Israel atacou áreas
militares perto de Damasco. Aparentemente, foram atingidos depósitos de
armas iranianas (mísseis capazes de alcançar Tel-Aviv) destinados ao
Hezbollah libanês, milícia xiita aliada tanto de Bashar Assad quanto do
Irã. Qual a urgência estratégica desse ataque espetacular?
Evidentemente, não podemos contar com Israel para esclarecer. A força
dos israelenses, além de sua coragem, seu talento, suas armas, está no
silêncio. Israel ataca e cala.
A Turquia e a Jordânia oferecem bases para a retaguarda dos rebeldes que combatem Assad. O Irã e o Hezbollah libanês apoiam o ditador. Os europeus e os americanos são favoráveis à insurreição e perguntam-se continuamente se farão alguma coisa ou não. Por que Israel entraria na dança quando, dois anos depois do início da revolta, o regime sírio está terrivelmente enfraquecido? Além disso, há 30 anos existe entre Síria e Israel uma espécie de pacto tácito de não agressão.
A Turquia e a Jordânia oferecem bases para a retaguarda dos rebeldes que combatem Assad. O Irã e o Hezbollah libanês apoiam o ditador. Os europeus e os americanos são favoráveis à insurreição e perguntam-se continuamente se farão alguma coisa ou não. Por que Israel entraria na dança quando, dois anos depois do início da revolta, o regime sírio está terrivelmente enfraquecido? Além disso, há 30 anos existe entre Síria e Israel uma espécie de pacto tácito de não agressão.
E o Hezbollah? Certamente, é o inimigo íntimo de Israel. A
brigada xiita que controla o sul do Líbano e a planície oriental do
Bekaa é o pesadelo dos generais israelenses desde 2006, quando a máquina
de guerra do país se lançou contra os combatentes do Hezbollah, hábeis,
corajosos e competentes.
E, além do Hezbollah, poderemos entrever outro alvo, o Irã, justamente o sustentáculo do Hezbollah? Há sete anos, o frenético Mahmoud Ahmadinejad berra que quer a morte de Israel, nega aos judeus o direito de viver no Oriente Médio e acrescenta que o Holocausto não foi tão terrível. Ao mesmo tempo, os israelenses acreditam que os iranianos já não compartilham das obsessões infantis de Ahmadinejad. O povo persa nunca mostrou verdadeiro ódio pelos judeus.
Qual seria o verdadeiro alvo? O especialista Renaud Girard, no Figaro, indaga se o verdadeiro objetivo não seriam os sunitas. "Os sunitas, que se espalham pela região desde a Primavera Árabe, são o verdadeiro perigo para Israel", afirma. "Para os sunitas (muito mais do que para os xiitas iranianos), Israel é o demônio. Quando tomarem Damasco, eles se lançarão imediatamente contra o Estado judeu, porque são movidos por um ódio religioso que é sempre mais profundo do que a diferença política."
Aceitemos a análise de Girard, um homem competente, mas ela nos obriga a um malabarismo intelectual: Israel teria atacado os xiitas do Hezbollah enquanto seus inimigos reais seriam os sunitas? Decididamente, como dizia o general Charles de Gaulle, o Oriente Médio é "complicado".
E, além do Hezbollah, poderemos entrever outro alvo, o Irã, justamente o sustentáculo do Hezbollah? Há sete anos, o frenético Mahmoud Ahmadinejad berra que quer a morte de Israel, nega aos judeus o direito de viver no Oriente Médio e acrescenta que o Holocausto não foi tão terrível. Ao mesmo tempo, os israelenses acreditam que os iranianos já não compartilham das obsessões infantis de Ahmadinejad. O povo persa nunca mostrou verdadeiro ódio pelos judeus.
Qual seria o verdadeiro alvo? O especialista Renaud Girard, no Figaro, indaga se o verdadeiro objetivo não seriam os sunitas. "Os sunitas, que se espalham pela região desde a Primavera Árabe, são o verdadeiro perigo para Israel", afirma. "Para os sunitas (muito mais do que para os xiitas iranianos), Israel é o demônio. Quando tomarem Damasco, eles se lançarão imediatamente contra o Estado judeu, porque são movidos por um ódio religioso que é sempre mais profundo do que a diferença política."
Aceitemos a análise de Girard, um homem competente, mas ela nos obriga a um malabarismo intelectual: Israel teria atacado os xiitas do Hezbollah enquanto seus inimigos reais seriam os sunitas? Decididamente, como dizia o general Charles de Gaulle, o Oriente Médio é "complicado".
Fonte: O Estado de São Paulo - Por: Gilles Lapouge, correspondente em Paris - Tradução de Anna Capovilla.
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