O tema da desmilitarização da polícia voltou ao debate no Brasil,
após diversos episódios recentes de violência policial contra
manifestantes e o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, na
favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Na Câmara Federal, uma nova PEC (Proposta de Emenda Constitucional)
sobre o tema foi apresentada aos parlamentares. Mas tanto ativistas
quanto lideranças políticas ainda não conseguiram chegar a um consenso
sobre a pergunta: é possível acabar com a militarização da polícia?
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Atualmente, o Brasil tem dois tipos de polícia. A militar é
responsável pela repressão direta aos crimes e pelo patrulhamento
ostensivo. A civil é a polícia judiciária, que exerce o papel da
investigação e leva os casos ao poder Judiciário.
Qualquer alteração nessa estrutura necessita de uma mudança
constitucional. “A existência das polícias militares estaduais está
expressamente prevista no artigo 144 da Constituição. Assim, somente uma
emenda poderia alterar tal previsão”, diz Valmir Pontes Filho,
presidente da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da Ordem dos
Advogados do Brasil.
A principal crítica de ativistas e políticos que pedem a
desmilitarização é a cultura e a hierarquia às quais os militares são
submetidos tanto em seu treinamento como no dia a dia.
“Os militares são preparados para defender o país. É uma metodologia
diferente da necessária para lidar com o povo brasileiro”, afirma o
deputado Chico Lopes (PC do B), que elaborou há cerca de um mês a mais
recente PEC sobre o assunto na Câmara.
“Alguns policiais militares tratam as pessoas como se fossem
inimigas. A polícia tem que ter um papel social, mais humanizada e mais
cidadã.”
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