https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN1ZfN3PG2E6z8QMF_F8cZGlcjus6EM6RYpvh8ljo-U0Dp5jRuplKj1CE2SDPErVQeZhQXkMPcI73P5XvoQZjowBu5ZA5eOWTJwxjitQryZ0efthx5rKAioZYkjsqIsWCGjoOzuAhZmbM/s1600/1889_capa-419x620.jpgSe a Proclamação da República, feita em novembro de 1889 por um militar monarquista e adoentado, era a conclusão inevitável do processo de Independência do Brasil, detonado em 1822 pelo herdeiro da coroa real portuguesa, não era, por outro lado, o ponto final do projeto de construção nacional. Essa é, em resumo, a leitura feita pelo jornalista paranaense Laurentino Gomes, que lança agora 1889 (Globo Livros, 416 páginas, 44,90 reais), última parte da trilogia sobre as datas que marcaram o Brasil no século XIX, iniciada com 1808 e 1822. Como os dois primeiros livros, que conquistaram dois prêmios Jabuti de Não-Ficção e venderam juntos, aqui e em Portugal, cerca de 1,5 milhão de exemplares, a expectativa para este é alta. 1889 chegou às lojas nesta semana com tiragem inicial de 200.000 exemplares.

Abaixo, excertos da entrevista com o escritor Laurentino Gomes, publicada no site da VEJA:

Alguns estudiosos entendem que o conceito de revolução implica mudanças profundas na sociedade e participação popular. Este foi o caso da nossa República?
Esse conceito de revolução é discutível. Acho que a gente nunca teve nenhuma revolução no Brasil, se tomar esses critérios. A Independência e a República, assim como a Revolução de 1930, foram movimentos de grupos restritos. O que o Brasil tem muito na sua história é golpe de Estado. Mas a gente pode dizer também que a campanha das Diretas Já, trinta anos atrás, foi uma revolução que pôs fim ao regime militar, provocou uma ruptura drástica e contou com o povo na rua. Acho que foi uma segunda Proclamação da República, uma revolução pacífica, a partir da qual estamos vivendo trinta anos ininterruptos de democracia.

Sobre as amizades de Dom Pedro II: o texto na contracapa de 1889 diz que ele e o marechal Deodoro da Fonseca eram amigos. Eles eram próximos, mesmo?
Não chegavam a ser íntimos, mas havia uma admiração. Deodoro disse que gostaria de carregar as alças do caixão do imperador. Ele se considerava realmente um súdito do imperador, o que torna a atitude do marechal, no dia 15 de novembro de 1889, ainda mais estranha. Um ano antes, ele escrevia cartas para o sobrinho Clodoaldo, no Rio Grande do Sul, dizendo que República e desgraça eram a mesma coisa. Ele era claramente um monarquista. Mas era também um homem vaidoso e magoado. Um copo de mágoa transbordado. Ele se considerava desprestigiado pelo governo imperial, achava que o Exército era desconsiderado nos seus méritos. Acaba dando o golpe republicano mais por mágoa pessoal que por convicção política.
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O jornalista Laurentino Gomes com a trilogia '1808', '1822' e '1889' (Divulgação)

Entre as mágoas pessoais do marechal, está a rivalidade com o fazendeiro gaúcho Gaspar da Silveira Martins, para quem ele havia perdido a baronesa do Triunfo.
É, tem uma história de alcova que ajuda a explicar a decisão do Deodoro na madrugada de 16 de novembro. Porque ele havia destituído o ministério do visconde de Ouro Preto, mas não havia proclamado a República até ali, até saber que Dom Pedro II havia escolhido Silveira Martins para chefiar um novo ministério.

A maçonaria teve papel importante em 1822 e 1889. O senhor sabe dizer se ela ainda é relevante hoje na política nacional?
Não é. Hoje existem cerca de 150 000 maçons no Brasil, eles estão profundamente divididos e já não têm nem sombra do papel político que desempenharam no passado. Quando havia de fato uma razão para isso. Na época da Independência, não existiam partidos políticos capazes de organizar, de canalizar o debate a respeito das coisas que precisavam ser decididos naquele momento. E isso acontecia nas lojas maçônicas. A maçonaria, tanto como a Igreja Católica, funcionou como um proto-partido. Na proclamação da República, a maçonaria esteve presente, mas já não tinha a importância que possuía na Independência. Ela vai aos poucos cedendo lugar a outras instituições.
Da Veja - Via Blog do Crato
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 O jornalista Laurentino Gomes com a trilogia '1808', '1822' e '1889' (Divulgação)

Se a Proclamação da República, feita em novembro de 1889 por um militar monarquista e adoentado, era a conclusão inevitável do processo de Independência do Brasil, detonado em 1822 pelo herdeiro da coroa real portuguesa, não era, por outro lado, o ponto final do projeto de construção nacional. Essa é, em resumo, a leitura feita pelo jornalista paranaense Laurentino Gomes, que lança agora 1889 (Globo Livros, 416 páginas, 44,90 reais), última parte da trilogia sobre as datas que marcaram o Brasil no século XIX, iniciada com 1808 e 1822. Como os dois primeiros livros, que conquistaram dois prêmios Jabuti de Não-Ficção e venderam juntos, aqui e em Portugal, cerca de 1,5 milhão de exemplares, a expectativa para este é alta. 1889 chegou às lojas nesta semana com tiragem inicial de 200.000 exemplares.

Abaixo, excertos da entrevista com o escritor Laurentino Gomes, publicada no site da VEJA:
Alguns estudiosos entendem que o conceito de revolução implica mudanças profundas na sociedade e participação popular. Este foi o caso da nossa República?
Esse conceito de revolução é discutível. Acho que a gente nunca teve nenhuma revolução no Brasil, se tomar esses critérios. A Independência e a República, assim como a Revolução de 1930, foram movimentos de grupos restritos. O que o Brasil tem muito na sua história é golpe de Estado. Mas a gente pode dizer também que a campanha das Diretas Já, trinta anos atrás, foi uma revolução que pôs fim ao regime militar, provocou uma ruptura drástica e contou com o povo na rua. Acho que foi uma segunda Proclamação da República, uma revolução pacífica, a partir da qual estamos vivendo trinta anos ininterruptos de democracia.

Sobre as amizades de Dom Pedro II: o texto na contracapa de 1889 diz que ele e o marechal Deodoro da Fonseca eram amigos. Eles eram próximos, mesmo?
Não chegavam a ser íntimos, mas havia uma admiração. Deodoro disse que gostaria de carregar as alças do caixão do imperador. Ele se considerava realmente um súdito do imperador, o que torna a atitude do marechal, no dia 15 de novembro de 1889, ainda mais estranha. Um ano antes, ele escrevia cartas para o sobrinho Clodoaldo, no Rio Grande do Sul, dizendo que República e desgraça eram a mesma coisa. Ele era claramente um monarquista. Mas era também um homem vaidoso e magoado. Um copo de mágoa transbordado. Ele se considerava desprestigiado pelo governo imperial, achava que o Exército era desconsiderado nos seus méritos. Acaba dando o golpe republicano mais por mágoa pessoal que por convicção política.

Entre as mágoas pessoais do marechal, está a rivalidade com o fazendeiro gaúcho Gaspar da Silveira Martins, para quem ele havia perdido a baronesa do Triunfo.
É, tem uma história de alcova que ajuda a explicar a decisão do Deodoro na madrugada de 16 de novembro. Porque ele havia destituído o ministério do visconde de Ouro Preto, mas não havia proclamado a República até ali, até saber que Dom Pedro II havia escolhido Silveira Martins para chefiar um novo ministério.

A maçonaria teve papel importante em 1822 e 1889. O senhor sabe dizer se ela ainda é relevante hoje na política nacional?
Não é. Hoje existem cerca de 150 000 maçons no Brasil, eles estão profundamente divididos e já não têm nem sombra do papel político que desempenharam no passado. Quando havia de fato uma razão para isso. Na época da Independência, não existiam partidos políticos capazes de organizar, de canalizar o debate a respeito das coisas que precisavam ser decididos naquele momento. E isso acontecia nas lojas maçônicas. A maçonaria, tanto como a Igreja Católica, funcionou como um proto-partido. Na proclamação da República, a maçonaria esteve presente, mas já não tinha a importância que possuía na Independência. Ela vai aos poucos cedendo lugar a outras instituições.
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 O jornalista Laurentino Gomes com a trilogia '1808', '1822' e '1889' (Divulgação)

Se a Proclamação da República, feita em novembro de 1889 por um militar monarquista e adoentado, era a conclusão inevitável do processo de Independência do Brasil, detonado em 1822 pelo herdeiro da coroa real portuguesa, não era, por outro lado, o ponto final do projeto de construção nacional. Essa é, em resumo, a leitura feita pelo jornalista paranaense Laurentino Gomes, que lança agora 1889 (Globo Livros, 416 páginas, 44,90 reais), última parte da trilogia sobre as datas que marcaram o Brasil no século XIX, iniciada com 1808 e 1822. Como os dois primeiros livros, que conquistaram dois prêmios Jabuti de Não-Ficção e venderam juntos, aqui e em Portugal, cerca de 1,5 milhão de exemplares, a expectativa para este é alta. 1889 chegou às lojas nesta semana com tiragem inicial de 200.000 exemplares.

Abaixo, excertos da entrevista com o escritor Laurentino Gomes, publicada no site da VEJA:
Alguns estudiosos entendem que o conceito de revolução implica mudanças profundas na sociedade e participação popular. Este foi o caso da nossa República?
Esse conceito de revolução é discutível. Acho que a gente nunca teve nenhuma revolução no Brasil, se tomar esses critérios. A Independência e a República, assim como a Revolução de 1930, foram movimentos de grupos restritos. O que o Brasil tem muito na sua história é golpe de Estado. Mas a gente pode dizer também que a campanha das Diretas Já, trinta anos atrás, foi uma revolução que pôs fim ao regime militar, provocou uma ruptura drástica e contou com o povo na rua. Acho que foi uma segunda Proclamação da República, uma revolução pacífica, a partir da qual estamos vivendo trinta anos ininterruptos de democracia.

Sobre as amizades de Dom Pedro II: o texto na contracapa de 1889 diz que ele e o marechal Deodoro da Fonseca eram amigos. Eles eram próximos, mesmo?
Não chegavam a ser íntimos, mas havia uma admiração. Deodoro disse que gostaria de carregar as alças do caixão do imperador. Ele se considerava realmente um súdito do imperador, o que torna a atitude do marechal, no dia 15 de novembro de 1889, ainda mais estranha. Um ano antes, ele escrevia cartas para o sobrinho Clodoaldo, no Rio Grande do Sul, dizendo que República e desgraça eram a mesma coisa. Ele era claramente um monarquista. Mas era também um homem vaidoso e magoado. Um copo de mágoa transbordado. Ele se considerava desprestigiado pelo governo imperial, achava que o Exército era desconsiderado nos seus méritos. Acaba dando o golpe republicano mais por mágoa pessoal que por convicção política.

Entre as mágoas pessoais do marechal, está a rivalidade com o fazendeiro gaúcho Gaspar da Silveira Martins, para quem ele havia perdido a baronesa do Triunfo.
É, tem uma história de alcova que ajuda a explicar a decisão do Deodoro na madrugada de 16 de novembro. Porque ele havia destituído o ministério do visconde de Ouro Preto, mas não havia proclamado a República até ali, até saber que Dom Pedro II havia escolhido Silveira Martins para chefiar um novo ministério.

A maçonaria teve papel importante em 1822 e 1889. O senhor sabe dizer se ela ainda é relevante hoje na política nacional?
Não é. Hoje existem cerca de 150 000 maçons no Brasil, eles estão profundamente divididos e já não têm nem sombra do papel político que desempenharam no passado. Quando havia de fato uma razão para isso. Na época da Independência, não existiam partidos políticos capazes de organizar, de canalizar o debate a respeito das coisas que precisavam ser decididos naquele momento. E isso acontecia nas lojas maçônicas. A maçonaria, tanto como a Igreja Católica, funcionou como um proto-partido. Na proclamação da República, a maçonaria esteve presente, mas já não tinha a importância que possuía na Independência. Ela vai aos poucos cedendo lugar a outras instituições.
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Se a Proclamação da República, feita em novembro de 1889 por um militar monarquista e adoentado, era a conclusão inevitável do processo de Independência do Brasil, detonado em 1822 pelo herdeiro da coroa real portuguesa, não era, por outro lado, o ponto final do projeto de construção nacional. Essa é, em resumo, a leitura feita pelo jornalista paranaense Laurentino Gomes, que lança agora 1889 (Globo Livros, 416 páginas, 44,90 reais), última parte da trilogia sobre as datas que marcaram o Brasil no século XIX, iniciada com 1808 e 1822. Como os dois primeiros livros, que conquistaram dois prêmios Jabuti de Não-Ficção e venderam juntos, aqui e em Portugal, cerca de 1,5 milhão de exemplares, a expectativa para este é alta. 1889 chegou às lojas nesta semana com tiragem inicial de 200.000 exemplares.

Abaixo, excertos da entrevista com o escritor Laurentino Gomes, publicada no site da VEJA:
Alguns estudiosos entendem que o conceito de revolução implica mudanças profundas na sociedade e participação popular. Este foi o caso da nossa República?
Esse conceito de revolução é discutível. Acho que a gente nunca teve nenhuma revolução no Brasil, se tomar esses critérios. A Independência e a República, assim como a Revolução de 1930, foram movimentos de grupos restritos. O que o Brasil tem muito na sua história é golpe de Estado. Mas a gente pode dizer também que a campanha das Diretas Já, trinta anos atrás, foi uma revolução que pôs fim ao regime militar, provocou uma ruptura drástica e contou com o povo na rua. Acho que foi uma segunda Proclamação da República, uma revolução pacífica, a partir da qual estamos vivendo trinta anos ininterruptos de democracia.

Sobre as amizades de Dom Pedro II: o texto na contracapa de 1889 diz que ele e o marechal Deodoro da Fonseca eram amigos. Eles eram próximos, mesmo?
Não chegavam a ser íntimos, mas havia uma admiração. Deodoro disse que gostaria de carregar as alças do caixão do imperador. Ele se considerava realmente um súdito do imperador, o que torna a atitude do marechal, no dia 15 de novembro de 1889, ainda mais estranha. Um ano antes, ele escrevia cartas para o sobrinho Clodoaldo, no Rio Grande do Sul, dizendo que República e desgraça eram a mesma coisa. Ele era claramente um monarquista. Mas era também um homem vaidoso e magoado. Um copo de mágoa transbordado. Ele se considerava desprestigiado pelo governo imperial, achava que o Exército era desconsiderado nos seus méritos. Acaba dando o golpe republicano mais por mágoa pessoal que por convicção política.

Entre as mágoas pessoais do marechal, está a rivalidade com o fazendeiro gaúcho Gaspar da Silveira Martins, para quem ele havia perdido a baronesa do Triunfo.
É, tem uma história de alcova que ajuda a explicar a decisão do Deodoro na madrugada de 16 de novembro. Porque ele havia destituído o ministério do visconde de Ouro Preto, mas não havia proclamado a República até ali, até saber que Dom Pedro II havia escolhido Silveira Martins para chefiar um novo ministério.

A maçonaria teve papel importante em 1822 e 1889. O senhor sabe dizer se ela ainda é relevante hoje na política nacional?
Não é. Hoje existem cerca de 150 000 maçons no Brasil, eles estão profundamente divididos e já não têm nem sombra do papel político que desempenharam no passado. Quando havia de fato uma razão para isso. Na época da Independência, não existiam partidos políticos capazes de organizar, de canalizar o debate a respeito das coisas que precisavam ser decididos naquele momento. E isso acontecia nas lojas maçônicas. A maçonaria, tanto como a Igreja Católica, funcionou como um proto-partido. Na proclamação da República, a maçonaria esteve presente, mas já não tinha a importância que possuía na Independência. Ela vai aos poucos cedendo lugar a outras instituições.
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