Defesa alega parcialidade e pede substituição de juiz. Cercado de grande
interesse midiático, protestos e forte segurança, processo deve ser
retomado dentro de uma semana.
O julgamento sobre a série de assassinatos cometidos pelo grupo
neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão)
foi interrompido nesta segunda-feira (06/05) no Tribunal Superior
Regional de Munique, pouco após ser iniciado, e será retomado no próximo
dia 14 de maio.
A suspensão foi decidida após a defesa de Beate Zschäpe (foto), única
sobrevivente do trio fundador do grupo e figura central do processo, ter
apresentado um recurso contra o juiz Manfred Götzl, presidente do júri.
Os advogados alegam uma "possível parcialidade" por parte do magistrado
e pedem sua substituição.
Cercado de grande interesse midiático, protestos e forte segurança, o
julgamento é considerado um dos mais importantes do pós-guerra na
Alemanha. Zschäpe, de 38 anos, é acusada de cumplicidade na morte de
nove pessoas – oito de origem turca, uma de origem grega – e de
participar de um atentado a dois policiais, do qual um saiu morto.
Manifestação do lado de fora
Além de Zschäpe, outras quatro pessoas estão no banco dos réus, todas
acusadas de cumplicidade nos crimes. Ainda estão em curso as
investigações sobre o grupo, que atuou durante quase uma década sem ser
descoberto pela polícia. Acredita-se que o círculo de ajudantes da NSU
incluiria quase 130 pessoas.
Ao entrar no tribunal nesta segunda-feira, Zschäpe, que vestia negro,
olhou encarou brevemente repórteres, fotógrafos e operadores de câmera.
Depois, conversou com a defesa, formada por três advogados. Do lado de
fora da corte, grupos protestaram contra a atuação da polícia alemã no
caso.
Os outros dois membros da cúpula da NSU, Uwe Böhnhardt e Uwe Mundlos,
suicidaram-se em novembro de 2011, durante um cerco policial montado na
sequência de um assalto a um banco.
Estima-se que o julgamento vá durar mais de dois anos. São esperadas
pelo menos 80 sessões, para analisar um processo com mais de 488 páginas
e ouvir mais de 600 testemunhas – 80 da quais apresentadas pela
acusação.
Fonte: DW
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