave. Depois de lançadas, utilizava-se a corda espia para recolher a mesma para o interior do helicóptero novamente.
Quando decidia-se utilizar os equipamentos de McGuire, a “rolo” da escada era colocada para o lado oposto do interior da cabine do helicóptero. O tripulante abria o container de Griswold e utilizava-o como proteção da borda do piso do helicóptero (canto vivo) por onde seria lançadas as cordas, assegurando-se que o tecido de lona espesso do container permanecesse entre as cordas e a borda de piso da cabine.
Assim que o helicóptero estivesse na posição acima da equipe a ser exfiltrada, o tripulante lançaria os sacos de areia por fora dos esquis da aeronave. O peso do saco de areia iria desenrolar a corda das fitas de borracha em alta velocidade. Observava-se também a cautela de lançar os sacos de areia de forma a não acertar a equipe em terra.

Equipe efetuando o acondicionamento de uma escada de mão em um helicóptero UH-1 Huey em Phu Bai, Vietnam, 1968.
A composição padrão de uma equipe de reconhecimento do Projeto Delta era de dois operadores especiais americanos e quatro operadores especiais vietnamitas, logo era necessário dois helicópteros para exfiltrar uma equipe completa pelo equipamento de McGuire. O procedimento padronizado de exfiltração pelo equipamento de McGuire estabelecia que o primeiro helicóptero tiraria três vietnamitas e o segundo helicóptero tiraria os dois americanos e o outro vietnamita. Como tinham rádios, os americanos sempre foram os últimos a serem exfiltrados.
O procedimento padronizado na exfiltração também estabelecia que cada homem utilizasse a bandoleira de seu fuzil CAR-15/M16 em posição de uso, assim permitia a equipe ter como usá-lo durante a manobra, devolvendo fogo se necessário.
No momento em que os sacos de areia atingissem o chão, os três primeiros homens sairiam correndo, pegariam os equipamentos de McGuire, ancorariam suas mochilas na tira de nylon, segurariam com a mão esquerda o laço pequeno de pulso, entrariam no laço grande de nylon, olhavam para o helicóptero e sinalizavam “ok” para o tripulante assim que prontos. Quando o tripulante visse que todos os três estivessem prontos, comunicaria ao piloto para decolar. Com o helicóptero subindo, as cordas se tensionariam e então cada homem poderia sentar-se no laço de tira de nylon do seu equipamento de McGuire. Os soldados prendiam as pernas e braços após a decolagem de forma a tornar uma massa mais estável para ser transportada como carga externa do helicóptero. Esse arranjo também era útil para o caso de uma das cordas partir, sendo que os os companheiros poderiam salvar o terceiro, segurando-o.
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Helicóptero UH-1 equipado e pronto para apoio e exfiltração se necessário.

Caso fosse possível localizar uma clareira segura na rota de regresso para a base avançada do Projeto Delta e o helicóptero tivesse o combustível suficiente, efetuava-se um pouso e embarcaria a equipe na cabine. Se não, a equipe faria um passeio longo e pouco confortável, sentada naquela tira de nylon de três polegadas, que em qualquer duração ficava bastante doloroso.
Era bastante comum um “passeio” no equipamento de McGuire durar uma hora ou mais, pois a maior parte de áreas de operação (AO) de reconhecimento do Projeto Delta ficavam no limite da autonomia dos helicópteros UH-1D/H. Mesmo com a capacidade máxima de combustível, os helicópteros decolavam das bases avançadas (FOB) com combustível apenas para atingir a AO, passar não mais do que quinze minutos no local e logo voltar a FOB. Se o helicóptero de extração demorasse mais do que os quinze minutos previstos para recuperar a equipe, ele não teria combustível suficiente para alternar para uma área de pouso e embarcar os soldados. Quando isto acontecia, a equipe ia pendurada no equipamento de McGuire por mais de uma hora de voo.
O tripulante tinha um facão a bordo do helicóptero e utilizava-o para cortar as cordas do equipamento de McGuire caso a equipe ficasse entrelaçada nas árvores na decolagem. Caso o helicóptero apresentasse algum tipo de problema mecânico e começasse a cair, o tripulante deveria esperar que a equipe estivesse no nível do topo das árvores antes de cortar os cabos. Todos entendiam que a equipe tinha uma possibilidade muito maior de sobreviver ao impacto com as árvores ou com a terra do que caso o helicóptero caisse em cima deles.
Solução para o desconforto
Os equipamentos de McGuire eram tão desconfortáveis que logo se iniciou o desenvolvimento de um equipamento para substituí-lo. Contudo, o novo sistema STABO (um tipo de colete tático com função para içamento) não foi aprovado pelo Projeto Delta por razões logísticas. Enquanto que com o sistema McGuire a unidade teria de manter o controle de 20 ou 30 equipamentos, enquanto que com o novo sistema STABO a unidade teria de manter a integridade de um equipamento para cada soldado, contabilizado em centenas

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Sergeant Major Charles T. McGuire ganhou notoriedade ao desenvolver a ideia da técnica McGuire de exfiltração por helicóptero

O equipamento STABO era um colete costurado em um formato semelhante aos utilizados pelos paraquedistas, era bastante caro e demorado para manufaturar. O colete era de material de nylon, semelhante ao utilizado pelas tiras do equipamento de McGuire e era usado em campo para afixar e carregar equipamentos e acessórios (tipo um colete tático), até que fosse necessária a sua utilização para uma exfiltração.
Para utilizar o colete STABO na exfiltração com cordas, duas tiras do colete eram passadas por entre as pernas e presas em uma fivela “D” na frente do colete. O cinto com o armamento individual do soldado e duas tiras no peitoral eram afiveladas junto ao colete, formando uma espécie de “cadeirinha de salvamento” que seria ancorada na corda lançada pelo helicóptero por duas fivelas em formato “D”.
Quando o colete STABO e o equipamento de McGuire eram comparados,  a única vantagem que o equipamento STABO tinha sobre o equipamento de McGuire era o conforto. Pela praticidade, o sistema McGuire era imbatível:
1. O equipamento McGuire permanecia no helicóptero e não com o soldado em campo, como era o equipamento de STABO. O colete STABO, quando usado como equipamento individual no campo, não só era foi mais pesada do que o equipamento utilizado anteriormente, como também não se ajustava bem por baixo de uma mochila pesada, nem distribuía adequadamente o peso de munição, granadas e equipamentos do combatente, além de ficar bastante desconfortável depois de alguns dias de uso.
2. O equipamento McGuire sempre estava disponível quando necessário. Com o equipamento de McGuire, um soldado poderia estar separado de seu equipamento de combate e ainda assim ser exfiltrado por corda pelo helicóptero. Contudo, com o equipamento STABO, se ele se perdesse em combate, o soldado não poderia ser exfiltrado a menos que pudesse localizar uma área segura para o helicóptero efetuar um pouso ou um embarque a baixa altura. Houve pelo menos um caso de um soldado americano que não foi exfiltrado pois estava sem seu equipamento de STABO no momento da operação.
3. E por último, mas não menos importante, como os batedores (“Road Runners”) usariam o equipamento STABO disfarçados com roupas de norte vietnamitas ?
O Projeto Delta utilizou o equipamento de McGuire até o fim do conflito. Podiam ser pouco confortáveis, mas eram baratos, confiáveis e eficazes. Sobrou uma grande dívida de gratidão para com o Sergeant Major Charles T. McGuire (seria equivalente ao Suboficial no Brasil) por ter criado a ideia do equipamento que fazia a diferença na hora mais necessária. Um sem número de soldados das unidades das Forças Especiais americanas e vietnamitas sobreviveram para lutar em outro dia simplesmente por causa da criação inovadora e oportuna do Sergeant Major McGuire.

by Donald J. Taylor - Recon Team Leader - July 1968 – July 1970
Traduzido e adaptado pelo site Piloto Policial a partir do artigo original do site Projeto Delta : McGuire Rig, via Voo Tático.