O anúncio dos novos caças da Aeronáutica, pepino que se arrasta há
mais de dez anos, desde FHC, está para sair. A movimentação no governo é
intensa, com enorme ansiedade na área militar.
O ambiente político de hoje é bastante diferente em relação aos anos
Lula, quando o relatório técnico da Força Aérea dava o sueco Gripen NG
em primeiro lugar, o presidente e o ministro da Defesa só queriam saber
do francês Rafale e os pilotos suspiravam inutilmente pelo americano
F-18. Muita coisa mudou.
O Brasil de Lula andava muito amiguinho da França e bastante desconfiado
dos EUA, mas Lula se desencantou com Nicolas Sarkozy e Dilma não morre
de amores por François Hollande, que votou com o México na disputa pela
OMC.
Diferentemente de Lula, Dilma fez uma guinada em direção aos EUA e
prefere uma opção mais técnica e menos política para os caças. Pode unir
o útil ao agradável.
As mudanças também foram na área técnica. Apesar de negar, a Embraer
tendia para os Gripen NG, alegando, entre outras coisas, a transferência
de tecnologia (o avião, atualização do Gripen original, é desenvolvido
com participação de brasileiros). Hoje, porém, a empresa acaba de fechar
um contrato para a venda de aeronaves para a Força Aérea
norte-americana. Detalhe: se o relatório da FAB era pró-Gripen NG, os
olhinhos asiáticos do comandante Saito brilham com os F-18.
Por fim, há duas pressões de ordem prática para um anúncio já: de um
lado, os velhos Mirage da FAB saem definitivamente de operação em
dezembro. De outro, o último prazo que o governo brasileiro pediu às
empresas para que segurassem as condições do negócio vence em 30 de
setembro, pouco antes da ida de Dilma aos EUA --aliás, a única visita de
Estado ao país neste ano.
Ah! Antes que eu me esqueça: a visita de Dilma será em 23 de outubro. No
Brasil, vem a ser... o Dia do Aviador. Deve ser coincidência.
Fonte: UOL
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