A Casa Branca e parlamentares dos Estados Unidos partiram na
quinta-feira para a ofensiva contra os abusos sexuais nas Forças
Armadas, após uma série de escândalos que levou o mais graduado general
do país a alertar para uma crise nas suas fileiras.
"Estamos perdendo a confiança das mulheres militares em
que eu possa resolver esse problema", disse o general Martin Dempsey,
chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, ao retornar de uma reunião da
Otan em Bruxelas. "Isso é uma crise."
O presidente Barack Obama vai discutir a questão em reunião com o secretário de Defesa, Chuck Hagel, e com líderes militares.
Os escândalos vêm à tona num momento em que as Forças
Armadas dos EUA cogitam integrar as mulheres a funções na frente de
combate.
No âmbito parlamentar, republicanos e democratas
anunciaram um projeto que reforma o sistema militar de justiça, de modo a
que processos em caso de crimes, incluindo abusos sexuais, não seriam
mais conduzidos dentro da cadeia de comando. Acredita-se que, dessa
forma, as vítimas ficariam mais à vontade para procurar a Justiça.
"Essa epidemia de agressões sexuais não pode perdurar",
disse a senadora republicana Susan Collins. Sua colega democrata
Kirsten Gilllibrand disse que o objetivo é alterar a cultura militar.
O Pentágono está sob crescente pressão para coibir
abusos sexuais. Um relatório anual sobre isso, divulgado na semana
passada, mostrou que queixas de contatos sexuais indesejados envolvendo
militares saltaram 37 por cento entre 2011 e 2012, chegando a 26 mil.
Mas apenas 3.374 vítimas denunciaram o crime em 2012,
em grande parte devido a temores de retaliações e a uma cultura que,
segundo ativistas, está mais preocupada em proteger os agressores do que
as vítimas.
"Não somos antipatriotas por trazer isso à luz", disse
Brian Lewis, que foi violentado por um superior quando estava na
Marinha, mas recebeu ordens para não divulgar o fato. Ele desrespeitou a
ordem e denunciou o caso. Mais tarde, recebeu um falso diagnóstico de
transtorno de personalidade, e foi afastado das Forças Armadas.
A questão ganhou mais visibilidade por causa de
acusações de abusos sexuais atribuídas a militares encarregados de
resolver esses problemas.
Na semana passada, um oficial que chefiava o
departamento de prevenção a abusos sexuais da Força Aérea foi acusado de
bolinar uma mulher em um estacionamento. Na terça-feira, o Exército
revelou que um sargento do departamento de prevenção a crimes sexuais no
Fort Hood, no Texas, também era acusado.
"Está claro que algo não está funcionando", disse a
deputada democrata Kyrsten Sinema, que já trabalhou em terapias de apoio
a vítimas de estupro.
Fonte: UOL
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