A CIA (agência de inteligência americana) admitiu formalmente que esteve por trás do golpe de Estado contra o primeiro-ministro iraniano, Mohammad Mosaddeq, em 1953, segundo documentos divulgados neste domingo (18) pelo Arquivo de Segurança Nacional.
Embora sempre se soube da envolvimento dos Estados Unidos e do Reino Unido na deposição de Mosaddeq, esta é a primeira vez que a CIA "admite formalmente que ajudou a planejar e executar o golpe", indicou o Arquivo de Segurança Nacional, um centro de pesquisa sem fins lucrativos vinculado à Universidade de George Washington.
                                H. Truman, apontado o mapa do Irã, em 1952 
 
No passado, agentes da CIA tinham assegurado que a maioria dos documentos relacionados com o golpe de 1953, em plena Guerra Fria e após a nacionalização da indústria petrolífera iraniana, tinham desaparecido ou foram destruídos na década de 1960.

Mas os pesquisadores do Arquivo de Segurança Nacional conseguiram acesso a documentos recentemente desclassificados pela CIA e que incluem vários escritos de propaganda preparados pela agência de espionagem para tentar fazer uma má imagem de Mosaddeq, informou em comunicado.

Segundo o Arquivo, um dos documentos, intitulado "Serviço de espiões de Mosadeq", acusava o primeiro-ministro iraniano de "pretender ser o salvador do Irã" mas que, por outro lado, este iniciou um vasto aparelho de espionagem contra praticamente todos os setores da sociedade, incluindo o Exército, os jornais e líderes políticos e religiosos.

O Arquivo elogiou a decisão da CIA de desclassificar os documentos, mas argumentou que esse material podiam ter sido desclassificado de forma segura "há muitos anos sem o risco de prejudicar a segurança nacional".


A publicação dos documentos aconteceu na véspera do 60º aniversário da destituição de Mosaddeq, e a referência explícita ao papel da CIA figura em um documento intitulado "A batalha pelo Irã", que data de meados da década de 1970.
Em 1981, a CIA já tinha divulgado uma versão dos eventos em resposta a um pedido da União de Liberdades Civis dos EUA, mas o documento tinha omitido todas as referências à "TPAJAX", como era conhecida a operação secreta liderada pelos EUA, disse o Arquivo.

Embora os documentos joguem luz sobre as operações de inteligência da CIA antes e depois da operação encoberta, alguns pormenores sobre quem planejou e realizou o golpe de 1953, e quem o apoiou dentro do país continuam causando disputas, segundo os pesquisadores.

Do UOL