O núcleo da Terra gira a diferentes velocidades, acelerando e
desacelerando com frequência, e este movimento não é sincronizado com a
da massa restante do planeta, segundo um estudo divulgado nesta
segunda-feira (13) na Austrália.
A pesquisa liderada por Hrvoje Tkalcic, da Universidade Nacional
Australiana (ANU, na sigla em inglês), revelou que não só a taxa de
rotação do núcleo é diferente da do manto - a camada que fica abaixo da
crosta terrestre -, mas, além disso, sua velocidade é variável.
"É a primeira evidência experimental que o núcleo roda a diferentes velocidades", disse Tkalcic em comunicado da ANU.
Os pesquisadores descobriram que em comparação com o manto, o núcleo
girou mais velozmente na década de 1970 e 1990, mas desacelerou na de
1980.
"A aceleração mais dramática provavelmente ocorreu nos últimos anos,
embora precisamos fazer mais testes para confirmar esta observação",
comentou Tkalcic, ao lembrar que Edmund Halley tenha especulado que as
camadas internas da Terra rodavam em uma velocidade diferente, em 1692.
Para efeitos do estudo, o especialista em física e matemática analisou,
através de um método inovador, os registros dos terremotos duplos dos
últimos 50 anos para medir a velocidade da rotação do núcleo terrestre.
Os terremotos duplos são dois tremores de magnitude quase idêntica que
podem ser registrados em um período que varia entre duas semanas a 40
anos, e que se diferenciam das réplicas.
Tkalcic comentou que lhe pareceu emocionante ver que "inclusive com uma
diferença de 10, 20 ou 30 anos, estes terremotos se assemelham. Cada
par tem uma leve diferença, e esta [diferença] corresponde ao núcleo.
Pudemos usar essa diferença para reconstruir a história de como o núcleo
girou nos últimos 50 anos".
Tkalcic diz acreditar que seu novo método ajudará no entendimento do
papel do núcleo terrestre na criação do campo magnético que permitiu a
evolução da vida no planeta, ao agir como um escudo contra a radiação
cósmica, segundo comunicado da ANU.
Fonte: UOL
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