Em setembro, a televisão chinesa apresentou uma reportagem sobre a visita do presidente do Conselho Militar Central, Xi Jinping, ao porta-aviões Liaoning. Pela primeira vez foram mostradas imagens do caça embarcado J-15, pintado de cores da aviação da Marinha do Exército de Libertação Popular da China. Por conseguinte, especialistas já podem avaliar as perspectivas de operação do novo avião de combate.

Os caças anteriormente testados no navio foram pintados de amarelo, cor usada por fabricantes no processo de produçao e ensaios, e perteneciam, pelo visto, à usina produtora, a Corporação de Indústria Aeronáutica de Shenyang. O contra-almirante Yin Zhuo, renomado especialista chinês em assuntos da marinha de guerra, referiu em uma entrevista televisionada que o novo acabamento de pintura testemunha que o caça já finalizara os ensaios e entrou em produção em massa.
A marinha chinesa não fez nenhuma declaração oficiais a propósito deste tema. Os militares, pode-se presumir, esperam que seja formada uma primeira esquadrilha destes aviões para os apresentar de maneira mais vistosa e impactante.
É evidente que desde o momento de formação da primeira esquadrilha até ao momento de esta atingir uma prontidão combativa primária deve passar certo tempo. As primeiras decolagens e aterrissagens do J-15 no porta-aviões foram realizadas só em novembro de 2012. Antes disso, o caça decolava e pousava num simulacro em terra. Os primeiros voos carregando armamentos ainda estão pela frente. O sistema de decolagem sem catapulta, utilizado no Liaoning, tem limitações em termos de peso de decolagem dos aviões, complicando a decolagem com mísseis carregados.
Os treinamentos de operação combativa dos aviões embarcados poderão ser iniciados só após estes terem realizado certo número de voos. Não há dúvida que tanto a modernização do Liaoning como a posta em produção do J-15 são os êxitos muito grandes e importantes da indústria militar chinesa. No entanto, é necessário bastante tempo para estes êxitos se transformarem em novas capacidades de combate.

A preparação de pilotos de caças embarcados será, provavelmente, um dos desafios prioritários. Ao longo dos próximos anos, a marinha chinesa irá precisar de dezenas de novos pilotos para aviões embarcados. Isso porque presentemente está sendo construído um novo porta-aviões, o qual, ao contrário do Liaoning, terá de realizar missões de combate reais.
Uma vantagem importante do programa chinês de aviação naval em comparação com o programa russo consiste no fato de o J-15 logo desde o início ter sido desenvolvido em duas modificações: monolugar e bilugar, destinada tanto a voos de combate como de treino. A versão bilugar do Su-33 não foi posta em produção. A Rússia obteve seu próprio jato naval bilugar, o MiG-29KUB, apenas há pouco tempo. A disponibilidade do jato bilugar permitirá acelerar substancialmente o processo de preparação de pilotos.
Em geral, pode-se constatar que o processo de criação da aviação naval chinesa está se desenvolvendo com êxito e sem grandes falhas notórias. Ao entrar em serviço nas tropas, o equipamento conceitualmente novo e de extrema complexidade gera inevitavelmente dificuldades e, às vezes, inclusive fracassos, mas os problemas serão superados no decorrer de alguns anos. Já no final da década, a China operará uma frota de caças navais bastante importante em termos quantitativos.
Mas na altura surgirá o problema de otimização e aperfeiçoamento do tipo de aviões operados. Os Su-33 russos, provavelmente, já receberão baixa do exército, e os J-15 chineses serão os maiores jatos navais de grande porte no mundo. A Rússia acaba de pôr em produção um novo tipo de caças embarcados, desenvolvido sobre a plataforma MiG-29. Para além da autonomia alargada e baixa observabilidade para radares, os jatos MiG-29K/KUB estão equipados com aviônicos radicalmente modernizados, potentes radares e armamentos mais modernos. Com isso, eles são de menor tamanho e mais leves do que o J-15/Su-33. A plataforma J-15 irá obsoletar, enquanto o tamanho grande impedirá o novo porta-aviões chinês de levar um maior número de aviões.
No futuro, a China calcula, provavelmente, operar em porta-aviões os jatos J-31 de quinta geração. Contudo, tomando em conta a experiência mundial de criação de veículos aéreos desse tipo, é impossível dizer quando eles irão entrar em serviço ativo nem inclusive afirmar que o projeto terá sucesso. Por isso, o desafio primordial da aviação naval chinesa iria consistir em criação de novas versões do J-15, radicalmente modernizados, com armamentos reforçados e de maior alcance.